A apresentar mensagens correspondentes à consulta natal ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta natal ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

08 dezembro 2006

Postais de Natal III


Postais de Natal (I) - (II)

Alcaide:
"Pai Natal descansa agora
não tenhas tanto trabalho
leva os brinquedos embora
aqui só fica o caralho!"


São Rosas:
"Pai Natal vou ordenhar-te
Até que saias de maca
Com toda a minha arte
Dás o mesmo que uma vaca"


papoila_rubra:
"Menina São, trabalhe bem
que eu daqui até alvitro:
esse Pai, mesmo velhinho
é bem capaz de dar... o litro!"


Rap da Dina:
"Pai Natal «ganda» totó
Vem-te até aqui à Funda
Se não me dás um popó
Levas um pontapé na bunda.

yôh, yôh...(bis)

Pai Natal amigalhaço
Arranja-me um gajo bom
Embrulhado num bruta laço
Que eu cá: «om, om, om»!

Pai Natal vem a cantar
Traz aí um gajo às peças
Para a Dina montar
Numa bela noite dessas.

essas, essas... (tris...)

(e pronto, podem continuar desde que cantem no tom certo: erótico, mas nada de ordinário e ofensivo. Isso fica reservado para aquele dia, a não sei quantos de Dezembro, quando toda a malta estiver a coisar ao mesmo tempo. Aquilo é que vai ser um terramoto!...)"


Alcaide:
"Olá, Dina, quero um abraço!
A função já recomeça
sou teu amigo... promessa!
Olha, tenho aqui uma peça,
p'ra ti neste Natal... com laço!"


papoila_rubra:
"Meu querido Pai Natal
este ano sê bonzinho
Anda lá... que eu só queria
um Alcaide... no sapatinho..."


Alcaide:
"Miúda do gás... Papoila...
obrigado pelo pedido
mas sabes... ando fodido,
depois de ter aprendido,
a fazer à moçoila...

O polegar nem tem unha!
no braço musculatura
digo que sexo é cultura
fica lá grande abertura
nem a peça da Dina eu punha!"

João Mãos de Tesoura:
"Menina, menina,
pede o que quiseres,
não levo um saco, mas dois
cheios de calorias, ah! mulheres
do laço fazei bom uso,
enfeitem-se logo e depois
que neste Natal confuso
não haverá prenda igual,
brinquem, dêem-lhe uso
qu'ele não sentirá abuso
nem levará a mal!"


Pedro Laranjeira:
"O Pai Natal é velhinho
tem barbas brancas e tudo
dura mais do que um menino
que se arme em fuçangudo!

Por isso venham-se as botas
às chaminés mal tratadas:
da pa-ciência dos kotas
saem elas consoladas!"


:
"O Pai Natal é velhinho
Velhinho mais que tu,
Ataca bem de mansinho
E gosta muito de cu!
É pois à parede encostar
Se o Pai Natal estiver por perto,
Qu'ele tem o hábito de fechar
Buraco que esteja aberto!
E fecha aquilo de um jeito
Que fica mesmo fechado...
São duas ou três a eito,
Fechadas com cadeado!
Com o Pai Natal não se brinca
Nem com postais de papel,
Qu'ele usa um balde com tinta
E o caralho dum pincel!"


Pedro Laranjeira:
"o pai natal não é velho
assim tão mais do que eu,
não caias em tais enganos
que eu não sou nenhum fedelho
e quando a lenda nasceu
já eu tinha dois mil anos!"

24 dezembro 2020

O Natal d'a funda São

O Natal sempre foi uma época comemorada neste blog. Basta pesquisares pela palavra Natal para confirmares isso.
O mestre Raim fez vários cartoons sobre esta época. Alguns exemplos (muitos outros estão disponíveis no link de pesquisa ali de cima):





Chegámos mesmo a ter à venda uma t-shirt com um dos seus desenhos:


A colecção de arte erótica «a funda São» também não podia deixar de ter objectos relacionados com o Natal:
«decoração para pénis erectos» - decoração de Natal para velas que foi rebaptizada pelo Quinteiro
Viva a mãe natal! - embalagem para 6 garrafas de cerveja Imperial
«Menina Jesus» de Ana Bossa (Estremoz) - comprado numa loja de artesanato de Guimarães, para a série da colecção «objectos que supostamente não seriam eróticos». Objecto da sexão «o que não é suposto ser erótico»
Duas flores em tecido com caule dobrado em formato de vulva - acessórios usados pelas cabrinhas que os pastores... apascentavam... na peça de teatro «Auto na tal» da Tuna Meliches apresentada no 6º Encontra-a-Funda (encontro do blog «a funda São») em Setúbal - 18 a 19-11-2006.

Feliz Na Tal!...

08 dezembro 2007

O Pai na tal da funda São

"São Rosas
Informo que já recebi imensos mails que me dizem que o Pai Natal não existe.
Por exemplo este:
«Assunto: O Teu Primeiro Cartão de Natal
Queres ver o pirilau do Pai Natal?
Então vai mais abaixo.
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Francamente, com essa idade já devias saber que o Pai Natal não existe.»


A todos tenho respondido mais ou menos assim: (fico a aguardar comissão)
Estás enganado! Com essa idade já devias saber que o Pai Natal nu existe! Nós é que entendíamos mal o que nos diziam!

Podes comprar esta t-shirt especial na tal... funda São.
Maria Concertinas"
________________________
É como dizes, Maria. O Raim ensinou-nos isso e é uma excelente prenda de Natal. Como eu sempre disse, especialmente para os mais cépticos, devemos ser anticépticos.
E também há as t-shirts do d!o para gajas (antes que me perguntem: mamas não incluídas... e as t-shirts não são translúcidas):

«Apalpando»

«Atira-nos água!»

Encomenda agora e chegará a tempo para o Natal.

28 dezembro 2008

post-natal

São, como não deixei prenda naquele saquito que estava na tua funda chaminé - e que parecia mesmo uma camisinha, valha-te maria-josé... - aqui fica um post-natal, com maresia:


e lá se foi o Natal – essa quadra tão magana
enchendo a todos de gana de querer ser solidário
ao fundo um retardatário bate co’ as botas no fundo
das costas ou cu se gostas de chamar p’lo nome os bois
a ver se logo depois se aconchega ao borralho
que está de arrebimba-ò-malho o tempinho cá na rua
e farto de ver a Lua anda o velhote da história
que tem seu mês de glória um só e em cada ano
triste e só anda este mano quem sabe vive de esmola
que a cena da Coca-Cola acabou já faz uns tempos
agora ele é só lamentos pela roupa vermelhusca
pela criançada cusca e aquela barbaça hirsuta
que seria coisa bruta não fosse ela alva de linho
corre pois ele para o ninho farto de prendas e renas
como se penasse penas por tanto a todos pesar
que com ele é só comprar – comprar – comprar – e comprar
não tem nada que enganar mas não há já quem o ature
e não sabe ele como fure este destino aziago
de do consumo ser mago e coisa de meter dó
ouvir-se-lhe o oh-oh-oh no espaço sideral
no centro comercial ou no écran de plasma
e a malta toda pasma de viver tanto o velhote
sem haver quem o enxote pois graça não tem nenhuma
a não ser aquela uma de favorecer as compras
ah não se ouvirem as trompas de alguma divina orquestra
dando ao Natal que nos resta personagens mais catitas
e acabar com as fitas de um pai natal que coitado
viverá desconsolado nos quintos do pólo norte
maldizendo a triste sorte de ter só com ele as renas
dores nas cruzes e as tais penas de vaguear tão sozinho
melhor muito melhorzinho ficaria o Nicolau
se em vez do banco de pau que o espera em seu ermo
a tal multinacional ao ermo pusesse um termo
e lhe desse companheira
roliça – doce – matreira – brincalhona – prazenteira
também de rubro vestida mas sem barba tão comprida
de precária situação ou com termo de contrato
mas que desvie o ancião do destino caricato
e lhe dê prendas a ele que tão farto está das penas
e das cenas com as renas e com razão afinal
e nos deixe no Natal o presépio cultivar
sem ter que comprar – comprar – oh-oh-oh
tão só comprar…

22 dezembro 2004

Entrevista com o Pai Natal

Ai menina, sabes que eu sempre sonhei entrevistar o Pai Natal e quando surgiu a oportunidade, agarrei-a com unhas e dentes.
Claro que levei o gravador, papel e caneta. Mas também calcei umas dim-up pretas com rendinhas na liga. E vesti um sutiã preto com bolinhas vermelhas, a condizer com o evento e as cuequinhas do conjunto, a bem dizer, um fio dental mais fio que outra coisa.
Porque quando terminei a entrevista cheguei-me mais ao Pai Natal para lhe agradecer. Tirei-lhe o barrete e afaguei-lhe os cabelos macios. Sentei-me ao seu colo e de um gesto tirei fora o vestido colante que levava. Encostei-me ao seu ombro, cheirei-lhe o pescoço e perante o sorriso dele comecei a desabotoar lentamente cada um dos botões do casaco vermelho. Ele ajeitou-me melhor no seu colo, lendo com as palmas das mãos todo o contorno das minhas nádegas. Retirei-lhe o cinto preto e ele fez saltar os meus seios para as suas mãos para os debicar como uma mão cheia de cerejas. Escorreguei devagar do seu colo para lhe puxar as calças vermelhas e descobrir o tronco de Natal.
Descobri também que, apesar da idade, o Pai Natal tinha um rabinho todo rijinho e os músculos todos no sítio. Só me faltava saborear o meu Pai Natal. Lambi o barrete a toda a volta, percorri-o todo de alto a baixo e espalmei a língua nas bolinhas, para de seguida o abocanhar ritmadamente enquanto os meus dedos se passeavam para trás e para a frente junto à sua próstata. E fui repetindo toda a degustação de boca, língua e mãos até ouvir as palavras mágicas do «oh! oh! oh!».
Isto, menina, foi beber o verdadeiro espírito natalício!

