13 junho 2017

Poesia ObSena

Imagem obscena:

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Rígidos seios de redondas, brancas
frágeis e frescas inserções macias,
cinturas, coxas rodeando as ancas
em que se esconde o corredor dos dias;

torsos de finas, penugentas, frias,
enxutas linhas que nos rins se prendem,
sexos, testículos, que inertes pendem
de hirsutas liras, longas e vazias

da crepitante música tangida,
úmida e tersa, na sangrenta lida
que a inflada ponta penetrante trila;

dedos e nádegas, e pernas, dentes.
Assim no jeito infiel de adolescentes,
a carne espera, incerta, mas tranquila.

Jorge de Sena, «As Evidências», 1955

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