estou nua,
e o espelho, à minha frente.
oiço a passagem de uma borboleta azul
que se poisa no ombro onde, outrora,
habitou a suave flor de um beijo, e o sabor
das romãs, desocultadas da noite,
vencidas pelas manhãs cansadas
...
do amor e da seda
dos teus braços.
na nudez,
celebro as asas da noite.
a noite em que, nua, me desfiei sob o olhar
que me navegou e,
sonhada,
desviei os medos
e todos os anseios anteriores.
escondi-os num rio oculto,
onde fingia viver,
e nas tuas mãos,
através das tuas mãos,
descobri-me perseida
na nudez
dos teus braços.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto