07 agosto 2011

Corpo de madeira

Eu não posso escrever poemas
eu não escrevo poemas
só algumas meras linhas
com algumas, umas poucas, rimas
que formam um corpo inerte
apenas um corpo inerte
como um Geppetto que, por amor,
(só por amor)
molda o seu Pinóquio de fria madeira
e triste, sozinho, espera
que lhe chegue a vida, o calor,
pediu-os, à noite, a uma estrela cadente.
Mais, eu nem sequer posso pedir
vida para o corpo das minhas linhas
não é coisa que se peça, o vosso sentir
ou bem que sentem, ou bem que não sentem
os olhos do peito alheio nunca mentem
e o corpo do meu boneco de madeira,
frio, sem vida, espera
entrar, pelos olhos, num peito
apenas dessa maneira
será vivo e poema completo
o filho destas mãos de Geppetto.

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