18 dezembro 2011

«E o espírito de Natal 2011 já fez a primeira vítima!» - Didas

A análise da Didas ao azar do Comandante da Polícia Municipal de Coimbra, que quis desejar um bom Natal aos funcionários da autarquia de Coimbra mas enganou-se no anexo que colocou no mail:

"Ora vamos lá pôr os pontos nos "is" ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Coimbra que obrigou o comandante da polícia municipal a pedir a suspensão por ter enviado a todos os trabalhadores (desculpem se ofendi alguém), durante a hora de serviço, uma mensagem de Natal com conteúdo erótico.
1. Já sabemos quem mandou a mensagem. Agora a malta quer saber quem se chibou às televisões. Se foi o presidente himself é porque já andava com vontade de fazer a folha ao comandante, por isso tinha mesmo que ser; se foi outro gajo qualquer o mais certo é tê-lo feito por inveja ao ordenado de boss da polícia, muito mais convidativo a um natal feliz que o de operacional.
2. A malta também quer saber se quem se chibou às televisões o fez ou não dentro da hora de serviço.
3. A malta (pelo menos aqui na padaria) não percebeu o conteúdo erótico da mensagem. As gajas seminuas (foi o que ouvimos dizer na reportagem) parecem saídas do catálogo do Centroxogo no carnaval, o que é mais de fugir do que erótico. A mensagem propriamente dita é do mais sério. Vejam bem, o homem deseja a todos os colegas, para 2012, "relações sexuais incríveis"! Não deseja pinadas, nem cambalhotas, nem quecas. Deseja "relações sexuais", assim mesmo com linguagem de médico. "A senhora tem que usar esta pomada antes de ter relações sexuais", por exemplo, querem coisa menos erótica do que isto?
4. A ser suspenso, o bacano devê-lo-ia ter sido por razões bem diversas. A saber:
4 a) Por ter feito um PPS. Isso sim, é criminoso. Se for um daqueles em que as letrinhas vão aparecendo uma de cada vez já merece no mínimo pena de prisão efectiva, e se tiver anjinhos com glitter ou ursinhos agarrados a corações XL (o que desconhecemos) é pena máxima - 25 anos. Se no final disser que deverá ser reencaminhado para dez pessoas para provar que se é amigo do mandante é pena máxima e 50 chibatadas.
4 b) Por ter desejado "que trabalhes muito". Há pessoas que não reagem bem a esse tipo de provocação e até são capazes de se sentir mal e ter qualquer coisa má.
4 c) Por ter desejado que "te paguem bem". A seguir ao conselho que o nosso primeiro nos deu hoje para pouparmos é a peça de humor negro mais enjoativa que ouvimos nos últimos anos e deve ter posto a maralha toda a pensar "Vai mas é gozar o c..."!



Moral da história, meus amigos: Deixem-se dessas m*rdas de postais de Natal e concentrem-se em não serem apanhados na curva."
Didas
blog «Farinha Amparo»
_______________________________
A pedido de várias famílias (unipessoais), aqui está o PowerPoint sacrílego.

08 março 2020

O fundo Baú - 59

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»



No dia 25 de Junho, cumpriu-se o que foi combinado: o primeiro encontro de membros e membranas deste blog.
No dia seguinte, publicámos a acta.

Estivemos lá! E foi tão bom... hmmm...



As chamuças também lá estiveram (o Jorge Costa é homem de palavra). Porque será que as chamuças têm aquele formato?!
O OrCa fez e declamou a «Ode e Ceia». A São Rosas declamou Guerra Junqueiro e todos cantaram uma música de (Não é) Natal.
O KomiKaga não se portou como um homem (mal), pelo que a Gotinha e o Goto puderam apreciar o panelão de arroz de marisco e o leitão. Todos beberam o espumante branco, excepto a Ana, que foi para o tinto.
O Isso Agora... só conseguia usar pontos de exclamação quando falava à São Rosas e o Eye of The Tiger foi parcimonioso no uso da palavra, decerto para compensar o Jorge Costa.
O JF veio-se de comboio mas foi-se de carro. Ofereceu-me uma revista comemorativa dos 10 anos (1992 - 2002) do Museum Erotica de Copenhaga... hmmm...
E Coimbra à beira-rio é muito húmida... hmmm... hmmm... hmmm...

E, como o OrCa ode:

Fomos poucos mas bons cum'ò caraças
Que rumámos lá pr'ò centro do universo
Das chamuças, dos leitões e das vinhaças
Que honrámos, copo a copo, verso a verso

Amanhã seremos mais, seremos muitos
Como quereis - dizei lá - é junto à praia?
E já agora para a coisa aquecer mais
Irão elas e eles de mini-saia...

Caparica, Carcavelos ou no Meco
Com leitões, ou mariscadas, vegetais
Venham todos, do pelintra ao badameco
Seremos tantos e não seremos demais!

OrCa

A quem não se veio mas nos escreveu ou telefonou, dedico o refrão da música «(Não é) Natal», que cantámos no final do jantar:
É Natal, é Natal
Já não é Natal
Se não é, se não é
Que caralho é?
Sejam sempre Felizes Na tal... (que, como sabem, é sempre que o homem e a mulher quiserem)

24 dezembro 2010

As meninas da Triumph e o Natal

O Natal é assim. Tem, entre muitas outras coisas, meninas quase nuas espalhadas pelas ruas. Não em carninha palpável, temos pena, mas em mupis nas paragens de autocarro e em outdoors de grandes dimensões que representam para a segurança rodoviária um perigo muito superior ao de conduzir de olhos vendados a 200km/h e, mais ainda, com pneus carecas.
Já no ano passado (e em anos anteriores) abordei o assunto. É difícil não o fazer. Vejamos então o que nos propõe a Triumph para este Natal (melhor dizendo, vejamos de que modo a Triumph tenta fazer-nos accionar o seguro automóvel):

Temos uma Helena Coelho em esforço. Provavelmente com uma forte dôr de pescoço. Se começo por esta é porque a acho a melhor do lote (a mulher, e a foto). Dolorosa, sim, mas a melhor.


