Se há coisa da qual os romanos eram fãs, para além de convívios que reuniam o melhor das características de um pantagruélico jantar com a animação do jogo Twister, era sem dúvida de símbolos fálicos. Isso ficou bem evidente no decorrer do percurso que fizemos em Junho ao longo da Muralha de Adriano.
A Muralha de Adriano numa das suas secções mais impressionantes, perto de Housesteads.
O cunho extremamente patriarcal da sociedade romana, com a prevalência do pai de família sobre todos os outros membros e o total direito de usufruto dos escravos (homossexualidade também, desde que fosse no papel activo), indiciam logo uma apetência pelo apreço da virilidade como símbolo de poder. Para além disso, os falos eram também considerados amuletos, trazendo sorte e protegendo de maus-olhados os portadores.
Que coisa seria de esperar de uma civilização cuja génese se deve a um falo sobrenatural? Segundo Plutarco, um rei viu aparecer-lhe diante dos olhos um falo que, durante os dias seguintes, não parava de voar em sua casa. Sem saber como interpretar tal prodígio, o rei recorreu a um oráculo que finalmente revelou o que significava aquele impúdico orgão voador. Tratava-se de uma manifestação do deus Marte e tudo o que ele pretendia era... uma virgem. Nada de novo, portanto.
O rei ordenou a uma filha sua que se entregasse ao empertigado deus mas esta, não estando pelos ajustes, enviou uma criada em seu lugar. Do momento de paixão carnal entre a serviçal e o falo nasceriam mais tarde dois irmãos: Rómulo e Remo. Frutos de uma relação não desejada, foram atirados ao Rio Tibre acabando por se salvar, sendo recolhidos e amamentados por uma loba, uma lupa.
Curiosamente os bordéis romanos eram conhecidos como lupanários o que leva à questão: o local de trabalho das senhoras, que acolhiam e confortavam os carentes cidadãos romanos, era assim chamado em homenagem à Loba da lenda ou, pelo contrário, esta não teria sido necessariamente uma loba?
O resto é apenas mais uma típica história de irmãos. Um belo dia, Rómulo e Remo envolveram-se numa cena de pancadaria, o primeiro matou o segundo e, não contente, fundou uma cidade que viria a tornar-se o centro do Mundo conhecido alguns séculos mais tarde.
Uma das 3 representações fálicas encontradas na Muralha no sector do forte de Birdoswald.
Dentro do museu do Forte romano de Birdoswald, um bloco de pedra descontextualizado ostenta mais uma representação fálica.