17 dezembro 2008

Placebo de intimidade


Apesar da tropa feita julgo que abusei nas vezes que o fiz encher. Começou-se a queixar das costas e até da pilinha. Valha a verdade que a cabecita ficava vermelha que nem um tomate, um tomate mesmo daqueles que se usam na salada e em qualquer guisado que se preze que os outros tinham aquele tradicional tom de pele mais arroxeada que a restante. Ele insistia que deixasse para lá e suponho mesmo que o intimidava quando me deitava entre as suas pernas e naquela proximidade lhe examinava o dito cujo, vira para cá, vira para lá, como quem analisa um reagente num tubo de ensaio tanto que acabava a cobri-lo com as mãos como se fossem um garruço.

Tive de conter o riso quando depois de ir ao médico me contou cabisbaixo que após tantos anos tinha de ir à faca fazer uma circuncisão. Pareceu-me cruel perguntar-lhe o que é que não tinha feito na adolescência e nos anos seguintes para nunca ter dado conta e resolvi antes incentivá-lo com as vantagens do tunning da ferramenta como quem coloca um motor novo no carro que tem há anos.

Estoicamente resistiu depois com o seu faraó enfaixado e receoso de nunca mais abandonar o estado de múmia invocando uma qualquer maldição para me impedir de o acompanhar à mudança de penso apesar dos meus insistentes rogos por me estar a coarctar a oportunidade única de ver um penso ensanguentado num sexo de homem e só me permitiu voltar a ver o meu pequenino finda a fase de pousio para a primeira rodagem.

Talvez tudo continuasse pacatamente como um placebo se eu não tivesse tido a ideia peregrina de numa noite ir ter com ele à casa de banho e encontrá-lo a mergulhar as duas placas numa pouca de água com um comprimido efervescente perante o seu olhar arrepiado por me desnudar a sua cara subitamente envelhecida sem os dentes. Nunca mais me conseguiu encarar.

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