30 novembro 2013
«Mulheres fodilhonas» - João
"Por intermédio de um conhecido, cheguei à leitura de um artigo sobre um livro em que se afirma que as mulheres gostam tanto de sexo quanto os homens, e que, em rigor, gostam muito de foder. Não vejo aí nada de espectacular, nada que deva admirar um homem (que se considere) bem informado. O que esse texto me fez pensar, e merecer esta breve nota, é que os homens continuam assustados com as mulheres que gostam de foder. A mulher não tem sequer período refractário, pode foder até ficar dorida, até ficar em carne viva. Não precisa parar entre orgasmos. E creio que isso nos assusta. A nossa sociedade desenvolveu-se sobre uma mulher sexualmente amorfa, cujo desejo é limitado e orientado apenas para o companheiro. A mulher em que fomos ensinados a acreditar não tem fantasias, não tem desejos descontrolados de se vir como se não houvesse amanhã. Isso é obviamente mentira. Se somos feitos da mesma matéria, diferenças óbvias à parte, se nós gostamos de foder, as mulheres também.
Talvez o homem se assuste com a mulher fodilhona porque, sem período refractário e capaz de foder até não poder mais, pode saltar não de nenúfar em nenúfar mas sim de pénis em pénis. Temos medo de ficar para trás. No fundinho da nossa mente está o receio de não ter pedalada, de não ter pénis que chegue para manter feliz a fêmea que nos fode. Ora, homens, não é isso. Temos de ter muito mais trabalho, sim. Mas isso não se mede no tamanho do pénis, na grossura, ou nas horas consecutivas durante as quais conseguimos manter uma erecção firme. Acredito muito (mas muito) que é mais importante fugir ao eterno frango assado – nada de mal nele, mas não sempre! -, aceitar que o desejo não tem hora nem local certos, que há muito sítio para foder, muita loucura para viver, e que isso exige libertar o cérebro. O corpo vai atrás. O momento em que não temos medo de uma mulher que quer foder, é o momento em que fodemos à altura dela."
João
Geografia das Curvas
Talvez o homem se assuste com a mulher fodilhona porque, sem período refractário e capaz de foder até não poder mais, pode saltar não de nenúfar em nenúfar mas sim de pénis em pénis. Temos medo de ficar para trás. No fundinho da nossa mente está o receio de não ter pedalada, de não ter pénis que chegue para manter feliz a fêmea que nos fode. Ora, homens, não é isso. Temos de ter muito mais trabalho, sim. Mas isso não se mede no tamanho do pénis, na grossura, ou nas horas consecutivas durante as quais conseguimos manter uma erecção firme. Acredito muito (mas muito) que é mais importante fugir ao eterno frango assado – nada de mal nele, mas não sempre! -, aceitar que o desejo não tem hora nem local certos, que há muito sítio para foder, muita loucura para viver, e que isso exige libertar o cérebro. O corpo vai atrás. O momento em que não temos medo de uma mulher que quer foder, é o momento em que fodemos à altura dela."
João
Geografia das Curvas
29 novembro 2013
Postalinho eroticamente edificante dos Emiratos Árabes Unidos
"Aqui vai a Torre Exhibition Center em Abu Dhabi, capital dos Emiratos Árabes Unidos.
Abraço do"
Alfredo Moreirinhas
Abraço do"
Alfredo Moreirinhas
28 novembro 2013
Duas estatuetas eróticas da Índia
Estatuetas em madeira com dois casalinhos que... se amam... e vieram da Índia para a minha colecção.
O primeiro casal, com a senhora a pôr o dedo na língua:
O segundo casal, numa posição acrobática (para não dizer impossível):
O primeiro casal, com a senhora a pôr o dedo na língua:
O segundo casal, numa posição acrobática (para não dizer impossível):
Saiu o nº 3 da «Erotika», revista online gratuita
Se não conheces a revista online Erotika, recomendo. E é de acesso gratuito, o que é extremamente "erótiko".
Na página 75 da edição mais fresquinha (ou melhor, quentinha) há até algo que nos parece familiar...