De novo. Helena Coelho. Não sei o que pensar disto. É que se na primeira foto estamos num contexto assaz doloroso para o pescoço mas possivelmente indicador de êxtase, já nesta segunda foto a cara é do mais absoluto frete, ou até desconfiança, e isso, lamento, não é bom. Mau. Mau mau mau.


Não sou especial apreciador da Andreia Rodrigues. Desculpa Andreia, até podes ser uma porreira, e dentro daquilo que eu aprecio, o conjunto que te deram a vestir até é jeitosinho, é sóbrio (embora dispense o raio do laçarote no soutien, mas enfim, fazer o quê) e razoavelmente eficaz, mas não me convences. Ao menos, não tens a cara de frete da fotografia anterior com a Helena Coelho.

Dizem que é a Isabel Figueira. Desculpem. Mas só com muito esforço a reconheço. Concluo com a sensação de que a campanha de Natal da Triumph aterrou ao lado. Não foi bem conseguida. A linguagem corporal não é nada natural, as expressões faciais estão no mínimo esquisitas, e, se calhar, já nem vale a pena insistir em tanto vermelho só porque é Natal.

Não estou satisfeito.

21 dezembro 2005

Pinheiro de Natal

Eu sei que foi uma ideia peregrina, Sãozinha. Numa altura em que o Aki está a abarrotar de gente a acotovelar-se na escolha das bolas de Natal, das fitas brilhantes, dos lacinhos, das luzes que piscam até doer a vista, dos presépios com mais ou menos figuras, das meias de Pai Natal importadas da tradição escandinava e até dos Pais Natal de pendurar na janela, só a mim me lembraria ir para lá procurar madeiras para fazer mais uns metros de estante em casa.

Com o papelinho das medidas em riste lá avancei com muitos com licença por aqueles casacos e kispos cheios de braçados de decorações de Natal até arribar à silenciosa secção de madeiras, espiolhando as espessuras e larguras. Dirigi-me ao balcão, interrompendo o intenso jogo que o encarregado da secção disputava no telemóvel e expliquei-lhe quantas tábuas queria. Ele saiu de trás do balcão e acompanhei-o a indicar a madeira que ele carregou como uma canastra até à máquina de corte. Fixei as mãos dele enquanto seguravam firmemente a tábua e suponho que a insistência do olhar o fez levantar as pálpebras na minha direcção. Nesse instante pensei que aquele era um cenário adequado a um filme porno em que sem uma palavra o homem do corte despia a bata do serviço e me chamava para a bancada do fundo, transformando magicamente as minhas jeans numa mini-saia de pregas, para de calças arreadas até aos joelhos me penetrar ao som dos formões, martelos e serrotes a abanar.

É claro que peguei nas madeiras cortadas e abalei para a bicha das caixas mas quer parecer-me, Sãozinha, que o facto de no outro dia ter pintado com tinta para a madeira das portas o apalpa-folgas do meu mais que tudo, que aliás deu uma trabalheira desgraçada para lavar, me marcou mais do que supunha.

23 dezembro 2004

Cisterna da Gotinha


Natal e o Viagra: uma história com fim feliz!

Filme de Natal : vão lá comprar as pipocas...

Meninas-Natal: continuo à procura dos meninos-Natal!!

Barbie Bondage: quem quer uma?! Pode ser que ainda vão a tempo de acrescentar este pedido na cartinha ao pai Natal...

Pirete: Aprendam como fazer um.

23 novembro 2004

Querido Pai Natal - Parte 1

Chamo-me André e tenho 6 anos.
Neste Natal eu queria um presente muito especial. Eu queria que em todo o mundo houvesse Paz e Amor, mas sei bem que isso é impossível de realizar... pelo menos aqui no meu prédio.
Sempre que a vizinha do 5.º Dto. faz amor, não há paz na vizinhança. Principalmente quando o marido sai em viagem de negócios. Nesses dias, se calhar a televisão dela fica avariada, porque está sempre a passar aquele anúncio do shampoo Herbal Essences. "Ó... sim, sim... siiiim".
Bem! Como a Paz e o Amor estão riscados da lista, vou ter que optar pelos bens materiais, coisa que eu não queria nada...
Para começar, eu queria que este ano a minha prenda de Natal fosse um brinquedo muito divertido que vi na televisão. Não, não é nenhuma daquelas mariquices dos Action Man, Homem Aranha ou tartarugas Ninja. O que eu queria mesmo era uma coisa que vi ontem no Telejornal! Pai Natal, eu queria muito que me trouxesses um brinquedo que se chama RPG 7, que é um lança-granadas igualzinho àqueles que os terroristas usam para rebentar com os americanos no Iraque. Mas preciso muito que me entregues o brinquedo já este fim-de-semana, para eu fazer uma surpresa aos meus coleguinhas lá da escola. Eles vão estar todos numa festa de Natal, em casa do Henrique, que é filho de um grande empresário têxtil, que não paga salários há 3 meses, contrata capangas para dar porrada nos sindicalistas e tem uma amante no prédio onde mora a minha avó. Todos os coleguinhas da minha sala foram convidados para a festa menos eu, porque o Henrique diz que o meu pai é teso e as minhas roupas parece que foram compradas na Feira de Carcavelos, em segunda mão, aos ciganos. Eu sei que desfazer os coleguinhas da 1.ª classe com tiros de bazuca não é uma coisa muito bonita.
Mas no ano passado fartei-me de fazer boas acções e a prenda que me trouxeste foi a porcaria de um carro telecomandado comprado aos montes, que se avariou logo no primeiro dia. Bem, pelo menos sempre deu para aproveitar as pilhas para o vibrador da minha mãe!

