19 fevereiro 2010

Prostituição: carta aberta

A propósito do texto que a Miss Joana Well escreveu no dia 18 de Fevereiro e que nos faz pensar, eu tenho algo a dizer que não disse nos comentários, mas que passo a contar – embora talvez não seja muito importante – agora:

Não será também prostituição viver com alguém que nos proporciona todos os bens materiais em troca de algumas (poucas) noites de sexo?
São as nossas escolhas.

E porque ao fim de dezoito anos me cansei desse estado, que envolve bastante agressão psicológica, mandei a pessoa em questão dar uma volta.

Passei a ter muito mais sexo a troco de nada – porque devo ser parva -, aliás até porque o P é inicial do meu nome, também.
Os anos que se seguiram não têm sido fáceis e muitas dúvidas me têm assaltado. Uma delas que se tornou bem forte foi a de que, se tudo tivesse acontecido anos antes, eu teria tido sexo a troco de dinheiro, com quem bem me apetecesse e quisesse pagar.
Mas a idade já não era para essas andanças.

Quero com isto dizer, que a prostituição não pode ser um rótulo e que admiro profundamente quem dá a cara.

Subitamente


Encontro no dia, local e hora aprazados:
eu, com um casaco vermelho,
tu, de botas à cowboy e blusão de ganga.
Um metro e oitenta (tu), de fazer perder
a respiração (não a perdi).

O hotel em frente e foi só o tempo
do check-in.

A partir daí só me lembro de ter fugido
pelas 5h da manhã,
quando tu deixaste de respirar
-subitamente-
e eu não sabia que fazer.

Não sei mesmo o que te aconteceu;
não veio nos jornais.

Foto e poesia de Paula Raposo

Tu


Teu odor embriagante
Razão do meu desejo perturbante
Percorre-me em arrepios
Suores frios
Um aroma fulgurante

O gosto da tua pele
Arranca as feromonas da paixão
Este sentido enfurecido
Prazer reprimido
De liberdade e vastidão

Teu beijo no meu corpo fremente
Doces lábios que roçam lentamente
O arder da minha pele
Teu corpo que brada por mim
A respiração em frenesim

Possui-me lentamente
Saciando meu desejo ardente
Tropeça na minha pele
Emboca dentro de mim
Traça um agora sem fim

Maria Escritos – 2010
© Todos os direitos reservados
http://escritosepoesia.blogspot.com

Terrorismo Inteligente!

Os terroristas estão evoluindo. Não querem mais saber de carro-bomba, caminhão-bomba, avião-bomba, homem-bomba ou gato-bomba. Afinal, atentados suicídas só os fazem perderem membros e também suja tudo, aquele sangue esparramado por tanto canto… Eca!
Então eles desenvolveram uma nova forma de atentado. Mais prático, barato, sem suicídios, e cá pra nós, mais bonito. Vejam:


Viu a eficiência?
Tem um avião caído ali atrás da foto, caso alguém não tenha visto.

Capinaremos.com

Dolce & Gabbana- roupa para homem

O senhor chama-se David Gandy.

18 fevereiro 2010

Prostituição: carta aberta. Pelos e-mails que me enviam a pedir conselho. Pela responsabilidade de desmanchar ilusões.

Riscos? Todos. Tudo em nós fica em risco. A vida. A saúde física. O equilíbrio mental. Tudo. Uma pequena parte do que nos acontece depende da cautela; a grande parte depende da sorte. E não se pode confiar na sorte. E não se pode confiar em quase ninguém. Porque as pessoas que tiveram poucas ou nenhumas oportunidades na vida costumam ficar com as garras mais saídas. E as garras estão preparadas para arranhar. E muitas já só sabem sobreviver a arranhões. E muitas arranham-te porque acham que és uma ameaça ou porque isso lhes traz ganhos e outras arranham-te só porque sim. E vais estar num sitio onde ninguém sabe o nome de ninguém, ninguém sabe a morada de ninguém, ninguém sabe quem é quem. E podes bater na porta errada ou na porta muito errada. E podes abrir a porta à pessoa errada ou à pessoa muito errada. Num dia podes ter uma arma na cabeça, noutro podes ter uma faca no pescoço ou até uma doença grave. Ou podes simplesmente sentir-te mal, apenas porque viver assim te faz sentir mal ou porque alguém te fez sentires-te mal. A dignidade pode transformar-se em areia que escorrega entre dedos e os sonhos podem começar a cheirar a naftalina.

Dificuldades? Todas. Tudo é difícil. Começar. Sair daqui.Ter clientes. Não ter clientes. Perceber que a realidade luxuosa que se imagina não existe para a maioria ou que não se chega lá pelo menos sem começar mais baixo. E mais baixo pode ser ganhar trinta ou quarenta euros (ou menos) por cada pessoa que nos despe. E perceber que mesmo que se aceite isso, pode ganhar-se pouco, muito pouco. Sim, eu sei que ali digo que são duzentos ou duzentos e cinquenta euros. E é a responsabilidade de dizer isso que me faz confessar que já foram 25 euros. E que não consegui melhorar as condições por ser muito bonita - não sou - ou por ser muito inteligente. Sorte, foi pura sorte. E a sorte maior que tenho, depois de tudo, é a de estar viva - por sorte, sim.