... e é mesmo! São excertos de «Decalcomania», um dos muitos textos deliciosos que a Maria Árvore publica no nosso blog quase desde o seu início (na revista indicam como autora do texto São Rosas mas já levaram tau tau):
Entretanto, tal como já aconteceu com a nossa página no Facebook, também eles já tiveram uma página bloqueada e agora criaram esta nova página da revista «Erotika». Nada erótico... mas enfim... faz parte da luta...
Na página 75 da edição mais fresquinha (ou melhor, quentinha) há até algo que nos parece familiar...
... e é mesmo! São excertos de «Decalcomania», um dos muitos textos deliciosos que a Maria Árvore publica no nosso blog quase desde o seu início (na revista indicam como autora do texto São Rosas mas já levaram tau tau):
Entretanto, tal como já aconteceu com a nossa página no Facebook, também eles já tiveram uma página bloqueada e agora criaram esta nova página da revista «Erotika». Nada erótico... mas enfim... faz parte da luta...
27 novembro 2013
«Apeteces-me» - João
"Apetece-me o silêncio. Apetece-me não ser visto. Apetece-me um espaço calmo onde possa estar enrolado numa toalha de banho, húmida, enrolada em mim. Apetece-me sentir mãos no corpo. Apetece-me sentir cócegas, carícias, carinhos. Apetece-me sentir mimo. Um beijinho na cara, mãos na face, ou no cabelo. Eu sei que é pouco. Mas ainda o tenho. Apetece-me que te enroles numa toalha húmida. Que os pés se toquem. E que, a pouco e pouco, as toalhas se libertem um pouco até que as tuas pernas e as minhas se possam misturar. E só isso. Só assim. Apetece-me dormir. Apetece-me não ter pressa para nada. Poder atirar-me para um sofá sem esperas nem horários, deixar-me embalar. Embalar. Apetece-me afundar o nariz em cabelos, beijos na nuca, mãos nas mãos. Apetece-me brisa. Como a do final da tarde quando o sol é quente o suficiente para não nos deixar tremer, mas fresco quanto baste para não se derreter. Apetece-me a moleza do corpo, depois de caminhar ou correr. Apetece-me dormir colado, com a pele na pele, e acordar com a luz do novo dia a entrar na janela."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
O 19º Encontra-a-Funda aí está!
Os «Penicos de Prata» vêm-se a Coimbra na próxima 6ª feira, dia 29, apresentar o seu livro/CD no Salão Brazil, às 22h30 (bilhetes: €5).
E é um excelente pretexto para fazer o 19º Encontra-a-Funda, que tem a particularidade irrepetível de comemorar também os 10 anos do blog «a funda São».
Eu sei, eu sei, estou a informar muito em cima da hora... mas tenho tido muito trabalhinho com o cadastro da colecção... e só soube disto agora.
E é um excelente pretexto para fazer o 19º Encontra-a-Funda, que tem a particularidade irrepetível de comemorar também os 10 anos do blog «a funda São».
Eu sei, eu sei, estou a informar muito em cima da hora... mas tenho tido muito trabalhinho com o cadastro da colecção... e só soube disto agora.
Um cogumelo que se pode comer mas só com os olhos
Há cogumelos, como este provável Cortinarius traganus, que têm uma certa piada quando admirados de um ponto de vista diferente. "E come-se?" perguntam vocês. A resposta é não, já que pode dar chatices. O melhor mesmo é comê-lo só com os olhos.
«conversa 2032» - bagaço amarelo
Eu - Porquê?
Ela - O meu marido não faz mais nada senão limpar a porcaria do carro.
Eu - É por ser novo.
Ela - A minha casa tem três quartos e eu limpo-a em metade do tempo que ele gasta com o automóvel, mas ele em casa não limpa nada. Já o avisei que um dia destes vai dormir para o banco de trás do seu querido Renault...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Estou sempre molhadinha de tantos mimos que recebo
Cartaz do 5º Encontra-a-Funda, realizado no Porto em 2006 |
A colecção de arte erótica «a funda São» nunca foi só de objectos. É também uma base de descoberta, partilha, convívio e Amizade.
Estou sempre a receber miminhos, como este do Pedro Laranjeira, companheiro quase desde o início do blog «a funda São».