26 junho 2004

Estivemos lá! E foi tão bom... hmmm...


As chamuças também lá estiveram (o Jorge Costa é homem de palavra). Porque será que as chamuças têm aquele formato?!
O OrCa fez e declamou a «Ode e Ceia». A São Rosas declamou Guerra Junqueiro e todos cantaram uma música de (Não é) Natal.
O KomiKaga não se portou como um homem (mal), pelo que a Gotinha e o Goto puderam apreciar o panelão de arroz de marisco e o leitão. Todos beberam o espumante branco, excepto a Ana, que foi para o tinto.
O Isso Agora... só conseguia usar pontos de exclamação quando falava à São Rosas e o Eye of The Tiger foi parcimonioso no uso da palavra, decerto para compensar o Jorge Costa.
O JF veio-se de comboio mas foi-se de carro. Ofereceu-me uma revista comemorativa dos 10 anos (1992 - 2002) do Museum Erotica de Copenhaga... hmmm...
E Coimbra à beira-rio é muito húmida... hmmm... hmmm... hmmm...

E, como o OrCa ode:

Fomos poucos mas bons cum'ò caraças
Que rumámos lá pr'ò centro do universo
Das chamuças, dos leitões e das vinhaças
Que honrámos, copo a copo, verso a verso

Amanhã seremos mais, seremos muitos
Como quereis - dizei lá - é junto à praia?
E já agora para a coisa aquecer mais
Irão elas e eles de mini-saia...

Caparica, Carcavelos ou no Meco
Com leitões, ou mariscadas, vegetais
Venham todos, do pelintra ao badameco
Seremos tantos e não seremos demais!

OrCa

A quem não se veio mas nos escreveu ou telefonou, dedico o refrão da música «(Não é) Natal», que cantámos no final do jantar:
É Natal, é Natal
Já não é Natal
Se não é, se não é
Que caralho é?
Sejam sempre Felizes Na tal... (que, como sabem, é sempre que o homem e a mulher quiserem)

06 janeiro 2013

Enfeite natalício


Eu sei que foi uma ideia peregrina, Senhor Doutor. Numa altura em que o Aki está a abarrotar de gente a acotovelar-se na escolha das bolas de Natal, das fitas brilhantes, dos lacinhos, das luzes que piscam até doer a vista, dos presépios com mais ou menos figuras, das meias de Pai Natal importadas da tradição escandinava e até dos Pais Natal de pendurar na janela, só a mim me lembraria ir para lá procurar madeiras para fazer mais uns metros de estante em casa.

Com o papelinho das medidas em riste lá avancei com muitos com licença por aqueles casacos e kispos cheios de braçados de decorações de Natal até arribar à silenciosa secção de madeiras, espiolhando as espessuras e larguras. Dirigi-me ao balcão, interrompendo o intenso jogo que o encarregado da secção disputava no telemóvel e expliquei-lhe quantas tábuas queria. Ele saiu de trás do balcão e acompanhei-o para indicar a madeira que ele carregou como uma canastra até à máquina de corte. Fixei as mãos dele enquanto seguravam firmemente a tábua e suponho que a insistência do olhar o fez levantar as pálpebras na minha direcção. Nesse instante pensei que aquele era um cenário adequado a um filme porno em que sem uma palavra o homem do corte despia a bata do serviço e me chamava para a bancada do fundo, transformando magicamente as minhas jeans numa mini-saia de pregas, para de calças arreadas até aos joelhos me penetrar ao som dos formões, martelos e serrotes a abanar numa constante onomatopeia de pong pong pong.

É claro que peguei nas madeiras cortadas e abalei para a bicha das caixas mas parece-me, Senhor Doutor, que o facto de no outro dia ter pintado com tinta para madeira das portas o apalpa-folgas do meu mais que tudo, que aliás deu uma trabalheira desgraçada para lavar, me marcou mais do que supunha.

[Foto de 1890 do © AMEA/World Museum of Erotic Art]

23 dezembro 2007

Postais



Este mimão (um miminho grande) do Raim tinha que ser odido por outro mestre:
"p'ra festas na Funda São
há que fazê-las sem mal
mas com profunda intenção
de preferência na tal

mais intensas cada dia
as mais alegres festinhas
numa incontinente orgia
digna de reis e rainhas

a nós o gozo do ócio
que é tão nosso afinal
do solstício ao equinócio
desde Janeiro ao Natal

em bacalhau dos odores
em rabanadas com molho
em mil e muitos amores
curtidos num piscar de olho

que sombras dignas da noite
que luz nos vem das estrelas
que nesta Funda se afoite
a quem lhe encante sabê-las

Festas das Boas para quem por cá se venha! "

OrCa

O Nelo já não larga o OrCa. E que bem que o ode:

"Ai minh´Orca
Que odes beim.
Odes tanto qu´isto çem
dares um ar da tua grassa,
çendo o Broshe da devaça,
toma um goshto que trespaça
quande tu aqui te veins!

És melhér, valente pueta.
Belus verços, frases completas
Çó uma pena me ocorre
Ao ler-ti nas primeiras estrofes
em um tom que quaze cumove
Outra vesh um hino hás covas

Mas aregalo logo a pinha
apezar do verço "Na-tal"
Adiante falas d´orgia
e eu logo em alegria
veijo te Rei e éu Raínha
Fasendo um belo casal.

Ai mas logo a çeguir
Porque és açim tam máu?
Stava-me éu cuaze ha vir,
Quande em çombra veio cair
A cova em sheiros de bacalhau...

Ai mas tu ésh mejmo Mestre
E ainda nam caía
a gota do olho triste
quande o verço de proa em riste
nam sperando por mais nada
Acerta em sheio na rabanada

E já neim queru portantes çaber
de mais çombras e volteios,
De verçejos e paleios
que tu fases, meu animal.
és do Nelo o dôsse pueta
e prá coiza ficar completa
Prá ti e todos, feliz Natal.

Natal, entendeim? Nam éi eça coiza trucadilha de Na tal... (Fó, Covas... que purcaria...)"


Ao OrCa ninguém cala (i nâu çerà agòrò Nelo):
"mas que mimos, que favores
belas artes que enovelo
fico pasmo c'os primores
dos versos do nosso Nelo

dá-lhe forte e com destreza
belo qual violoncelo
delira se a coisa entesa
por flauta faz-se mais belo

na hora de ser feliz
o bom do Nelo afinal
se na tal torce o nariz
dá-se todo pelo Natal

(cada um meu caro amigo
cheira o bacalhau que pode
mas não o cheires comigo
que não serei quem te acode)

Vá lá, as melhores festinhas vos desejo!"


E para ajudar à Consoada, até se vem aqui o PreDatado:

"Vós que Mestres da poesia sois
Fode-me as têmporas quão baixa estima
Tendes por vossa (diria rude) rima
Caralhando tudo o que escreveis, pois!

Ora en Natalícia quadra, ao contento
Que poderíeis dar ao dedo (e à língua)
Queiram as ninfas que não fiqueis à mingua
E outros, logo, vos roubem assento.

Para que desejar Festas Boas
Travestido verso ou mesmo nu
Bastaria sem tais taradas loas,

Fica aqui este reparo, sabido cru.
E agora orgia! Se para tal bastem as coroas
p'ró bacalhau, p'rás filhós e p'ró peru."


É claro que o Nelo não o deixa escapar. Afinal, ele só foge das covas:

"Ai melhér qués predatado
Tás tempão çem aqui te vir
Mas cômo teins tempo adiantado
Nunca eshtás fora de prazo
Chegas inda antes de sair

E veins intão náltura çerta
Pois o Orca, melhér dágua
Já me diçe - Ai que mágua! -
- "Nam quero do Nelo a oferta!" -

Mas - Ó çanta providénsia-
Saltou-me eshte Home do Tempo
Que antes de ter cumeçado
Està-çe a vir-çe Çua Eçelência
Neste pacote eim impaciênsia
Nu desejo de çer enrabado.

Que melhor puderia ter
Depois da tampa do Rei ORca
Uma prenda em Predatado
Çaíndo dõsse pela porta
Depoiz (ou ãtes) d´Nelo emrabado"


A Guida elogiou esta bela desgarrada de Orca e Nelo (com o Predatado como guèstar). A São Rosas disse que quase era Orchinelo e o OrCa fez a "defêza da ômra" (como diria o Nelo):

"não há Nelo para as covas
nem há-de o OrCa ir ao Nelo
nem polimento de escovas
nem porrada com chinelo

haja apenas na função
- diria um tal Jorge Costa -
de ter cada um à mão
aquilo de que mais gosta

mas confusões de Orchinelo
não trarão maior valia
Orca é Orca e Nelo é Nelo
e cocktail faz-me azia

agora de bardo o brado
grito eu bravo e com foguete
e sai abraço cerrado
ao Nelo e ao seu topete!"

15 novembro 2007

Deixar as prendinhas de Natal para os últimos dias não é nada erótico

Crica para acederes à página das t-shirts da funda São, com todas as informações e instruções para fazeres a tua encomenda
«O Pai Natal Nu Existe»


branca - € 9,50 + portes
outras cores - € 10,50 + portes

O desenho desta t-shirt é do inconfundível e imparável mestre Raim. Haverá melhor prenda de Natal que... o próprio Pai Natal?
Daqui a poucos dias conto ter novidades para gajas. Vão ver que vale a pena esporr... esperar.

18 dezembro 2007

Sugestão do Katano

Que bela sugestão de Natal faz o blog do Katano:

"Natal é tempo de paz, harmonia, fraternidade, boa vontade... em suma, tempo de gastar dinheiro de forma aflitiva e desregrada. Segundo dados estatísticos oficiais, cada português vai gastar em média 596 euros no Natal, o que, tendo em conta a taxa de desemprego de 8,2% avançada pela Eurostat e o nível dos salários praticados, vai contribuir e de que maneira para agravar o sobre-endividamento da população.
É por isso que o Blog do Katano lança uma sugestão para as prendas de Natal: uma t-shirt. Trata-se de uma t-shirt com preço em conta e bem ao estilo da quadra festiva que atravessamos, capaz de impressionar a família num qualquer jantar de consoada ou, porque estamos na Beira, de causar sensação junto da população concentrada em redor do «madeiro» em frente à Igreja após a missa do galo.
Caetano"

Adivinhem lá que t-shirt é essa...
Essa e outras t-shirts da funda São são (até estou gaga) uma excelente prenda na tal. Para o menino e para a menina...

