08 junho 2016

«respostas a perguntas inexistentes (340)» - bagaço amarelo

A primeira vez que nos apaixonamos é uma tortura. Somos ainda crianças e passamos a acreditar que aquele é o único e possível Amor da nossa vida. É um Determinismo saloio, mas assustador, porque é muita responsabilidade para tão tenra idade saber que falhando um Amor se vai falhar a vida toda.
É por isso que a segunda vez é tão importante. Com a segunda paixão abrem-se as portas do futuro, pois percebemos que nos podemos apaixonar uma e outra vez até que uma (pelo menos) dê certo. Se me lembro com dor e sofrimento do primeiro Amor que me falhou, lembro-me apenas da tentação no segundo, que por acaso também me falhou.
Os Amores falhados tornam-se então das melhores coisas da vida. Na adolescência, o pior que nos pode acontecer é não falhar Amor nenhum, nem que seja para percebermos que o Amor também é aleatório. Para viver um grande Amor é preciso exactamente o mesmo que para viver cinco ou seis grandes Amores. Então, viva-se os cinco ou seis.
Depois crescemos e o Amor passa a ser memória, talvez por já não olharmos para o futuro com a mesma suavidade como quando éramos crianças. Gostamos de saber que do tempo que passámos há momentos que não foram nem nunca serão só nossos, nem que seja o de um simples café à beira-mar.
Que nos apaixonemos muitas vezes quando somos novos para nos conseguirmos apaixonar apenas uma vez ou duas em adultos. Se assim for, o Amor só falhou para nunca mais falhar.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»