Dicas? Tem mesmo que ser? Tens mesmo que...? Tentaste os caminhos todos? É que se vais arriscar vida, saúde física e mental, um dia podes ter que explicar a ti mesma(o) porque te fizeste tanto mal. E como vou eu dar dicas a quem pretende iniciar-se, se eu mesma não vejo a hora de sair e só agora tive um vislumbre da porta de saída? Ninguém nos força, ninguém nos obriga, ninguém nos retém aqui mas parecemos presas em teias e ficamos, quase sempre, muito mais tempo do que prevíamos. Acreditem. Ao entrar corre-se sempre o risco de ficar aqui como se fosse a única vida que se conheceu até agora; há quem fique até depois da fase em que se torna ridículo pela idade. Cuidado com o mundo, cuidado com as ilusões, ambição não é ganância, cuidado com a falta de segurança, arriscar o mínimo e rejeitar tudo o que não permitir manter a dignidade.

Não gosto de escrever acerca da minha actividade como prostituta, nem mesmo acerca da prostituição no geral. É a responsabilidade que sinto que me faz fazer isto. Porque recebo vários e-mails de homens e mulheres a pedir conselho. Porque os valores que pratico e o que escrevo podem dar a ideia de luxo e facilidade. Porque não é assim. Porque foi ainda mais difícil, tremendamente mais difícil do que agora é. Penso que cada resposta que dou a cada pergunta pode influenciar uma vida. Penso que o que escrevo por aqui e a forma como consigo fazer as coisas agora podem influenciar decisões. Penso que não tenho a culpa... mas terei culpa se não perceber que, ao virar costas à responsabilidade e ao manter o silêncio, posso mesmo vir a ter. De mim, o que vão ouvir, é a parte deste mundo que é feia, porca e má. E ainda vos asseguro que, depois disso, o que resta por contar é - existe - , mas é muito pouco.


O diciOrdinário ilusTarado visto pela Kikas

"Momento Cultural

Aconselho vivamente pois, neste manual de cabeceira, procura-se evidenciar as diferenças e convergências observadas na elaboração dos dicionários de língua geral e nos dicionários, vocabulários e glossários de línguas de especialidade. A consulta ao dicionário tem sempre uma motivação, nunca é «inocente».
O leitor procura resolver um problema de significado, esclarecer aspectos da linguagem, aperfeiçoar a sua forma de comunicação linguística.
São esses os objectivos do dicionário: preencher lacunas de conhecimento, facilitar a comunicação linguística, aperfeiçoar os meios de expressão, descodificar correctamente as normas sociais e científicas e aumentar ou desenvolver o conhecimento sobre o parceiro.
Ora vejamos o que nos reserva o "O" (já dizia a Ana Malhoa: e tudo começou no Ó... ó, ó, ó!!!

Visita a página do «DiciOrdinário»

Ode – composição poética lírica enaltecendo o potencial sexual de alguém, tipicamente escrita depois do acto (ver oder)
Oder – fazer odes eróticas, odendo a torto e a direito, a todas e a eito
Odisseia – ode e ceia (de preferência por esta ordem, para evitar congestões)
Odomizar – fazer odes a inserções traseiras
Olarila – forma de chamar um paneleiro
Olhão – olho de dimensões hiperbólicas; o mesmo que Boavista
Onanimismo – onanismo unânime, prática generalizada de masturbação
Opiçodele – equivalente masculino da apitadela
Oralgésico – medicamento alternativo para quem não tolera analgésicos
Orgasmar – organizar uma orgia. Daí a palavra de ordem mais ouvida nesses ambientes: “orgasmisem-se”"

Kikas
Blog FuckyTales

O diciOrdinário ilusTarado continua a poder ser encomendado aqui.

Banheira quase cheia


Vem que ainda cabes!


Depois de uma vida impiedosa, o Carlos foi lançado para a cova sem fundo.

17 fevereiro 2010

O Que Não Mata

“Não quero mais”, disseste tu, lembras-te?
Não me querias ver, nem ouvir, lembras-te?
Querias enterrar o nosso caso – foi o que lhe chamaste – e esquecê-lo. Esquecer-me. “Esquecer que tu existes, que exististe, que te amei e que nos amámos”, foram estas as tuas palavras, lembras-te?
Foste definitiva e não tiveste contemplações. Fizeste bem, percebi depois. Muito depois, mas a incapacidade de perceber antes foi minha. Só minha.
E pediste-me para ir buscar as coisas num fim-de-semana em que tu não estavas e para deixar a chave em cima da mesa. “Leva o que quiseres” disseste. “Leva tudo.”
E despediste-te com o mais frio adeus que eu ouvi alguém dizer.
Ainda bem. Foi bom. Ardeu mas curou.

Placebos de paixão

E eis que vejo
que a lado nenhum pertenço,
sem nada meu, apenas este desejo
sempre demasiado intenso,
esta fome de saudade murcha;
saudade de quê? Saudade de quem?
Não tem alguém, não perde ninguém;
não pinta, só mancha.
E eis que vejo e prevejo
o vazio imenso em mim a crescer,
pois que tanto me despejo
que nada me pode encher,
esta febre de vontade queima;
febre de quê? Febre por quem?
Não aquece ninguém? Não aquece alguém;
não arde, só chama.
E eis que me vejo
lasciva, corpo de mão em mão.
Amantes? Um cortejo,
são placebos da tua paixão.