"Aqui lhes ofereço uma recordação já antiga, de um Sarau a que chamaram «5º Encontro», desse grupo maravilhoso que dá pelo título de «a Funda São»... dediquei-lhes, então, esta música:"
26 novembro 2013
A FODA COMO ELA É (VI) - Roliças delícias
Não existe inimigo mais terrível da felicidade que as modas. Milhões vivem subtraídos a incontáveis possibilidades de delícia amorosa, subjugados pelas tirânicas tendências publicitárias, passando fome, solidão, entregues a degradantes paranóias. E assim se enche o planeta de gente infeliz e muito mal fodida.
Não foi o caso de um companheiro esclarecido e feroz combatente dos preconceitos sociais, especialmente em matérias de alcova. Suspeitava existirem alegrias em potência escondidas entre as roscas das gordinhas; ânsia entusiasmada que não escondia dos amigos em sessões de copos. Um dia aconteceu: enrolou-se com uma mulher obesa. Não se tratava de uma senhora forte, larga de ossos, nem rechonchuda - era gorda pata-negra, daquelas que requerem licença profissional de maquinaria industrial pesada. A sua experiência foi esclarecedora, quase religiosa.
Mal se viu rodeado de viandas macias, complacentes com a carícia, e sentindo-se um espeleólogo do refustedo, abandonou-se à irresistível exploração das virtudes sexuais daquelas enxúndias cavernosas. Descreveu-me o certame como "sexo em grupo unipessoal". Despontavam novas vaginas em refegos por trás dos joelhos, suaves punhetas ofereciam-se nas pregas que ornavam as esquinas dos sovacos, renovadas espanholadas debulhavam-se nos múltiplos papos queixosos à disposição. Ao fim da semana inteira que durou este recreio, o rapaz viu a luz do dia ao fundo de uma dobra numa nalga, seguiu o foco luminoso e saiu para o exterior. Encarou com a sua musa roliça e ambos se declararam felizes e apaixonados.
Mal se viu rodeado de viandas macias, complacentes com a carícia, e sentindo-se um espeleólogo do refustedo, abandonou-se à irresistível exploração das virtudes sexuais daquelas enxúndias cavernosas. Descreveu-me o certame como "sexo em grupo unipessoal". Despontavam novas vaginas em refegos por trás dos joelhos, suaves punhetas ofereciam-se nas pregas que ornavam as esquinas dos sovacos, renovadas espanholadas debulhavam-se nos múltiplos papos queixosos à disposição. Ao fim da semana inteira que durou este recreio, o rapaz viu a luz do dia ao fundo de uma dobra numa nalga, seguiu o foco luminoso e saiu para o exterior. Encarou com a sua musa roliça e ambos se declararam felizes e apaixonados.
«Amor» - Susana Duarte
a mulher desnuda a alma luzente,
semeadora de luzes
onde a luz poente
se detém... abismo
de onde se levantam as luzes do ventre,
e se vislumbram transparências
na lucidez
das águas; nela, crescem e se afundam mágoas,
e as esguias margens de um rio.
a mulher desnuda-se nos braços amados,
plantadores de sementes
onde as névoas se dissipam
e as quedas acontecem no seio dos abraços
devolutos à sua eterna condição
de Ser em outrém,
na bravura das ondas que são corpos,
movimentos sincopados
de um oceano vivo
dentro dos olhos,
ágape dos cristalinos,
melopeia coralina
das imagens dos amantes.
amar acontece no espaço do corpo
onde tempo e distância se tornam
universo inexistente.
primavera de giestas vivas
onde a lava incandescente
são folhadas caídas da pele,
escamas vivas de sermos Um,
na imensa amálgama do universo.
Susana Duarte
Foto: Susana Duarte, Bairro Alto, Lisboa
Blog Terra de Encanto
semeadora de luzes
onde a luz poente
se detém... abismo
de onde se levantam as luzes do ventre,
e se vislumbram transparências
na lucidez
das águas; nela, crescem e se afundam mágoas,
e as esguias margens de um rio.
a mulher desnuda-se nos braços amados,
plantadores de sementes
onde as névoas se dissipam
e as quedas acontecem no seio dos abraços
devolutos à sua eterna condição
de Ser em outrém,
na bravura das ondas que são corpos,
movimentos sincopados
de um oceano vivo
dentro dos olhos,
ágape dos cristalinos,
melopeia coralina
das imagens dos amantes.
amar acontece no espaço do corpo
onde tempo e distância se tornam
universo inexistente.
primavera de giestas vivas
onde a lava incandescente
são folhadas caídas da pele,
escamas vivas de sermos Um,
na imensa amálgama do universo.
