03 junho 2011

Simbiose

Apesar do cansaço, quando me apercebo de mim, quando me toco e me vejo, encontro a serenidade. Sou apenas ossos e mais alguma coisa; sem os olhos cheios, ainda menos teria para te dar. Entende que me ergues outro esqueleto, o esqueleto da calma, o único que sustenta o corpo da força; no meio da bruma do medo, eu hei-de andar direita, eu não hei-de trair-me. Dou-te eu, sim; se tu estás dentro de mim, qual de nós deu o quê a quem? Continua a anoitecer demasiado cedo mas o Sol, antes de se retirar, mostra que nunca se rende e derrama a luz pelo céu, ela vai acender-nos a cama, lençóis de pele do avesso. O céu do avesso fica mais bonito, é a verdadeira ponte sobre o tempo que atravessa o rio e a tradução que nos flui da vida. No espelho dos avessos, eu não me vejo, ele reflecte minutos atrás, horas atrás, dias atrás; eu olho para a frente, moro no agora, estou a caminho, tudo o que dei já não tenho para me desassossegar; tu tomas conta da viagem, dos nossos pés, eu continuarei a sonhar.

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