Sei lá…

Eu não sei por que, mas me deu uma vontade de entrar pro exército…


Alguém sabe por que?

Capinaremos.com

«All is full of love» - Bjork

16 fevereiro 2010

disfarces de carnaval: Valentim


... essa é a flecha mais... doce
Raim's Blog

Ficheiro secreto

Ouviu soar a campainha às primeiras horas da manhã e interrompeu de imediato o que estava a fazer. Abriu a porta e deparou-se com o rosto do seu amante secreto, expressão determinada.
Afastou-se para lhe dar entrada e mal teve tempo para balbuciar um bom dia enquanto ele fechava a porta com um pé e a agarrava com os seus braços fortes com a firmeza que lhe conhecia e a arrastava aos poucos para o quarto onde ela bem sabia o que a esperava, já meio despida e ele todo espalhado por cima de si.
Ambos sabiam que o tempo urgia e nenhum tempo se perdia a conversar, era o prazer a comandar mais o instinto que os mantinha rotinados naquela visita ocasional mas frequente o bastante para que já nem precisassem de combinar, ele só precisava de aparecer com aquela vontade tremenda tão bem reflectida no seu olhar.
Como uma boneca de trapos via-se colocada na posição que ele decidia enquanto a comia, sôfrego pelos dias de ausência que se impunham para evitarem repetir algum tipo de convenção naquilo que nem assumiam como uma relação mas apenas como um imperativo carnal, uma terapia sexual para algumas das suas lacunas por preencher.
E ele preenchia tudo aquilo que havia, dominador, e devassava-lhe o interior com a força do seu desejo, o gosto do proibido que afinal era consentido mas só podia acontecer assim, de surpresa, num momento qualquer do dia onde se cruzassem ou nos raros dias em que soubessem o paradeiro um do outro, o que lhes denunciava à partida a sede daquela fonte de vida que os estimulava a um ponto tresloucado e os empurrava para aquele ritual mantido em segredo mas quantas vezes acrescentado em tesão pelo risco corrido sempre que ele aparecia sem avisar.
E ela entregava-se sem hesitar porque não conseguia dispensá-lo dos seus dias tão iguais, tão isentos de emoções poderosas como aquela que sentia quando ele a possuía assim, palavras poucas e só mesmo no fim de alguns minutos de uma atracção animal, inexplicável, que mantinha aquela loucura indispensável entre duas pessoas sem ligação emocional assumida, ligadas apenas por laços de um passado recente que deveria ter-se esgotado num presente que os impedia (mas apenas em teoria) de viver aquele pecado a dois.
Ele limitava-se a seguir o seu caminho depois de cumprido o desígnio que o motivava, sabia que pouco durava aquele momento que ela encaixava no seu corpo e no seu tempo e num espaço remoto da consciência que anestesiava e assim não atormentava com sentimentos de culpa que pudessem destruir o encanto daquele apelo que pretendia manter porque sentia que precisava daquela pica que lhe dava o sexo porque sim.
Não aceitava que um dia chegasse ao fim, aquela explosão aleatória de tesão tão necessária para o seu equilíbrio mental, que do ponto de vista emocional estava bem servida porque tinha, para além daquela relação clandestina, quem lhe fornecia o carinho e o amor mas lhe falhava com aquele furor que ansiava muitas vezes num fogo que a consumia e só aquele homem possante lhe conseguia apagar.
Por isso ela às vezes até queria e lutava para impor a si própria um dia para aquela situação insana acabar mas nunca não conseguia mais do que apenas adiar.

Aroma doce


Adivinho a tua voz
sobre as flores do meu jardim;
os teus gestos têm o aroma doce
de fruta madura
-adivinho-te-,
no regresso ansiado
entre um voo marcado
e uma sombria chegada.

Adivinho os teus passos na calçada
(com a preguiça habitual
das tuas manhãs de Inverno).

Foto e poesia de Paula Raposo

Cinema mudo - filme porno francês de 1920


No tempo dos nossos bisavós também se divertiam


Princesa?...


1 página

oglaf.com

15 fevereiro 2010

Amor ou sexo?

- Falo de amor ou de sexo?
- De sexo, claro. Que percebes tu de amor?
- E que percebo eu de sexo?
- Percebes?
- Só percebo aquilo que faço.
- Nunca ninguém se queixou do teu sexo, pois não?
- Também tinha alguma graça trazermos um livro de reclamações.
- Acho que os homens preferiam um livro de instruções.
- Mas só consigo falar de amor.
- Mas se falares de sexo expões-te menos, já pensaste nisso?
- É curioso não é?
- O quê?
- Isso. A exposição. Realmente não me sinto muito confortável quando levanto a pele.
- Mas se falares de sexo é bem mais aliciante. E em complemento com as imagens que escolhes funciona muito melhor.
- Pois…deve ser.
- E o amor é uma coisa complicada.
- Pois, e o sexo é descomplicado.
- Nem sempre mas é muito mais simples do que o amor.
- Mas faço sexo com amor.
- Fazes sexo e fazes amor.
- Não, faço sexo com amor.
- Isso é…complicado.
- Não é nada. Faço sexo como nunca antes. Mas aprende-se com o passar dos anos e com sorte.
- Sorte?
- Sim, sorte. É preciso sorte para encontrarmos a pessoa certa.
- E como sabes que a tua é a pessoa certa?
- Senti quando demos o primeiro beijo, quando o senti pela primeira vez, pelo arrepio na pele, no suor das mãos, no quanto me faz rir e como consigo ser genuína.
- Sem jardim secreto?
- Sim, sem jardim secreto.
- E o sexo?
- É feito com amor.
- E o amor?
- É o melhor dos orgasmos.

Não percebo nada disto mas...

... será que é por receber centenas de mensagens de Viagra que o meu computador tem o disco rígido?!

The pussy lover

Acredito verdadeiramente nisto.



Em boas condições de higiene, há poucas coisas que se lhe comparem.

* Esta imagem foi encontrada algures na web, não me recordo exactamente onde. Se é sua, avise, para crédito ou remoção.
* This image has been taken somewhere from the web, can't quite recall where. If it's yours, let me know, for credit or removal.

Porosidade etérea... e erótica






No Poesia Erótica 45, Luís Voz d'Ouro Gaspar deu-me a conhecer o blog Porosidade Etérea: "é um espaço na internet, dedicado à poesia, que já alcançou um lugar de primeiro plano na blogosfera em língua Portuguesa. Notícias, autores, eventos, lançamentos de livros, biografias, efemérides, um mundo de informação para autores e leitores, para quem, enfim, gosta de poesia. De vez em quando, informalmente, a Inês desafia os seus visitantes a enviarem poemas sobre um determinado tema. Pela segunda vez escolheu o erotismo e foi...um sucesso. Em poucos dias recebeu perto de uma centena de trabalhos."
Podem encontrar por lá os nossos Jorge Castro, Paula Raposo, Joana Well, Maria Escritos, o Quim Nogueira do Lobices (que tem andado desaparecido destas bandas) e muitos outros poetas que também ficariam muito bem por aqui.
Deliciem-se com poemas de seis poetas: “E se o riso” de Fernando Aguiar, “Clube Privado” de Fernando Girão, “L(e)itania” de Jorge Castro, “Luandino” de Maria de Fátima. “Membro a Pino” de João Norte e “Espanto deitado” de José Alberto Mar, ditos pelo Luís Voz d'Ouro Gaspar.

Ilustração - poema gráfico de Renato de Mattos Motta.

Cavalo alado

Lá, onde o tempo não inquieta,
que os meus dedos são os seus ponteiros
e os amantes são bravos guerreiros
mas só o desejo os atenta.

Lá, onde o mar não afoga
que as minhas mãos são as suas ondas
e as mulheres são fortes amazonas
mas só a paixão as ataca.

Lá, onde o ar não sufoca
que os meus seios são as suas nuvens
e os soldados são corajosos homens
mas só o amor os afronta.

É lá, nessa terna morada,
onde o tempo não inquieta,
onde o mar não afoga,
onde o ar não sufoca,
que o desejo atenta,
que a paixão ataca,
que o amor afronta,
que eu amazona, tu soldado
selamos a madrugada,
nosso cavalo alado.

Modernismo ou caralhismo?

"Para tu colección de imágenes"
luka



Fonte: Madrid Me Mata

Use camisinha, use meu amor



Alexandre Affonso - nadaver.com

14 fevereiro 2010

Raquel: conto do pântano

Inquietos, nós. A ilusão batia-me no colo do útero, tomei-a por amor? E tu? A tua ilusão parecia tão firme, sempre tão firme; escorria tanto e, mesmo assim, firme. Trespassou-me o tempo de ti? Se calhar escorreu com a ilusão; o tempo foi placenta transparente que enrolava aquele delírio liquido - eu sempre a olhar através dele, sempre através, a adivinhar o que nasceria - a deixar adivinhar o que crescia, parto fácil e fim. Rebentaram as águas que eram as tuas lágrimas e empoeiraram-me o cabelo, encheram os armários - os fantasmas, sem casa, assombraram-me o castelo. Rebentaram as lágrimas que eram as minhas águas e inundaram-te os olhos, escorreram-te para o peito - inundaram-te o castelo. Juntaram-se as duas, cresceu um pântano - era a nossa nova casa. O nevoeiro cerrado, eu estava ao teu lado e nunca mais te vi.

Coisas boas de Portugal - Bidé

O Romeiro fala de um objecto que encontra com frequência em Portugal e que, segundo ele, é erótico. Para mim também é, Romeiro.

"Só os há por cá. De resto, não tenho visto muitos bidés. Na Bélgica não os há, em África, só em alguns hotéis, nos EUA, poucos encontrei. No Japão ou Coreia, nem sombra. Poucos vi em Inglaterra, França e Alemanha, parece que os usaram e agora já não tanto. No Brasil estão a aboli-los, mas pelo menos deram uma alternativa, uma mangueirinha com chuveiro e fazem tudo na retrete (eles dizem vaso). Que povo tão criativo! Deve ser da mistura.
Tenho pelo bidé grande admiração, sinceramente, sem pingo de ironia. O Bidé é, por um lado, um objecto útil e prático, por outro, um objecto com o qual tenho uma ligação manifestamente erótica.
Do meu ponto de vista, útil e prático porque dispensa tomar banho todos os dias.
Tomar banho todos os dias só quando se justifica, com o calor do Verão, e ainda se fosse atleta ou alguém que praticasse trabalho braçal.
A água cheia de cloro estraga a pele, no Inverno tira-nos a “cera” que protege contra o frio, desperdiça-se água, polui-se o ambiente com os produtos de higiene pessoal e com o aquecimento das águas. Enfim, não compensa. Acabei de me lembrar da moda das casas modernas terem banheira de hidromassagem e/ou chuveiros com massagens. Muito lindo, quantas vezes irão eles utilizá-la/os, se andam tão ocupados a trabalhar para pagar os seus luxos inúteis?
Mas já me estou a afastar do tema. Estava eu a defender que o bidé (juntamente com o lavatório) consegue garantir uma boa manutenção da higiene pessoal. E o banho diário é dispensável.
Erótico porquê?
Não posso precisar as datas, mas havia umas versões antigas de bidés que eram arredondadas, pareciam um violino, uma forma de mulher. A imagem da mulher sentada no bidé de rabo arrebitado e a água a correr pelo seu clítoris. Para mim é uma imagem erótica. Dá-me tesão, não sei porquê…
Sempre que chego a Portugal fico contente por reencontrar um bidé."