07 janeiro 2010

O Amigo Oculto

– Não me dizes que és a minha fã número 1? – perguntou ele, levantando a cabeça do colchão.
– O quê? – inquiriu ela, terminando de lhe prender o pé direito à cama, sem lhe prestar atenção.
– Como no filme… – gracejou ele. – Não me dizes que és a minha fã número 1?
Ela olhou-o, pensativa, decifrando a referência cinéfila, ajeitou cuidadosamente o gorro de Pai Natal, depois verificou se os pés dele estavam bem presos e, por fim, sorriu. Olhou-o e sorriu, reconhecendo o filme.
– Para isso – disse ela, segurando-lhe o dedo grande do pé direito, que apertou –, tinha de ir buscar um martelo. – Piscou-lhe o olho, fechando o sorriso. – Não era?
– Um martelo?! – repetiu ele, engolindo em seco, esquecido desse desenvolvimento. – Não, não é preciso nenhum martelo – conseguiu dizer. – Não precisamos de seguir o filme… Aliás, isto não tem nada… Não, não é preciso martelo nenhum – insistiu ele, sem conseguir ligar as frases, que lhe saíam em golfadas descontroladas, enquanto procurava disfarçar os repelões às algemas que o prendiam à cama. – Não é preciso!
– Venho já – anunciou a mulher, tornando a piscar-lhe o olho agora com um sorriso enigmático e nada auspicioso. – Já viste que és um xis? – perguntou ao sair.
Aflito, o homem intensificou, sem qualquer método ou atenção, os movimentos dos braços e das pernas para se tentar soltar das algemas revestidas com pêlo cor-de-rosa que lhe prendiam os pulsos à cama e dos macios cordões que lhe manietavam os pés, enquanto se consumia de arrependimento de ter ido ao jantar de Natal do escritório, de ter oferecido as algemas de sex-shop no amigo oculto que, no caso, pelas regras dos jantares, sempre iriam para uma colega e de, no fim, já com o álcool a falar por ele, se ter oferecido de forma patética para as experimentar.
– Um xis… – mastigou, entaramelando as palavras. – Sou um x na cama e não me sentiria melhor se fosse outra letra qualquer. – Riu-se. – Podia ser pior… – continuava a falar sozinho. – Era muito pior…
– Então? – perguntou a mulher, que reentrara no quarto, toda nua só com o gorro e com o braço direito atrás das costas.
O homem deu uma gargalhada mais nervosa que satisfeita:
– Podia ser um xis e estar virado para baixo.
Ela sorriu, erguendo as sobrancelhas concordante.
– Trago-te aqui uma surpresa – disse, mostrando-lhe o cotovelo dobrado para trás das costas.
Ele ficou branco e olhou-a num silêncio sepulcral, as sinapses que o ligavam ao martelo já se tinham diluído no álcool mas, em seu lugar, aparecera uma máquina fotográfica ou um telemóvel para o fotografar ou filmar, o que lhe aumentara a sensação de trágica impotência e terror catastrófico.
– Hei! – gritou ela, voluntariamente encurtando o suspense. – É a tua prenda de Natal! – E mostrou-lhe uma venda para os olhos e um espanador. – Não embrulhei porque não conseguirias desembrulhar…
Aliviado, o homem riu.
Ela aproximou-se e colocou-lhe a venda. Desceu com o espanador lentamente da cabeça aos pés, agarrou com a mão livre o telemóvel que estava no chão, desejou-lhe
– Feliz Natal!
E reiniciou o laborioso trabalho com o espanador.

23 dezembro 2006

Conto de Natal

Por Falcão.

...O negócio é a mulhé. Cê sabe? Ela trabalha,né? Eu faço a protecção da minina...

