É uma rapariga que me é muito próxima. Amo-a como se de uma irmã se tratasse.
Quero ajudá-la (mais do que já tenho feito). Tenho que a ajudar... ela não tem ninguém...
Tem 33 anos e ficou recentemente viúva e com um filho para criar sozinha.
O marido foi definhando ao longo de 26 meses de dores e esperança...
E, porque uma desgraça nunca vem só, esta menina/ mulher/ mãe vê-se, para além do desgaste, da dor e da solidão, numa situação económica que nem lhe permite alimentar o filho.
O marido viu-se desempregado graças à falência da fábrica onde trabalhava, poucos meses antes de adoecer e iniciar a sua viagem para a morte. Ela recusou-se a deixá-lo só ou a entregar a algum desconhecido os cuidados, carinho e amor de que ele se alimentou durante esses 26 meses.
Entretanto, também ela se vê numa situação de desemprego.
Sozinha, com uma criança pouco mais velha que a minha, correndo o risco de ficar sem a casa e de lhe irem também buscar o carro, já velhote. Mergulhada no desespero e desamparo (como eu a entendo!), pede-me ajuda.
Fiz aquilo que podia. Mas não posso fazer muito mais. A crise também chegou a este sector e as coisas também não estão fáceis para mim...
Ela decide então, num acto de coragem e vergonha, fazer o mesmo que eu fiz quando me vi a braços com uma situação igualmente aflitiva: entrar na putaria!
Mas vive numa aldeia no centro do país, um meio pequeno e sem procura.
E, não sendo eu o supra sumo das GP's, de aparência ela está alguns Kms atrás de mim: bastante gorda, baixinha, uns dentes fracos... enfim... como ela mesmo diz, entre risos e lágrimas, nem para puta serve...
O fundo de desemprego dela está a terminar... as dívidas acumulam-se... o miúdo precisa de cuidados que requerem dinheiro e paciência... perspectivas de emprego não há, nem para empregada doméstica...
Por favor, ajudem-me a ajudá-la... a esta mãe coragem, cujo orgulho não lhe permite ir mendigar...
Obrigada. Por mim. Por ela. Por aquela criança.
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado