"Menina Sãozinha a menina desculpe a minha ausência eu não escrevo mas veinho-me çempre aqui e inté levo as futugafrias ca menina Sãozinha aqi pranta pra mustrar ao Senhor padre Amaro çim qeu sou uma boa paruquiana e mudole a cama de lavado todas as noutes mas como ê ia dezendo eu não tenhome vindo aqi proqe estive no estrangeiro de fora em Aiómonte não não fui comprar caramelos eu à menina Sãozinha contole tudo é que eu conheci uma senhora a Madame Tetas que não desfazendo na menina Sãozinha é uma senhora de Lisboa muito fina e muito culta e também muito caridosa recolhe meninas abandonadas estrangeiras e tudo e dá-lhes cama mesa e roupa lavada e até lhes arranja companhia para elas não se sentirem sózinhas ora eu tenho uma vida apertadinha só com os erozitos que o meu Alfredo Corno traz para casa e espere aí um bocadinho menina Sãozinha que eu vou mudar de folha
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disse-me então a Madame Tetas que eu tinha que ir ao estrangeiro pelo menos umas 3 vezes por ano para bem daquela gente lá de fora é que eles tadinhos só comem coisas adolteradas cheias de químicos silicones e tintas e tudo rapado que é uma vergonha ora eu sou uma moçoila como deus quer corada do sol com pêlos nos sítios certos e muito arejada e limpa sim que eu só me lavo por cima e por baixo no ribeiro aqui da aldeia e não uso aquelas indecências que já vendem aqui na feira do último domingo do mês e que chamam de tanga a menina Sãozinha desculpe a palavra mas já viu o cheiro caquilo deve ter enfiado no cu eu não uso nada porque à coisas que devem ser bem arejadas então menina Sãozinha a Madame Tetas escreveu a uns amigos todos gente muito fina importante rica e temente a deus nosso senhor açim como igual à menina Sãozinha e esses senhores vêm-se encontrar comigo para eu lhes fazer a caridade eu não peço nada mas eles oferecem-me dinheiro e muitas prendas e eu aceito espere aí menina Sãozinha que eu tenho
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a letra gorda mas dizia eu que aceito como aceito os santinhos que o nosso Padre Amaro me dá e foi isto que eu fui fazer a Aiómonte mas veja lá a menina Sãozinha que até já vêm senhores de Uelva e Sevilha e até de Bracelona claro que o mê Alfredo Corno pensa que eu vou dar catequese e cursos de cristandade aqueles mouros órquechopes é como lhes chama o nosso Padre Amaro e truxe bom dinheirinho até dá para comprar um carrito ao Senhor padre que não o quero ver á noite quando lhe vou fazer a cama tão cansadito da biciqueleta também truxe caramelos e torrões para a menina Sãozinha e para as outras meninas e meninos caqi çe vêm arreceba um forte abraço desta sua criada e que sassina
Parvinha da Silva"
Obrigada, mas caramelos espanhóis agarram-se aos cortinados. Um presuntito pata negra e uma garrafa de Rioja, ainda vá cona vá...
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Uma por dia tira a azia