11 março 2014
a funda são mora na filosofia [V]
Social media managers deste mundo, exmos heads (ou feet) of community fa-nha-nha e afins:
sabeis tão bem quanto eu qual é a palavra da moda. No fundo, até há mais do que uma. Mas aquela que mais tem soado aos meus ouvidos é mesmo "engajamento". O que as empresas pedem aos social manager e heads of community é que criem conteúdos impactantes para provocar o engajamento. Há dias, num daqueles encontros muito contemporâneos-de-agora, de mulheres empreendedoras, lia-se num dos slides "bla bla bla engaging men". Como assim? Queremos ficar noivas dos homens? Então e as pessoas humanas de índole lesbiana?
Parece-nos que o que se pretende é engajar. A palavra não é, de todo, bonita. E se há coisa que soa mal é dizer: «oiça, temos que engajar com o cliente» - sobretudo quando isso prevê a criação dos tais conteúdos impactantes. O que todos queremos, no fundo - e n'a funda - é vender e ter lucro e tal e tal - é isso que as empresas e as marcas procuram com o tal do engajamento. E o desgraçado do social media manager - ou afins - tem que impactar conteúdos que atinjam o potencial cliente "na muje" (como diria o povo). Tudo isto me parece demasiado agressivo, confesso. No final de contas, o engajamento é uma coisa que nos deixa com os olhos negros, tal não é o impacto do conteúdo nas nossas fuças.
O engajamento deixa de ser o engagement, com direito a anel e tudo, com pedido de casamento num sítio romântico (Paris ou Roma, por exemplo), para passar a ser uma cena que envolve interesse, dinheiro e uma estratégia de Lobo Mau: "eu vou-te comer, Capuchinho"!
A minha relação com a palavra piorou no momento em que, numa apresentação oral, um futuro social-media-head-whatever falava dos tais conteúdos estratégicos para as marcas, perdão, brands, e terminava todas as frases com "e coise". E coise? E tal?
Saí da aula capaz de iniciar um movimento pela recuperação da dignidade da palavra engajamento: reduzi-la a um coise impactante parece-me muito... er, como dizer... fonhonhó?