12 fevereiro 2010

nocturno

na escuridão da noite mais profunda
o teu corpo acendeu luz entre lençóis
e no véu negro e denso de penumbra
rasgou-se em grito a fímbria de mil sóis

esplendoroso o voo que trouxeste
e a tua ardência – ah um galope ardendo ao vento
de sabor tão doce quanto agreste
e um gemido muito além do sofrimento

um quarto tão vazio de inconstâncias
e depois tu a enchê-lo só de olhares
dois copos meio cheios e as fragrâncias
dos vinhos dos desejos dos lugares

percorri-te em cada alento na voragem
e senti o estremecer para aquém do frio
e és sempre tu o teu corpo essa viagem
que nem sei bem porque faz de mim um rio.

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