Ena cum filha da puta, que está um frio do caralho a tapar de branco as minhas bouças e quase não se vê nada de outra cor...
Chegou o Natal e ande tudo cheio deste ambiente que nos enche de sorrisos à volta duma boa chouriça regada com o sumo do pipo lá no barraco por trás da casa.
Gosto de juntar uns bacanos do caralho, tudo canalha dos meus tempos de miúdo, e contar umas histórias das antigas. Hehehehe que o Natal traz caras que ande no estrangeiro e juntar tudo é uma festa. Durante dez dias é ora na casa de um, ora na casa de outro. Aqui todos fazem uma pinga e andemos ao despique a ver qual tem o vinho melhor.
E foi numa destas voltas quando íamos provar um presunto lá para a cozinha do Joaquim da Zarolha que está na Suiça e que casou com uma prima minha que é melhor que o milho, que vimos o calmeirão. Estava parado de mãos nos bolsos, mandando bufadas de ar no frio na manhã.
Parámos a perguntar baixinho uns para os outros quem era, mas ele viu-nos e atravessou a rua.
- Ôi pessoau, como estão cêis? Tudo beim?-
Ficámos a olhar para ele. Depois eu avancei e disse:
- Ei cum caralho, o que faz um Brasileiro aqui no fim do mundo? Venha beber um pingo aqui com o pessoal, óh bacano. –
Ele veio, e foi já com um pingo a embrulhar uma raspa de presunto com broa que ele contou o que fazia por ali.
- Céis sabem, né?... Um cara tem dji sacá uma grana! A coisa tá preta.... Tá fáciu não! Tem muito cara por aí, né?, que não gostam di Brasileiro, não. Falam dêssi negócio de emprego. Qui Brasileiro vem tirar trabalho di Portuguêis. Precisam di se preocupar não. Trabalho não é comigo.- E riu-se.
- Então se num trabalhas, vives do quê, caralho?- disse-lhe eu.
– Foda-se tu és rico, ou vives do ar...-
Olhou para mim, fez uma pausa e disse-me depois duma golada:
- O negócio é a mulhé. Cê sabe? Ela trabalha, né? Eu faço a protecção da minina.
Você topa? Né? Vou na cidadji no ônibus deixá a minina no Bar onde ela trabalha e dispois vou buscá ela mais tardji. Aí dá grana, né e para o mêis qui veim a genti está pensando em arrumar aí um carro, né? É melhor que esse negócio di ônibus. A genti pensou em mudar pra cidade mais aqui é mais sossegado, né. Dá pra discansá..
- Ai, ela trabalha num Bar... - Disse-lhe eu. – E com o trabalho dela dá para tu viveres sem fazeres um corno... Então escuta lá uma coisa, oh bacano do caralho. E quanto é que ela leva por uma geralada aí pelo pessoal?-
Bom, o gaijo, cum filha da puta, ficou assim a olhar para mim, num sei se era meio fodido se não, mas eu fui sempre pão, pão; queijo queijo. E pus-lhe mais uma pinga no copo inquanto o Joaquim a rir-se baixinho lhe aviava mais um naco de broa a pingar de presunto.
- Pois oh bacano. - continuei. -Pode ser já amanhã, caralho! Ela descansa do Bar e em vez de ires levá-la ao entardecer e buscá-la de manhã como dizes que fazes, fazemos uma festa, ela fica por cá e faz o dia. Bebes uns copos. Então o que dizes, oh meu caralho? -
Então, perante o esvaziar do copo e o acertar com desconto o número de notas de vinte que ele ia abarbatar, demos-lhe umas boas palmadas nas costas e dissemos-lhe satisfeitos... Bebe aí mais um, oh bacano!
E depois a rir para ele, disse-lhe piscando o olho:
- Ei caralho. Cum filha da puta. O Pai Natal este ano é mesmo Brasileiro... hehehehe. Toca aqui-
E os copos tilintaram.
Falcão

11 dezembro 2006

Postais de Natal IV


Postais de Natal (I) - (II) - (III)

OrCa:
"um pai natal que é a sério
que serve prendas à lista
há-de ter por refrigério
sempre à mão a telefonista

e pelo olhar descaído
com que nos topa o banana
a chamada é bem sabido
deve ser interurbana..."

Alcaide:
"anda loira que eu não posso
muda as lentes... se a não vias,
devias saber que o osso
não se tem... e tu sabias

anda loira come mais
vejo a tua rabanada
chupa chupa ainda mais
limpa a boca na almofada!"

seven:
"Ela ainda acredita no Pai Natal?! Que idade é que ela tem?"

23 fevereiro 2006

O trauma do apalpa- folgas

Eu sei que foi uma ideia peregrina, Sãozinha, quando no Natal passado, numa altura em que o Aki está a abarrotar de gente a acotovelar-se na escolha das bolas, das fitas brilhantes, dos lacinhos, das luzes que piscam até doer a vista, dos presépios com mais ou menos figuras, das meias de Pai Natal importadas da tradição escandinava e até dos Pais Natal de pendurar na janela, só a mim me lembraria ir para lá procurar madeiras para fazer mais uns metros de estante em casa.

Com o papelinho das medidas em riste lá avancei com muitos com licença por aqueles casacos e kispos cheios de braçados de decorações de Natal até arribar à silenciosa secção de madeiras, espiolhando as espessuras e larguras. Dirigi-me ao balcão, interrompendo o intenso jogo que o encarregado da secção disputava no telemóvel e expliquei-lhe quantas tábuas queria. Ele saiu de trás do balcão e acompanhei-o a indicar a madeira que ele carregou como uma canastra até à máquina de corte. Fixei as mãos dele enquanto seguravam firmemente a tábua e suponho que a insistência do olhar o fez levantar as pálpebras na minha direcção. Nesse instante pensei que aquele era um cenário adequado a um filme porno em que sem uma palavra o homem do corte despia a bata do serviço e me chamava para a bancada do fundo, transformando magicamente as minhas jeans numa mini-saia de pregas, para de calças arreadas até aos joelhos me penetrar ao som dos formões, martelos e serrotes a abanar.

É claro que peguei nas madeiras cortadas e abalei para a bicha das caixas mas parece-me, Sãozinha, que o facto de antes desta cena ter pintado com tinta para a madeira das portas o apalpa-folgas do meu mais que tudo, que aliás deu uma trabalheira desgraçada para lavar, me marcou mais do que supunha.