08 março 2009

Um conto de fodas


Caros telespectadores, estamos em directo para a abertura do Telejornal para vos dar conta do processo de avaliação de desempenho de uma funcionária pública que neste preciso momento se encontra no telhado do ministério, em saia de xadrez e sutiã preto Intimissimi, passe a publicidade , ameaçando não sair dali.

De acordo com os colegas ouvidos aqui no local quando no início do ano foram negociados os objectivos nada faria prever este desfecho. Alvitra-se mesmo que a funcionária passou religiosa e diariamente a engraxar os sapatos do chefe em cada manhã e meia hora antes da saída, de acordo com os objectivos traçados, assim como a ir buscar o café à máquina às onze menos um quarto e a abastecer a viatura do chefe no posto de gasolina mais próximo sempre que necessário. Há até quem garanta que ela excedia o seu perfil quando comprava exemplarmente as prendas e os ramos de flores para a esposa do chefe. Contudo, de acordo com fontes geralmente bem informadas mas que querem manter o anonimato com receio de serem penalizadas nas suas avaliações, não terá a dita funcionária conseguido a classificação de Excelente já que o chefe entendia que tal passava por um empenhamento mais físico na área comportamental, tal e qual as suas competidoras na mesma categoria e dando graças por não ter nascido gajo, particularmente naquele dia e disso terá dado sinais claros debruçando-se sobre a blusa da funcionária assim como quando depois rodou à sua volta até encostar toda a zona abaixo da fivela do cinto à saia dela e com tal ímpeto que ela até deu uns dois ou três passos à frente. A impensável recusa da funcionária em aceder a tal premissa que era a margem de manobra para lhe aumentar a nota terá despertado sentimentos de ingratidão profunda no avaliador que alega não lhe ter rebentado todos os botões da camisa e alarvemente enchido as suas mãos com as mamas dela antes da dita correr porta fora meia desnuda até parar no telhado garantindo assim o momento alto da nossa reportagem.

A bem do contraditório já procurámos indagar das razões da funcionária recorrendo a um megafone mas a recepção das suas palavras aqui na rua é muito má e apenas conseguimos entender a repetição insistente de um verbo regular acabado em "er" e enquanto aguardamos a chegada dos bombeiros daqui é tudo, estúdio.

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