Susana Duarte
Foto: Susana Duarte, Bairro Alto, Lisboa
Blog Terra de Encanto
«Penicos de Prata» - livro/CD de música e poesia erótica satírica portuguesa
Que maravilha!
Já conhecia este grupo «Penicos de Prata» - um quarteto de cordas formado por guitarra, ukelele, contrabaixo e violoncelo - há algum tempo e gosto muito da abordagem que fazem à poesia erótica e satírica portuguesa.
Agora, André Louro, Catarina Santana, Eduardo Jordão e João Paes publicaram este livro/CD em que interpretam poemas de Adília Lopes, Ana Abel-Paúl, António Botto, António Maria Eusébio (o Calafate), Carlos Queiroz, Ernesto Manuel de Melo e Castro Fernando Pessoa; Francisco Eugénio dos Santos Tavares, João Vicente Pimentel Maldonado, José Anselmo Correia Henriques e Liberto Cruz. O livro tem ilustrações muito curiosas de diversos autores.
O livro/CD já faz parte da minha colecção. E espero, um dia destes, poder proporcionar à malta d'a funda São (eu incluída, claro) a oportunidade de assistirmos a um espectáculo ao vivo dos «Penicos de Prata». Para já, comprem o livro/CD e deliciem-se, que vale bem a pena.
Tomem umas amostras grátis (mas recomendo o CD, que tem uma excelente qualidade de gravação):
Já conhecia este grupo «Penicos de Prata» - um quarteto de cordas formado por guitarra, ukelele, contrabaixo e violoncelo - há algum tempo e gosto muito da abordagem que fazem à poesia erótica e satírica portuguesa.
Agora, André Louro, Catarina Santana, Eduardo Jordão e João Paes publicaram este livro/CD em que interpretam poemas de Adília Lopes, Ana Abel-Paúl, António Botto, António Maria Eusébio (o Calafate), Carlos Queiroz, Ernesto Manuel de Melo e Castro Fernando Pessoa; Francisco Eugénio dos Santos Tavares, João Vicente Pimentel Maldonado, José Anselmo Correia Henriques e Liberto Cruz. O livro tem ilustrações muito curiosas de diversos autores.
O livro/CD já faz parte da minha colecção. E espero, um dia destes, poder proporcionar à malta d'a funda São (eu incluída, claro) a oportunidade de assistirmos a um espectáculo ao vivo dos «Penicos de Prata». Para já, comprem o livro/CD e deliciem-se, que vale bem a pena.
Tomem umas amostras grátis (mas recomendo o CD, que tem uma excelente qualidade de gravação):
25 novembro 2013
Uma frase que eu gostaria que tivesse sido minha
"Metade
do
sexo
é o
sonho."
Sasha Grey, «Juliette Society»
(pág. 223 da 1ª edição portuguesa - Divina Comédia, 2013)
«conversa 2031» - bagaço amarelo
Eu - Demasiado?!
Ela - Sim. Precisava que ele gostasse menos de mim, que era para eu conseguir gostar mais um bocadinho dele...
Eu - Confundes-me totalmente.
Ela - Isso é porque não percebes nada de desafio.
Eu - Que desafio?
Ela - Desafio, pá. Se um gajo não nos desafia em nada, perde o interesse.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «As Mil e Uma Noites»
A primeira página de grandes obras da literatura.
As histórias que compõem as Mil e uma noites tem várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe. Não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos. O que é invariável nas distintas versões é que os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, louco por haver sido traído por sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites – as mil e uma do título – ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.
(Wikipédia)
Conta-se — mas Alá é mais sábio e justo, mais poderoso e bom — que, quando decorria a antiguidade do tempo e o passado da idade e do momento, havia nas ilhas da índia e da China, um rei dos reis de Sássan. Era senhor de muitos exércitos, ministros, servidores, e numeroso séquito. Tinha dois filhos, um mais velho e outro mais novo. Eram ambos heróicos cavaleiros; mas o mais velho era mais valoroso que o mais novo. Reinou este mais velho naqueles países, governando os homens com justiça; por isso os habitantes daquele país e reino o estimavam. E o nome dele era rei Schahriar. Quanto a seu irmão mais novo, o seu nome era rei Schahzaman e reinava em Samarcanda.
Mantendo-se este dito estado de coisas, ambos residiam em seus países; e, cada um em seu reino, foram os dois justos governantes de suas greis pelo espaço de vinte anos. E ambos o foram até ao limite do mais dilatado desenvolvimento.
E deste jeito se mantiveram ambos até ao dia em que o mais velho desejou ardentemente visitar o irmão mais novo. Ordenou então ao vizir que se pusesse a caminho e ali lhe trouxesse seu irmão. Ao que lhe respondeu o vizir: «Escuto e obedeço!»
E assim partiu, e com a graça de Alá, chegou em bem: entrou em casa do outro irmão e saudou-o com o saiam. Informou-o de que o rei Schahriar desejava ardentemente vê-lo e que o fim daquela sua viagem tinha como finalidade convidá-lo a visitar seu irmão mais velho. Tendo o rei Schahzaman respondido: «Escuto e obedeço!» Ordenou os preparativos da viagem, mandando que se aprontassem tendas, camelos, machos, servidores e ministros. Elevou depois o seu próprio vizir a governante do país e partiu em demanda das terras do irmão.
Mas ia a noite em meio, lembrou-se de uma coisa que no palácio lhe ficara esquecida e que vinha a ser o presente que destinava a seu irmão. E, voltando atrás, entrou no palácio. E achou a esposa deitada em sua cama, muito abraçada a um preto retinto, seu escravo.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
As histórias que compõem as Mil e uma noites tem várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe. Não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos. O que é invariável nas distintas versões é que os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, louco por haver sido traído por sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites – as mil e uma do título – ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.
(Wikipédia)
Conta-se — mas Alá é mais sábio e justo, mais poderoso e bom — que, quando decorria a antiguidade do tempo e o passado da idade e do momento, havia nas ilhas da índia e da China, um rei dos reis de Sássan. Era senhor de muitos exércitos, ministros, servidores, e numeroso séquito. Tinha dois filhos, um mais velho e outro mais novo. Eram ambos heróicos cavaleiros; mas o mais velho era mais valoroso que o mais novo. Reinou este mais velho naqueles países, governando os homens com justiça; por isso os habitantes daquele país e reino o estimavam. E o nome dele era rei Schahriar. Quanto a seu irmão mais novo, o seu nome era rei Schahzaman e reinava em Samarcanda.
Mantendo-se este dito estado de coisas, ambos residiam em seus países; e, cada um em seu reino, foram os dois justos governantes de suas greis pelo espaço de vinte anos. E ambos o foram até ao limite do mais dilatado desenvolvimento.
E deste jeito se mantiveram ambos até ao dia em que o mais velho desejou ardentemente visitar o irmão mais novo. Ordenou então ao vizir que se pusesse a caminho e ali lhe trouxesse seu irmão. Ao que lhe respondeu o vizir: «Escuto e obedeço!»
E assim partiu, e com a graça de Alá, chegou em bem: entrou em casa do outro irmão e saudou-o com o saiam. Informou-o de que o rei Schahriar desejava ardentemente vê-lo e que o fim daquela sua viagem tinha como finalidade convidá-lo a visitar seu irmão mais velho. Tendo o rei Schahzaman respondido: «Escuto e obedeço!» Ordenou os preparativos da viagem, mandando que se aprontassem tendas, camelos, machos, servidores e ministros. Elevou depois o seu próprio vizir a governante do país e partiu em demanda das terras do irmão.
Mas ia a noite em meio, lembrou-se de uma coisa que no palácio lhe ficara esquecida e que vinha a ser o presente que destinava a seu irmão. E, voltando atrás, entrou no palácio. E achou a esposa deitada em sua cama, muito abraçada a um preto retinto, seu escravo.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
24 novembro 2013
«The Ball» (a bola) - um filme de Orlando Mesquita (Moçambique)
Como os preservativos podem ser usados de forma alternativa a... fazer balões ou enchê-los de água...
