Decidi escrever sobre este tema, não só por se tratar de um assunto deveras interessante para os fãs do cinema para adultos, mas também porque sempre me ensinaram a falar apenas sobre aquilo de que percebo. Há diversas observações a fazer acerca deste tão complexo tema, das quais escolho, para começar então, os títulos dos filmes para adultos. Acho que todos já se aperceberam que enquanto os filmes dramáticos ou cómicos têm sempre títulos desinteressantes e secos (ironia), os títulos dos filmes para adultos são sempre de colar qualquer um à capa, já para não falar da forte curiosidade que despertam em nós de os assistir. Em contraposição ao “Pianista”, temos, por exemplo, o “Canalizador”, onde o canalizador vai a casa da rapariga para lhe tratar dos canos, mas se por um lado desentope um deles, acaba por entupir mais qualquer coisa antes de se vir embora. De forma semelhante, da mesma maneira que temos o “A Vida É Bela”, temos também o “A Vida Da Bela”, onde esta leva, vamos lá, uma bela vida. Há também os célebres casos dos filmes que ficaram para a história como o “A Casa Ficou Blanca”, o “Menino de Pau Duro”, “O Rei Porcalhão” e “O Padrasto”.
Outra coisa a salientar nos filmes para adultos (para além das que já se salientam nos mesmos), são os nomes das actrizes. Faz parte da alínea c) do artigo 13º do protocolo dos Actores Crescidos, o facto de todas as actrizes terem que ter um nome começado pela letra K. Seja ele “Kassandra”, “Karina”, “Katia Vanessa” ou “Karmen”, tem, obrigatoriamente, que começar pela letra K.
Partindo para outro aspecto da indústria (uma vez que “partir” e “rebentar” são palavras-chave dentro da mesma), parto então agora para a história de um filme destes, propriamente dita. Há três tipos de filmes pornográficos: há aquele em que há uma turma de sete ou oito alunos, em que uma das alunas é rebelde, usa saias ao xadrez, curtinhas e justas às coxas, camisa branca, semi-transparente, sem deixar espaço para os mamilos respirarem, sem soutien e cuequinha de fio-dental, onde o professor a faz ficar na sala, depois da aula, a dar-lhe uma lição porque ela se portou mal; há aquele em que a cheerleader vem mais cedo do treino para o balneário, toda transpirada, e o professor de Educação Física, por acaso, estava lá à procura de qualquer coisa que deixou cair; e há aquele que começa com uma música de Jazz Fusão, enquanto uma latina toma banho na cabina de duche, de salto alto e porta aberta, enquanto esfrega, com água, a mesma parte do corpo repetidamente até escamar. Há, também, que questionar o facto de os actores comunicarem entre eles as deixas para entrarem em cena. Como é que será que o actor sabe o momento em que tem que entrar em cena? Será que eles combinam um código entre eles? Do género, ela passar o polegar três vezes seguidas no mamilo esquerdo e ele pensar “Ok, é agora”? E depois o pormenor do salto alto no duche! Eu preciso de usar o tapete de banho antes que escorregue e mande um tralho, mas esta menina, só para mostrar quem manda ali, não só toma banho sem tapete como também o faz com tacões de quinze centímetros em cada pé.
E da mesma maneira que eles têm que decorar os sinais para entrarem em cena, têm que decorar o texto do guião, que é complicadíssimo, também.
Para finalizar, queria só fazer a distinção entre um homem e uma mulher enquanto vêem pornografia. Enquanto o homem está mais atento a olhar para as maminhas da actriz, a namorada dele está mais preocupada na decoração do cenário, e a questionar-se se o sofá onde os actores se encontram foi adquirido no Ikea, e se ficará bem na sala dela.
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