17 janeiro 2008
rogério
É um dos muitos momentos de insónia nas minhas noites. Acordada, dou ainda duas ou três voltas na cama, esperando que o sono tenha ficado por perto para que o possa agarrar ainda com as pontas dos dedos. Mas não. Como noutras noites, tinha saído a galope, fugido de mim como eu mesma tantas vezes faço.
Acordada, a noite ainda a meio, procuro não me angustiar com as horas de vigília forçada. O meu corpo está quente, entre os lençóis. Sabem-me bem as minhas mãos na pele amaciada pela cama. Toco-me devagar com o sorriso escondido que me dá a certeza de ser eu mesma a minha melhor amante. Surpreendo-me escondendo entre as pernas a minha mão direita, fazendo-a entrar por entre as cuecas, tocando-me primeiro devagar, depois mais assertiva. A minha mão esquerda desvia as alças do top, fá-lo descer um pouco e afaga e esmaga e aperta e celebra como nunca ninguém saberá fazer, as minhas mamas pequenas, quentes e macias.
Venho-me. Para mim apenas. Sem fantasias outras que me distraiam, que repartam o mérito deste orgasmo solitário com que encho a insónia e os sentidos.
Levanto-me para fumar um cigarro, na janela de outro quarto que não aquele onde durmo, do quarto onde guardo o computador, os discos antigos, outros pedaços de vida e de história. O computador avisa-me da chegada de novo email. Vou espreitar. Do outro lado da noite chega-me este pedaço de ti. Abro a foto e a minha boca ainda encortiçada pelo orgasmo recente, começa lentamente a encher-se de saliva, uma saliva grossa, a do desejo. E imagino, quase sinto, esta tua carne, este teu sangue na minha boca, a minha língua passando arrastando a pele, descobrindo a tua maior sensibilidade, os meus dedos na tua boca, procurando e encontrando suavemente a tua língua. Olho para a foto que me enviaste e este pedaço de ti, esta virilidade a preto e branco é tão real que a minha boca está cheia de ti, que te sinto os impulsos, que te sinto contra a minha garganta, que sinto a minha língua envolvendo-te, quente, tão quente tu, desse lado da noite.
Depois, de olhos fechados como se viesse o sono, fico a degustar o sabor do esperma que não me deixaste na boca, mas que podias ter deixado, se o teu lado da noite e o meu lado da noite fossem, esta noite, o mesmo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Uma por dia tira a azia