Foto: Paul Torcello
A pele cheira a amoras e anseia pela noite. Opta por não olhar para o céu para que o seu Universo seja apenas terreno. Não quer que a Lua lhe retire o desejo de se tornar predadora das criaturas noturnas. Sai sem destino mas com a vontade de exibir por entre a escuridão o véu que lhe cobre a pele. Os galhos, os ramos e a grandeza das árvores são, a par dos seus passos, a única solidez com que se depara. Entrega-se ao calor e, com a sabedoria que só ela conhece, liberta-se do corpo e eleva-se sorrindo para si mesma, sabendo que é capaz de, a cada dia e cada noite, vestir mais uma camada de pele que a protege dos astros e das intempéries.