Soluções magnéticas
Deixei-o abrir-me a porta do carro. Foi o primeiro erro. A seguir, aceitei flores que até parecia uma menina educadinha a receber os galanteios de um cavalheiro como no tempo dos meus bisavós.
Estava a vender gato por lebre e porém ainda consegui piorar a má fortuna quando admiti que ele me despisse como quem desembrulha uma relíquia sagrada, sem me mexer um milímetro que fosse e como se ainda não bastasse, em atenção à sua esmerada educação de fornada pasteleira - a dos colégios para meninos queques e copos de leite,claro - nem uma asneirita proferi enquanto os nossos corpos se enroscavam como peças de roupa no tambor de uma máquina de lavar, numa esfrega constante mas apenas com ruído na torcidela final.
A sedução leva-nos pelo caminhos ínvios de não manifestar totalmente a nossa imagem de marca adornando-a com ofertas que aparentam fidelizar o potencial consumidor só que o meu feitio cigano de calcorrear cada dia ardentemente já estrebuchava e atirei fora os paninhos quentes para confessar que estava fodida porque me bastava o tempo profissional para fingir ser quem não era como uma puta e c'um caralho, nas relações pessoais sempre me comportara como um frigorífico: ou o outro sentia uma necessidade magnética de se colar a mim ou caía de vez.
Estava a vender gato por lebre e porém ainda consegui piorar a má fortuna quando admiti que ele me despisse como quem desembrulha uma relíquia sagrada, sem me mexer um milímetro que fosse e como se ainda não bastasse, em atenção à sua esmerada educação de fornada pasteleira - a dos colégios para meninos queques e copos de leite,claro - nem uma asneirita proferi enquanto os nossos corpos se enroscavam como peças de roupa no tambor de uma máquina de lavar, numa esfrega constante mas apenas com ruído na torcidela final.
A sedução leva-nos pelo caminhos ínvios de não manifestar totalmente a nossa imagem de marca adornando-a com ofertas que aparentam fidelizar o potencial consumidor só que o meu feitio cigano de calcorrear cada dia ardentemente já estrebuchava e atirei fora os paninhos quentes para confessar que estava fodida porque me bastava o tempo profissional para fingir ser quem não era como uma puta e c'um caralho, nas relações pessoais sempre me comportara como um frigorífico: ou o outro sentia uma necessidade magnética de se colar a mim ou caía de vez.
23 novembro 2013
«Sentimento de Urgência» - João
"Lembro-me de ter, talvez, uns seis ou sete anos e ver nas telenovelas, na televisão, os beijos na boca – supõe-se que com língua – e pensar para mim que tardava o momento de também eu beijar assim (hoje sei que não desenvolvi da melhor forma esse talento, mas cada um especializa-se numas coisas em detrimento de outras, e o que não faço sentir no beijo, faço sentir em algo diferente). Recordo-me, também, de ser já adolescente e querer, muito, ter relações sexuais. Viria a tê-las numa idade que muitos considerarão tardia, o que fez com que durante alguns anos me sentisse, posso dizê-lo, desesperado. Mas elas vieram, e quando vieram não senti ter perdido nada. Ou antes, dito de outra forma, quando finalmente comecei a ter relações sexuais, não senti saudade de algo que não conhecia, e não lamentei as fodas não dadas antes da primeira. Dediquei-me a viver as fodas que tinha, e nada senti pelas que não tive antes. A vida dar-me-ia muitas fodas doravante. E, em abono do que então senti, posso dizer que desde então já muitas vezes me senti fodido.
Recordo palavras da minha mãe que muito me disse que esta juventude (a minha) queria viver tudo muito depressa. Que descobriam tudo muito depressa e não guardavam nada para depois do casamento. Era a maneira que ela tinha de dizer que se os jovens faziam, em solteiros, tudo quanto podiam, fodendo até partir, o casamento já não traria um objectivo novo senão a junção logística e partilha de aborrecimentos (o que em si mesma é uma visão discutível). Pretendia ensinar-me, de algum modo, que para tudo existe um tempo. Não tive esse talento (e já lá vão dois talentos inexistentes, o do beijo e o da espera).
