19 fevereiro 2014

«morte à "gaja boa"» - bagaço amarelo

Aviso: este texto é só para homens

Há uma relação directa entre a quantidade de vezes em que um homem chucha no dedo sozinho e aquelas em que diz que uma gaja qualquer é boa. Eu, sempre que ouço um tipo qualquer dizer que "aquela gaja é mesmo boa", tiro automaticamente a conclusão de que ele é apenas um pobre solitário, uma espécie de satélite longínquo do planeta em que queria tocar. A má notícia é que elas tiram a mesma conclusão. Com excepção, claro, da Scarlett Johansson, que é mesmo boa. Quando um gajo me diz que a Scarlett é mesmo boa, eu aceno afirmativamente com a cabeça e, lá está, passo a ser eu o satélite.
O problema da "gaja boa" não é apenas semântico. "Boa" podia querer dizer generosa (na maneira de ser e não nas formas) ou justa (na maneira de ser e não não nas formas), mas todos sabem o que é que aquilo quer dizer realmente. Não é que seja mau olhar para uma mulher por causa do seu impacto visual, mas é demasiado mau parecer um cachorro abandonado e a salivar, que é o que parece um gajo qualquer quando diz que "uma gaja é boa".
Por tudo isto declaro morte à expressão "gaja boa" e anuncio a boa nova, ou melhor, a mais ou menos nova. Devemos todos começar a dizer que as gajas são mais ou menos. É preciso ser inteligente e não parecer um cão que não come há duas semanas. Ao dizermos que uma gaja é mais ou menos, mantemo-nos no mesmo patamar dela. Impedimos que ela passe a olhar para nós como seres miseráveis e tristes que só pensam em sexo. Com excepção, lá está, da Scarlett Johansson. A essa podemos dizer que é boa, até porque é mesmo.
Se todos passarmos a dizer que as gajas são mais ou menos, não ofendemos ninguém e damos aos piropos um ar mais elegante e selecto. Com o tempo e com a habituação até podemos, eventualmente, começar a dizer coisas como "tu és mesmo toda mais ou menos" ou "mas que gaja tão mais ou menos". É melhor para todos, acreditem. As mulheres vão passar a olhar para os homens como seres que comem de faca e garfo, não fazem barulho a beber chá e nunca têm gases e, no final de contas, o desabafo pavloviano está lá na mesma.
Boa sorte, ou melhor, uma sorte assim assim.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»