O calor da esplanada empurrava a cerveja e os caracóis goela abaixo como as minhas pupilas nos seus lábios molhados. Até que os resquícios de espuma nos seus beiços os tornavam mais macios e absorventes e eu não resistia a debicá-los e a trocar restos do molho dos bichinhos na ponta da língua. As suas mãos besuntavam-me os joelhos com a esperança de se alongarem e eu protestava a injustiça de não lhe poder encher as calças de nódoas. Ele fazia notar, de sobrancelhas levantadas e olhos fixos entre as minhas alcinhas que também não corria o risco de ser multado por atentado ao pudor catapultando-me as mamas para fora dos triângulos de pano que trazia suspensos por fios.
Ao cabo de um número de imperiais que não inviabilizava desenvolvimentos posteriores levantámos-nos da mesa dando passagem gentil e oficialmente ao outro para esconder o intuito mútuo de não falhar um apalpão no traseiro.
Fomos pagar ao interior do tasco onde uma tela gigante emitia futebol. E vi os olhos dele plasmarem-se naquelas pernas a correrem pelo relvado aos pontapés enraivecidos a uma bola. Puxei-o para fora do balcão e num sussurro pedi que me garantisse que era homossexual ou que não gostava de futebol que da trindade masculina eu só suportava a cerveja.