Quando, passando por um corredor de supermercado, dou por mim a pensar neste sentimento de urgência, de tudo viver não agora mas mesmo ontem, não me alheio. Não projecto isto para outros. Os outros têm este sentimento, e eu também. Também eu tenho pressa. Também eu quero tudo a correr. Tenho medos diversos. Notem: tenho medo de morrer antes de; medo de adoecer antes de; medo de perder algo ou alguém antes de; medo de não ter a oportunidade antes de; medo de já não conseguir aproveitar se. É triste (não?) este sentimento de urgência alimentado pelo medo.
Não me atrevo, naturalmente, a negar que há momentos na vida que merecem que algumas coisas aconteçam. A nossa existência tem alguns compartimentos móveis onde mais facilmente se encaixam alguns dos nossos desejos e necessidades. Mas o sentimento de urgência que nos invade é muitas vezes estranho a esses compartimentos. E quase inexplicável. Insano, a espaços. Consome-nos a ideia de não poder ter já tudo quanto sentimos que nos pode trazer bons momentos. Sabor de felicidade.
E no entanto, talvez não precise ser assim. Nas voltas que a vida (nos) dá, não fechando portas com chaves que se atirem ao rio, talvez consigamos transformar os sentimentos de urgência em algo diferente. Levei muitos anos (à dimensão do meu desejo) até conseguir ter algumas coisas. Quando as tive, a espera como que desapareceu. Na minha mente, os dias de busca e desejo ardente esmoreceram, e todo o meu sentir se dedicou ao que efectivamente estava, já, a acontecer. Portugal aguarda D. Sebastião há séculos. Estou certo de que num qualquer dia de nevoeiro, se ele surgir, a nação esquecerá os séculos de espera, e rejubilará. E é assim que, entre um e outro corredor de supermercado, compreendo que numa vida razoavelmente longa, atirando para trás das costas todos os medos, de coisas que não controlamos e por isso não devem petrificar-nos, desde que em algum momento consigamos aquilo a que nos propomos, não é mais tempo, menos tempo, que verdadeiramente nos rouba o sabor que buscamos."
João
Geografia das Curvas
Recordo palavras da minha mãe que muito me disse que esta juventude (a minha) queria viver tudo muito depressa. Que descobriam tudo muito depressa e não guardavam nada para depois do casamento. Era a maneira que ela tinha de dizer que se os jovens faziam, em solteiros, tudo quanto podiam, fodendo até partir, o casamento já não traria um objectivo novo senão a junção logística e partilha de aborrecimentos (o que em si mesma é uma visão discutível). Pretendia ensinar-me, de algum modo, que para tudo existe um tempo. Não tive esse talento (e já lá vão dois talentos inexistentes, o do beijo e o da espera).
Quando, passando por um corredor de supermercado, dou por mim a pensar neste sentimento de urgência, de tudo viver não agora mas mesmo ontem, não me alheio. Não projecto isto para outros. Os outros têm este sentimento, e eu também. Também eu tenho pressa. Também eu quero tudo a correr. Tenho medos diversos. Notem: tenho medo de morrer antes de; medo de adoecer antes de; medo de perder algo ou alguém antes de; medo de não ter a oportunidade antes de; medo de já não conseguir aproveitar se. É triste (não?) este sentimento de urgência alimentado pelo medo.
Não me atrevo, naturalmente, a negar que há momentos na vida que merecem que algumas coisas aconteçam. A nossa existência tem alguns compartimentos móveis onde mais facilmente se encaixam alguns dos nossos desejos e necessidades. Mas o sentimento de urgência que nos invade é muitas vezes estranho a esses compartimentos. E quase inexplicável. Insano, a espaços. Consome-nos a ideia de não poder ter já tudo quanto sentimos que nos pode trazer bons momentos. Sabor de felicidade.
