"Enquanto descasca as batatas semi-moles e cheias de grelo, Rosa pensa em como foi injustamente apelidada de puta infiel pelo marido, pela família e por toda a gente que conhece. De pé junto à pia da loiça em mármore azul impecavelmente limpa, vai limpando as lágrimas que lhe caem pela cara abaixo com as costas da mão que segura a pequena faca de cabo de madeira.
Ela não compreende como um sacrifício que fez para proporcionar bem estar e felicidade ao seu bem amado se tornou na ruína da sua reputação, na ruína da sua vida pessoal e profissional.
Tudo começou há um ano atrás.
Rosa terminou o curso de engenharia do papel juntamente com o seu mui amado noivo, um tanso que terminou a sua licenciatura em engenharia do parqueamento. Radiantes, os dois pombinhos fazem promessas de futuro e outras balelas do género.
Entretanto, surge uma oportunidade de estágio em Moçambique que Rosa não pode desperdiçar. Cinco mil euros por mês com tudo pago durante um ano era o que precisava para começar a vida com o noivinho.
Vai para Moçambique e lá começa a trabalhar. Mas há algo que a atormenta. Algo que a deixa desesperadamente ansiosa e que teme que venha a ser um handycap na sua relação futura com o parolo do noivinho: a sua fraca performance sexual por falta de treino.
Ao que parece, o totó do sujeitinho com quem ela se viria mais tarde a casar, era demasiado devoto e amigo da castidade. Mas estranhamente, existem histórias de um episódio sinistro num balneário masculino duma equipa de voley em que ele foi um dos protagonistas.O noivo gostava de ficar durante longos minutos debaixo do chuveiro de água escaldante com os braços abertos a esfregar-se com uma esponja tunisina. O pessoal da equipa de voley já estava todo a secar-se e a vestir a roupa quando entra o Leôncio, um angolano com dois metros de altura que chegou atrasado para o banho.
(...)"
O que irá acontecer ao nosso herói no chuveiro já nós adivinhamos...
Podes ler o resto do dia de treino aqui, na versão final.
Este conto foi originalmente publicado aqui, no blog Jukinha Má-Onda.


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