09 setembro 2012

Teoria dos Três Cês


Oh Senhor Doutor, receite-me Prozac ou Xanax ou outra coisa qualquer, mas eu quero parar de sonhar com ele.

Acordo a meio da noite como se o odor dele guiasse a minha mão para descobrir os seus caracóis e um pénis que se avoluma para lá dos meus dedos e torna tão real a sensação das suas mãos dedilhando os meus mamilos. Aquela barba, crespa e negra, sorrindo de forma cúmplice, catapulta-me para as piadas diariamente trocadas entre cada vinte e cinco palavras escritas. E Senhor Doutor, até adivinho um pneuzito sob a camisola de malha grossa por onde me apetece escorregar a língua em linha recta, do umbigo até à nascente dos testículos. Imagem a imagem passam tantos emails trocados à razão de um humor comum, no intervalo de cada artigo. E depois surge o seu corpo todo, cara, pescoço, mamilos, braços, pernas e pés como um polvo colando as suas ventosas em todos os poros excitáveis de mim para acabar a deleitar-me nas metáforas usadas nos poemas que me mostrou junto à máquina de café. Pudesse eu saborear a fusão da sua glande a tocar o meu útero, contraindo ritmicamente as paredes de mim e certamente Senhor Doutor, não estaria aqui a suplicar-lhe químicos.

Pois é, Senhor Doutor, porque como praticante de solidariedade feminina, só me resta reconhecer, como dizemos entre amigas, que está tudo na Teoria dos Três Cês: os homens interessantes ou são casados ou comprometidos ou concorrentes.