Imagens gentilmente gamadas daqui.

Há coisas que não se podem dizer...


crica para visitares a página John & John de d!o

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13 fevereiro 2010

A melancolia dos namorados



Odair Jose - Revista Proibida (coitadito...)

Transparente

Largamos as mãos de palavras ainda dadas. Ainda chove. Ainda tudo. Ainda não. Não gosto desta chuva; é uma chuva de cabelos brancos a enrugar-nos a pele; é uma chuva que avisa: o nosso (pouco) tempo já quase se acabou. Parece que percebes. Percebes? Porque o ar fica nítido; o ar fica cinzento no azul no vermelho e os meus ombros ficam nus. Olho os teus, o tronco abre-se. Basta olhar e já nunca te digo adeus. Mesmo que saiba essas coisas coisas todas que tu queres dizer, sento-me na janela e tu ficas imóvel, de corpo nu, encostado ao vidro quente; sempre soubeste que te vejo como se estivesse do lado de fora; então puxas-me e dizes que sou de vidro. Depois sorris, terno, parado. Dizes que nunca tinhas visto vidro nu. Dedos de penas. Já é amanhã. Não podemos ficar mais. Largamos as mãos de palavras ainda dadas. É por isso que me doem os olhos, muitas vezes as noites são escuras e eu não os desvio das palavras escritas, marcadas pelos dedos molhados, no vidro. Sabes, meu amor, sempre te quis explicar que a brisa e o vento só as aves e as árvores distinguem. As pessoas não. Quem és, quando não te distingues de mim?

«heidilicious» - Heidi Klum para a Esquire

«The Canyon» por Sandro Whitson



Visto em Erotic Oddities

Técnica para ele não esfolar os joelhos na alcatifa

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

12 fevereiro 2010

nocturno

na escuridão da noite mais profunda
o teu corpo acendeu luz entre lençóis
e no véu negro e denso de penumbra
rasgou-se em grito a fímbria de mil sóis

esplendoroso o voo que trouxeste
e a tua ardência – ah um galope ardendo ao vento
de sabor tão doce quanto agreste
e um gemido muito além do sofrimento

um quarto tão vazio de inconstâncias
e depois tu a enchê-lo só de olhares
dois copos meio cheios e as fragrâncias
dos vinhos dos desejos dos lugares

percorri-te em cada alento na voragem
e senti o estremecer para aquém do frio
e és sempre tu o teu corpo essa viagem
que nem sei bem porque faz de mim um rio.

Faltas-me tu


Tenho tanto, que diria ter tudo
Tenho amigos, tenho amores
Tenho a bênção da vida
E até o sangue que escorre da ferida.
Tenho o abraço da gente que me envolve
Com um beijo e um sorriso
Dão-me um ombro, dão-me a mão
Palavras quentes, sem sermão.
Mas tudo que eu quero
E tudo que eu preciso
È a louca da sorte
Que está á minha frente
E se cola na minha pele, bem rente.
Sinto o fundo do mar vazio
Precisando da chuva
E das correntes do rio
Regando esta semente
Levando-a Mar adentro
Correndo lenta num fio.
Vivo num mundo
Que simplesmente flutua
Onde as rochas são pedra
E a areia é poeira
As flores, são meros espinhos
Que adornam a rua onde caminho.
Sem aromas coloridos
Sem os teus beijos sentidos
Sem tuas carícias em meu corpo
Sem tua respiração em meu rosto
Sem teu rosto nas minhas mãos
Trilho as pedras da minha vereda
Consumida por esta labareda
Que me faz sentir totalmente só!


Maria Escritos - 2010
© Todos os direitos reservados
http://escritosepoesia.blogspot.com

Presente


Como imaginarias o presente
se te falasse ontem do futuro?!

Sei que a tua imaginação
te elevaria muito longe
e te levaria ainda mais longe;
gosto da tua imaginação:
fértil.

Um enredo permanente,
nessa tua cabeça (essa sim, a que pensa);
na outra, pela outra e com a outra:
trato eu.

Foto e poesia de Paula Raposo

Adoro ver-te a andar de baloiço!

