30 março 2009

Mas este gajo não pára?!

Este tal de Paulo Moura apareceu há duas semanas com uma carta ao Correio dos Leitores do jornal «Gazeta das Caldas». No «Expresso» da semana passada saiu um artigo sobre a louça malandra das Caldas em que referiam que "recentemente, um coleccionador de Coimbra sugeriu a criação de um Museu do Erotismo nas Caldas".
E na passada sexta-feira a «Gazeta das Caldas» publicou um extenso artigo com uma reportagem com esse gajo que me anda a imitar e, mais estranho ainda, é indicado como co-autor deste meu blog quando ele - garanto-vos - nunca pôs cá os pés!

“As Caldas da Rainha era a cidade ideal para se criar um Museu do Erotismo”

"Tem a maior colecção de objectos eróticos do país e já propôs ao presidente da Câmara das Caldas cedê-la para integrar o museu português do erotismo, à semelhança do que existe noutro países. A cidade da tradição cerâmica tem condições ímpares para isso, afirma Paulo Moura, gestor, que guarda na sua casa, em Coimbra, um invulgar acervo que merece ser exposto.
“O que para mim é importante é desmistificar todos os tabus e preconceitos ligados ao erotismo e apresentá-lo como algo o mais natural possível”. Paulo Moura, 48 anos, licenciado em Economia, com obra publicada na área da Gestão, é casado, tem duas filhas e até prefere não ser fotografado. Tem um hobby que começou como brincadeira – coleccionar tudo o que tenha a ver com o erotismo, actividade a que se dedica nas horas vagas, a par da participação num blogue de que é co-autor e que se chama “a funda São”.
“Quando estava na tropa trouxeram-me umas ampolas de vidro com uns motivos eróticos no interior, uns bonecos muito perfeitos, uma verdadeira obra de arte, que vim a saber mais tarde que eram de um vidreiro da Marinha Grande que, após o trabalho na fábrica, fazia aquilo em casa”. (Como os caldenses se recordam estes objectos eram fabricados na cidade vidreira para serem vendidos nas Caldas durante a ditadura, uma vez que nesta cidade havia uma espécie de tolerância para este género de actividade.)
Foi este o início de uma colecção que o então aspirante miliciano não imaginava que viesse a somar, anos mais tarde, milhares de artigos entre peças históricas, revistas, livros, cartazes de cinemas, brindes publicitários, relógios, amuletos, artesanato, desenhos originais, mecanismos, amuletos, moedas e até pacotes de açúcar e chávenas de café.
Um espólio amontoado em dois anexos de uma vivenda nos arredores de Coimbra, no qual predominam, naturalmente, as peças em cerâmica. Ex-gestor das Faianças Subtil nas Caldas da Rainha, Paulo Moura, conhece a cidade e engrossou a sua colecção com típico artesanato caldense.
Há dois anos propôs ao presidente da Câmara ceder a sua colecção para um Museu do Erotismo nas Caldas através de um protocolo onde ele próprio pudesse também ter algum grau de envolvimento.
“Vender isto está fora de questão, até porque é uma tarefa sempre inacabada”, diz. “Mas doá-la, cedê-la, emprestá-la, enfim, arranjar uma maneira de a mostrar ao público era algo de que gostaria porque seria o início de um projecto que ainda por cima pode ser rentável”.
O coleccionador já teve uma proposta para fazer algo idêntico em Albufeira, num negócio que beneficiaria do vasto mercado turístico algarvio. “Mas é muito longe e eu não poderia participar... Acho que as Caldas é que era o sítio ideal para expor isto”, reafirma, descartando qualquer intenção de protagonismo. “Assumidamente, o meu único interesse é divulgar a colecção”, diz de forma peremptória.
Paulo Moura concebe este projecto instalado numa casa de habitação no centro das Caldas. “Nada de armazéns e de espaços amplos onde isto se perca. Tem de ter o seu quê de intimista, com salas temáticas, uma biblioteca, uma loja e zonas para fazer exposições temáticas”, refere. Uma das ideias era integrar no museu uma oficina de artesanato que reuniria alguns artesãos, onde estes poderiam trabalhar ao vivo.

Erotismo é o amor pelo sexo

Mas afinal o que é o erotismo? Entre tantos objectos, quais são dignos de figurar num museu?
O coleccionador não gosta da palavra “museu” porque tem associada uma carga pesada, voltada para o passado. Prefere falar numa Colecção ou Exposição do Erotismo. E quanto à definição prefere uma abordagem simples: “Erotismo é o amor pelo sexo; pornografia é o sexo pelo sexo”.
Lapidar. Apesar do seu blogue “a funda São” ter conteúdos que oscilam entre uma coisa e outra pois as fronteiras nem sempre são fáceis de estabelecer.
Em Paulo Moura, o que mais lhe agrada são as inúmeras ramificações a que o tema erotismo se presta e que são bem patentes na sua colecção.
Há o óbvio: as peças de escultura e de artesanato, as estatuetas vindas da Indonésia, Nova Guiné, Venezuela, Índia, Brasil, Tailândia e ...das Caldas. Mas há objectos arqueológicos romanos autênticos e também réplicas. Há peças em marfim, em porcelana, em madeiras nobres e também muita coisa em plástico.
Depois há os livros e revistas. Banda desenhada erótica do séc. XIX, edições de respeitáveis publicações dedicadas ao sexo, há poesia e romances, há abordagens históricas, fotográficas, um sem número de ângulos e formas de abordagem destas temáticas.
Há artigos da Letónia e porcelana russa, frascos de perfume da China, chávenas de café portuguesas. E também velhos películas para ver em Super 8, filmes VHS, imagens a preto e branco em vários suportes.
E descobre-se que há também objectos, cartazes, utensílios do nosso dia a dia aos quais não atribuímos nenhum significado erótico, mas que, aqui, fazem todo o sentido. Afinal, a publicidade e o marketing não têm exactamente como objectivo fomentar o desejo? E quantas mensagens subliminares não estão presentes em inúmeros sacos, posters, embalagens e nos próprios objectos?
Com um valor superior a 200 mil euros, parte desta colecção permanece encaixotada, sendo muitos os objectos e livros que se não vêem.
À espera, talvez, de uma cuidada selecção e catalogação a fim de figurarem num espaço aberto ao público. Nas Caldas da Rainha...?
Carlos Cipriano"

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