Ela vinha com cara de poema, mas ele não estava nada lírico. O seu estado era mais narrativo, virado para a ação e a caraterização física da personagem.
Não, os géneros não coincidiam, mas não era preciso fazer um drama; apenas um pouco de teatro.
Ela insistiu e propôs-lhe um soneto a dois. Tinham bastante tempo para a métrica e alguns decassílabos sáficos, pois os críticos literários tinham ido com o drama romântico ao psicólogo, já que não sabia se era tragédia ou comédia e o seu humor variável estava a tornar-se impossível de analisar.
Ele acedeu, desde que ela fosse bem expansiva nas quadras. E ela foi. Ele pôde juntar-lhe o primeiro terceto e, no momento que ele se preparava para associar o segundo, ela ajudou-o e terminaram ambos com chave-de-ouro.
Antonino Silva
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