Programa para o carnaval


Alexandre Affonso - nadaver.com

11 fevereiro 2010

A Aliança

– Tira a aliança – resmungou ela, vendo-lhe a mão esquerda aberta sobre o colchão e o anelar marcado a ouro.
– O quê? – perguntou ele.
– Tira a aliança – repetiu ela.
– Porquê? – questionou ele.
Ela encolheu os ombros, fez uma careta e acenou com a cabeça.
– Tira! – ordenou.
Ele inspirou de lábios cerrados, olhou para a mão esquerda, para os dedos, para o anelar, para a aliança e hesitou.
– Está a fazer-te diferença? – acabou por perguntar.
– Não podes tirar?
– Agora?
– Sim, bolas – replicou ela, ligeiramente irritada. – Tiras ou não?
– Isso é uma ameaça?
– Era uma pergunta.
– Já não é?
– Continua a ser – respondeu ela, sentindo que ele preparava para se erguer e, provavelmente, sair de dentro de si.
Ele ergueu o tronco, recolhendo as mãos, que ela deixou de ver, dobrou as pernas, separando os sexos, e colocou-se de joelhos entre as pernas da mulher, pousando as mãos nas coxas dela. Ela subiu lentamente os quadris, até os corpos se voltarem a encostar, esticou o braço direito entre as pernas, pegou-lhe no sexo e penetrou-se.
– Tiraste? – perguntou ela, após uns momentos em que, em silêncio, se moviam um contra o outro suavemente, sem que ela lhe sentisse as mãos no corpo.
Ele não respondeu mas a pergunta pareceu espevitá-lo e agarrou-lhe as nádegas com força, separando-as enquanto aumentava a velocidade e intensidade dos movimentos basculantes das suas ancas de encontro às nádegas dela, sendo retribuído com igual aumento de intensidade da parte da mulher. Começaram a gemer e a respirar mais ruidosamente, dando uma banda sonora acelerada e ruidosa ao acto. Ele viu-lhe a mão esquerda agarrar-se com força à borda do colchão, enquanto, de quando em quando, lhe sentia as unhas da mão direita atingirem e espetarem-se ligeiramente o sexo na agitação frenética com ela se esfregava com os dedos esticados, e viu-lhe o rosto a querer enterrar-se na almofada. Não evitou um esgar de satisfação que não se transformou num sorriso por falta de tempo e concentração e continuou, mais rápido, mais forte.
– Foda-se! – gritou rouco, enquanto lhe dava palmadas nas nádegas, de baixo para cima, como ela gostava. – Foda-se – murmurava. – Foda-se!
– Sim! Sim! Fode-me! – gritava ela contra a almofada, espetando-lhe cada vez mais vezes e mais rapidamente as unhas no sexo. – Fode-me com força! Sim! Fode-me! Fode-me!
Sem parar, ele cruzou os braços: a mão esquerda segurou-lhe a nádega direita e a mão direita a nádega esquerda e aumentou ainda mais o ritmo, lançando-se de encontro a ela (e ela de encontro a ele) com cada vez maior impetuosidade.
A cabeceira em ferro da cama começou a embater com estrondo na parede e, entre suspiros, gritos, gemidos, palavrões, palavras divinas, rangidos da cama e de ferro contra a parede, ouviu-se o fraco tinir da aliança a cair no chão de madeira e ela veio-se e ele também.

Fantasmas

Meu amor,
nós não fazemos amor
porque fazem amor
os nossos fantasmas,
com as nossas batalhas,
com as nossas muralhas,
com a nossa dor;
eles fazem amor,
chamam-nos almas penadas,
separam-nos as almas,
e afiam-nos as navalhas.
Meu amor,
nós não fazemos amor
porque esses fantasmas
nos enganam,
nos reclamam
para as suas moradas;
nós não fazemos amor
porque eles não deixam,
porque eles nos matam,
porque quando fazemos amor
matamos esses fantasmas.

Ó Zé, fica sempre uma meia tua presa no tambor da máquina de lavar. Até parece que fazes de propósito!



O Gonçalo adorava a «Guerra das Estrelas»... e a Luzia queria uma cozinha nova.

10 fevereiro 2010

Sentidos permitidos

Como passar as narinas com suavidade por uma pétala e sentir a fragrância natural do amor que expele cada poro numa pele desejada, numa flor reencarnada em corpo de mulher que se cheira e se quer no preciso instante em que o potencial amante recebe o impacto do odor que lhe desperta no interior aquela vontade que se tem de ir mais adiante, mais além, e mergulhar sem demora no canteiro daquele jardim.
Como deslizar sem fim a atenção de um olhar pelos contornos de uma paisagem esculpida pelo vento, pela erosão, e disparar o coração num galope desenfreado pelo corpo de mulher deitado numa cama onde queremos estar para ocuparmos aquele lugar vago no paraíso que chama por nós, enfeitiçados pela imagem que recolhemos ao longo da viagem em que os olhos nos transportam sem pressas até junto das portas do céu.
Como passear as cabeças dos dedos no mais sedoso tecido, pelo corpo de mulher despido, acariciar a textura perfeita e receber em troca a maravilhosa sensação de perceber amor e tesão concentrados num único e prolongado arrepio que parecem percorrer de imediato um fio condutor, energia, das coisas ligadas à corrente do amor que se faz também pela forma sensual de tocar a perfeição com o ardor da paixão e a suavidade de quem caminha sobre papel de arroz.
Como escutar um rio desde a nascente até à foz, o desenho dos cabelos compridos espalhados pelo corpo de mulher, pelas costas, pelas margens beijadas enquanto a água se agita como fervente no seu percurso urgente até ao ponto de chegada onde a força do mar é reforçada para o confronto com falésias mais resistentes do que o betão das barragens que inventam cascatas quando o rio se agiganta e se faz ouvir imponente na vontade de prosseguir até ao fim do caminho traçado naquele corpo molhado de prazer.
Como saborear um corpo de mulher com o gosto do amor no paladar, o sexo a latejar a verdade e a consequência do coração a reagir ao sabor mais apreciado, o do corpo tão amado naquele instante em que se transforma num corpo amante e se torna mais salgado pelo suor libertado e, ao mesmo tempo, adocica o tempero da emoção que se beija e que se lambe, que se chupa e se invade com ímpeto de um exército conquistador, senão com os sentidos alerta e com a alma desperta pelas sensações mais intensas que podemos experimentar?

Maria: o conto dos monstros

Amor; há monstros e também os que vivem dentro de ti. Amor, eu não desvio o olhar deles; mesmo que os esconda debaixo da cama, eles continuam a existir; mesmo que tape a cabeça, eles continuam a olhar para mim.

Amor, há monstros e também os que vivem dentro de mim. Amor, eu não os tento ocultar; mesmo que os oculte debaixo da cama, eles continuam a existir; mesmo que tu tapes a cabeça, eles continuam a olhar para ti.

Amor, não tenhas medo de me perguntar como são os meus monstros; não tenhas medo de os ver; amor, quem sabe eles não sorriem para ti?

Amor, há monstros e também há os que vivem dentro de nós. Amor, não vamos desviar o olhar deles; mesmo que os escondamos debaixo da cama, eles continuam a existir e quando tapamos a cabeça, amor, trocamos o medo dos monstros que nos olham pelo medo dos monstros que imaginamos a olhar. E nunca os imaginamos a sorrir; e, quem sabe, eles não podem até sorrir para nós?

Não tenhas medo de encontrar os meus monstros nas tuas perguntas, meu amor.

Linda Carochinha



JF - "A Carochinha à espera do João Ratão"

Gonorreia aviária


Alexandre Affonso - nadaver.com

09 fevereiro 2010

Desafios (!)


Pela foto, ele era giro.
Mais que giro.
Alto, com tudo no sítio
e (!) com menos 22 anos do que eu.

Encontrámo-nos perto do casino
e lá fui no carro dele até à Ericeira.

Onde é que ele me leva?
Pensava eu pelo caminho
- confesso o nervosismo -
que até me pareceu mais bonito
do que de outras vezes.

Ainda parámos para beber um café.

Estacionou o carro numa rua
cheia de casas de aldeia.
Ninguém em casa e o quarto arrumadinho
(coisa que pouco me importou na altura),
a partir daí foi a luta corpo a corpo.
Valeu tudo menos tirar olhos (!!)
Enorme o gozo.

Trouxe-me de volta (com o ego bem cheio),
sã e salva.

Nunca mais o vi; nem me lembro do nome.

Foto e poesia de Paula Raposo

Uma simples questão.

Vejam a foto abaixo e respondam:



A eterna dúvida entre uma boa conversa ou sexo sem compromisso…

Capinaremos.com

Reebok EasyTone



A «pancada» rosa
*

* berserker - guerreiro nórdico que combatia como louco

1 página

oglaf.com

08 fevereiro 2010

Sim, são lésbicas. E depois?

Teresa Pires e Helena Paixão são duas mulheres, cidadãs portuguesas, que enfrentam enormes dificuldades financeiras e outras ainda piores não por serem lésbicas mas, para minha vergonha enquanto cidadão do mesmo país, por terem a coragem de assumir a ligação e o seu amor de forma pública.
Se para mim já é impossível entender qualquer tipo de descriminação de pessoas em função das suas preferências (homos)sexuais, repugna-me ver gente corajosa pagar um preço por renegarem a hipocrisia e rejeitarem a clandestinidade envergonhada.
O calvário vivido pela Helena e pela Teresa tem assumido proporções abjectas, sendo sujeitas a todo o tipo de discriminação que afinal não passa de uma represália por serem pessoas frontais e com os tomates que faltam aos indecentes cobardolas que as hostilizam.
É indigna a intolerância, seja manifestada a que pretexto for, quando estão em causa opções individuais que em nada afectam terceiros (quem não gosta não come) e ainda menos são contas do seu rosário.
Pior ainda, é nojento que duas pessoas sejam marginalizadas ao ponto de raramente conseguirem permanecer na mesma casa por mais do que alguns meses e não conseguirem manter um emprego só porque assumem que se amam e fazem vida juntas.
Sim, para este como para todos os efeitos é de pessoas que se trata. Não sei se são boas ou más pessoas sequer, nem me interessa. Sei que tiveram um acto de coragem ao darem a cara diante de câmaras de televisão quando reclamaram um direito que a Lei hoje reconhece e isso basta-me para me orgulhar de serem portuguesas como eu.
E não me venham com ideologias, que sou de esquerda e mais não sei o quê, pois o respeito pela diferença não é uma questão política ou partidária. Ninguém me verá advogar a homossexualidade, da mesma forma que não pretendo converter alguém à minha onda hetero. Cada um/a sabe de si e eu respondo pelas minhas escolhas e não tenho o direito de não permitir que os outros respondam pelas suas com exactamente a mesma liberdade de actuação e sem por isso sofrerem punições sociais.
Cabe na cabeça de alguém que façam a vida negra às pessoas pelo motivo em causa? Querem o quê, que as pessoas se escondam, que mintam, que tenham vergonha de si próprias por serem diferentes? O que ou quem concede esse direito? E que pretendem de facto obter com tal comportamento, alguma espécie de normalização, de padronização das pessoas em função do género? E da cor, não é? E do estatuto social, que tal?
É mesmo uma questão de princípio daquelas que nem requerem muita inteligência para lá chegar: as pessoas têm o direito a viverem as suas vidas como entenderem, desde que não interfiram de forma alguma com os direitos dos outros.
E na questão de que vos falo, a da vergonhosa conduta de cada autor de um gesto hostil para com duas pessoas pelos motivos que refiro, não existem direitos a invocar.
Existem deveres de respeito, de consideração, de decência e de vergonha na cara que ninguém dispensa nos outros e, nem que seja só por isso, devemos todos assumir por inerência.

Nudez

Perdoa-me, meu amor,
se chego demasiado tarde
ou demasiado cedo,
no teu tempo.
Em mim, só a sede decide,
a vontade é brinquedo
nas mãos despidas do teu corpo.

Perdoa-me, meu amor,
se te desejo quase tudo
ou quase nada,
na tua vontade.
Em mim, só a fome manda
e o tempo, esfomeado,
come da tua nudez a saudade.

Perdoa-me, meu amor
se quase nada vejo
ou se vejo demais,
na tua imagem.
Em mim, só ordena o desejo
que me cegue nos temporais
e me seque nua na tua folhagem.

«Curvas Perigosas» (1 e 2) - Maitena

A cartunista argentina Maitena publicou estes dois livros sobre o muito cuidado que é preciso ter com... as curvas. E as feminininas, bem mais perigosas que as do asfalto, como referem nesta sinopse: "Maitena escolheu as curvas porque sabe como ninguém que as voltas mais perigosas não são exatamente as do corpo, mas as da mente. (...) não há chefe ou marido capaz de deixar uma mulher tão alterada quanto um rabo caído ou um centímetro a mais de cintura. Tudo bem, as mulheres não são todas iguais, mas passam pelas mesmas coisas e, por tabela, os homens ao lado delas também."
A partir de agora, também na minha colecção.



Dois exemplos dos conteúdos:


Círculo vicioso.



A luz da razão.

07 fevereiro 2010

Novo ciclo


Em tempos idos
disseste que eu não existia;
era uma miragem,
porque os meus olhos
reflectiam o meu pensamento.

Nesses tempos idos
disseste tanta coisa que já esqueci;
entretanto, perdi-me, por aí,
porque os olhos deixaram
de entender.

Os tempos são idos
e com eles a penumbra
fechou-se:
- um novo ciclo se inicia.

Foto e poesia de Paula Raposo

Diálogo sobre bigodes (e Rosas) no Facebook

São Rosas: "A um homem fica bem usar bigode de vez em quando"


Rui P.: "Sim... São Rosas, tens razão: «de vez em quando um bigode fica bem a um homem»; Eu diria mais: até numa rosa um bigode fica a matar!"

Os segredos do sexo oral

Uma fera na cama!


crica para visitares a página John & John de d!o

06 fevereiro 2010

Livro de Eros (fragmentos)

por Casimiro de Brito


967

Cuida-te, amor. Ama. Debruça-te e colhe a flor. “Carpite florem”, que se não for colhida por si mesma cairá. Sem beleza, cairá. Onda dura. Mais dura do que a rocha, se a não escava. São essas águas, tépidas e flexíveis, as do teu corpo, de que preciso para sobreviver; é o mel da tua língua e a carícia interior do teu sexo de que preciso para limar e arejar e amolecer a pedra triste do meu corpo. “Tu mihi sola places!”

993

O teu sexo quando o orgasmo sobrevém:
uma caixinha de música molhada.

1011

Amo-te porque não te conheço.

Saibas tu manter-me na ignorância dos teus enigmas.




Fotografias de Luís Mendonça

Susana: um simples conto

Não, meu amor, a questão fatal não é se vamos conseguir - a vida é um novelo nosso de sucessos e insucessos; a questão que tudo pode esmagar, bastante mais escondida - os alicerces estão sempre escondidos - é se vamos tentar. E eu aqui, a olhar-te sem te conseguir tocar, presa nesta minha incapacidade de te responder... E eu aqui, atenta a ti sem te conseguir dizer; presa na falta de fé que transpiraste, de passos presos de tanto medir os teus. E chega a apatia, este saber ter-te apenas em momentos e nunca te chamar; e chega o hedonismo, este leve habitar-te num momento de sonho, sem nunca sonhar com os momentos colados, sem saber como sonhar com um amanhã. Inundas-me as horas, sim, mas as horas são estanques e não transbordam dias, nem semanas, nem meses, nem anos, nem vida. Sei abrir a porta do quarto mas não sei abrir a porta de casa e, meu amor, a janela está muito muito alta.

Dança erótica num filme de 1910

Quando o filme «Afgrunden» foi exibido pela primeira vez em 1910, esta cena com uma dança da actriz Asta Nielsen causou um grande burburinho (palavra tão gira e há que tempos eu não a escrevia).

Uma Verdade Inconveniente!


Nem .wmv!

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