E no entanto, talvez não precise ser assim. Nas voltas que a vida (nos) dá, não fechando portas com chaves que se atirem ao rio, talvez consigamos transformar os sentimentos de urgência em algo diferente. Levei muitos anos (à dimensão do meu desejo) até conseguir ter algumas coisas. Quando as tive, a espera como que desapareceu. Na minha mente, os dias de busca e desejo ardente esmoreceram, e todo o meu sentir se dedicou ao que efectivamente estava, já, a acontecer. Portugal aguarda D. Sebastião há séculos. Estou certo de que num qualquer dia de nevoeiro, se ele surgir, a nação esquecerá os séculos de espera, e rejubilará. E é assim que, entre um e outro corredor de supermercado, compreendo que numa vida razoavelmente longa, atirando para trás das costas todos os medos, de coisas que não controlamos e por isso não devem petrificar-nos, desde que em algum momento consigamos aquilo a que nos propomos, não é mais tempo, menos tempo, que verdadeiramente nos rouba o sabor que buscamos."
João
Geografia das Curvas
22 novembro 2013
«Sim, nós fodemos» - uma página corajosa (ainda por cima no antro da censura, o Facebook!)
(crica na imagem para acederes à página no Facebook)
A página «Sim, nós fodemos» foi criada em 6 de Novembro de 2013 para, como eles próprios explicam, abordar "a sexualidade em pessoas com diversidade funcional, os chamados deficientes. Porque todos são seres sexuais queremos dar o nosso contributo na informação e educação de toda a sociedade portuguesa, nesta temática que tanto se tem negligenciado. A Sexualidade é o motor mais potente de crescimento pessoal, desenvolvimento da própria personalidade e das relações sociais. Como tal devia ser central nos apoios sociais para pessoas com diversidade funcional".
Está ligada à página espanhola «Yes, we fuck», que - oh, admiração! - foi eliminada do Facebook, "según dicen, por incumplir reiteradamente las normas de uso. Según nosotrxs, censura cutre, sin más. Es cierto que no nos gustan sus normas de uso, pero no las hemos incumplido. Recurriremos y a ver qué pasa, pero de momento sólo podréis seguir el trabajo de «Yes, we fuck» en el blog y en Vimeo" (recomendo os videos).
A Noémia Pinto escreveu um texto excelente sobre esta página e este tema: «Um novo espaço de apoio às pessoas portadoras de deficiência».
É uma causa pela qual vale a pena lutar, como tantas outras ao longo dos 10 anos de existência do blog «a funda São».
Força, malta. Que não vos bloqueiem as rodas quando vocês precisam de andar!
Para além de broncos...
... Gajos que atribuem o uso da língua à falta de virilidade não deviam ser ciumentos ou possessivos.
21 novembro 2013
Demonstração de amor
Marinheiro e polícia num gesto de afecto... na minha colecção.
Estatueta com 25 cm de altura reproduzindo um desenho de Tom of Finland.
Estatueta com 25 cm de altura reproduzindo um desenho de Tom of Finland.
«Bocaguiar» - Patife
É RATA (em forma de soneto com nabo)
Logo na primeira queca, precisamente na primeira posição, onde se lê era uma vez..., leia-se finalmente...
Na queca catorze, na posição quatro, onde se lê quarto, leia-se de quatro.
Na queca seguinte, na posição oito e meio, onde se lê por cima de, leia-se no meio de.
Quase na queca trinta, na posição de conforto, onde se lê muita parra, leia-se pouca vulva.
Na queca rasgada, na posição dos astros, onde se lê forca, leia-se à força.
Numa queca inexistente, na posição do imaginário, onde se deveria foder, foda-se mesmo.
Na queca do meio, na posição do equador, onde se pina em paralelo, pine-se em diagonal.
Na queca obscura, nos entrefolhos, onde se lê fode-se, leia-se pode-se.
Na queca solta, numa posição qualquer, onde se lê no chão, leia-se à cão.
Numa queca distante, na posição do pensamento, onde se lê não penso, leia-se mas pino.
Ao virar da queca, na posição do infinito, onde se tem muito que foder, foda-se o muito que se tem.
Na queca em branco, na posição do horizonte, onde não se pina, não se pine.
Numa queca perdida, numa posição ao acaso, onde se fode mesmo assim, foda-se assim mesmo.
A quecas tantas, na posição com que cada um se cose, onde se lê entrevista-se, leia-se entredispa-se.
Na última queca, mesmo na última posição, onde se lê finalmente..., leia-se era uma vez...
Patife
Blog «fode, fode, patife»
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