02 março 2008

Cábula


É do caraças vê-lo e reclinar-me logo nele após a imprescindível respiração boca a boca como se ele fosse um mero sofá para descansar. E até podia seguir a marinha se não se desse o caso de tal comportamento também me provocar sonolência, adormecida nos seus balanços de cobertor eléctrico, comprazida no relaxante toque da pele mesmo quando são apenas os dedos a esfregarem-se uns nos outros na simulação de uma orgia e isso tudo junto não me impedisse de ficar ali a submergir nas suas constantes palavras de que sei a melodia e suponho sejam apropriadas declarações de amor.

Como se costuma dizer que para grandes males, grandes remédios, redigi uma cábula para lhe recitar mesmo que esteja menos acordada do que envolta em pensamentos lascivos feitos à base do seu corpinho e amalgamados com as recordações do que o distingue no meu cérebro em relação aos outros gajos. Em pouco mais de meia dúzia de linhas:

Nunca me chames mori como se eu fosse um diminuitivo para as emoções no recato das convenções aceites socialmente nem pronuncies aquela piroseira do amo-te à laia de pontuação que o amor não se virgula, vive-se.
O amor é um intestino que comunica uma necessidade e se me queres fazer vibrar diz-me que te provoco uma compulsiva vontade de fazer merda. Ou diz-me que sou o teu vício fumado até ao filtro.
E livra-te de me dizeres que és meu e eu sou tua que caramba, não estamos nisto para nos roubar um ao outro, pois não?...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia