Num Amor há sempre dois. Aquele que um sente pelo outro e o que o outro sente pelo um. Quando se está apaixonado, pode ter-se a sensação de que o Amor entre duas pessoas está algures no meio delas, como uma força invisível que influencia ambas. Não está. Duas pessoas podem Amar-se muito sem se encontrarem sequer no caminho que as leva ao outro. E ao um, já agora.
A grande causa disto é o nosso próprio umbigo. A maior necessidade que temos é de nos sentirmos especiais e Amados e é por isso que nos damos ao trabalho de considerar outra pessoa especial e Amá-la. Por isso e pelo sexo, já agora.
É claro que todos temos mais ou menos esta percepção mas, por uma questão de conveniência, estamos sempre a esquecer-nos dela. É daí que surgem os primeiros problemas no Amor. Quando um homem diz à sua Amada que precisa de mais tempo com ela, está na verdade a dizer que precisa que ela o Ame mais. E que o assuma, já agora.
Não é grave. No egoísmo e na arte de nos considerarmos dignos da atenção do outro somos todos iguais. É que, ainda assim, o Amor mantém-se como uma escolha única e um milagre cósmico quando acontece. Se é verdade que não optamos apenas por quem queremos Amar, é mais verdade ainda que somos muito exigentes a escolher por quem queremos ser Amados. É a isso que chamamos Amor, já agora.
Eu, já agora, costumo dizer que me custa muito apaixonar-me, mas o que me custa mesmo muito é querer ser Amado por uma qualquer. Neste meu egoísmo enorme, já agora, sou tão igual a vocês que sei que me compreendem.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»