Edição bilingue - francês e português - da editora Guerra & Paz.
A estudar Direito em Paris, com uma reles bolsa paterna, Le Petit deixou-se seduzir pelos meios e convívio libertinos. Uma virulência extrema, que faz dele um príncipe do obsceno, está na poesia de Le Petit. E, não obstante, os seus versos não se podem reduzir ao estrondo dessa obscenidade. Os versos que escreveu são também interrogação, por vezes escarnecida, sobre a condição humana e a permanente mudança do mundo e das coisas. A escrita de Le Petit, saborosamente erudita, informada por uma vasta cultura clássica e por uma muito política atenção à História e ao século, é uma escrita que combina ironia e sarcasmo, por vezes um toque abjeccionista. Claude Le Petit foi queimado vivo no primeiro dia de Setembro de 1662, na Praça de Grève, em Paris, com 23 anos de idade.
Aqui vos deixo um dos poemas deste livro da minha colecção:
ao leitor crítico. Epigrama
Crítico que julgas ser libertino
Em matéria foditiva, tem tino,
Não te espantes, peço,
Por encontrares a foda no começo.
Preferia morrer de raiva
A ter na minha obra – que eu saiba –
Maliciosamente deixado
Algum mau exemplo a seguir,
Se os antepassados pra vida nos fazer vir
Foda sobre foda encaixaram,
Posso bem começar o meu livro
Por onde eles o mundo começaram
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