«Pila bilingue» - Patife
No outro dia pus-me a sacar uma série. Poucos minutos depois achei que deveria era estar na rua a sacar gajas. Em boa hora o fiz. Há um fenómeno raro que ocorre na cidade de Lisboa de tempos a tempos. É à espera desse momento que me levanto todas as manhãs cheio de ânimo. Ou pelo menos ajuda. E há noites em que saio à rua, entro num espaço nocturno lisboeta e para onde quer que me vire só vejo gajas com ar esfomeado, daquelas que a qualquer momento te podem saltar com a boca à trombeta. Sem sequer pedir licença. É um movimento cabril que enche as ruas de desejo não deixando espaço para mais nada. A não ser para o Pacheco em goela alheia. Nesses dias nem homens se vêem na rua. Quero crer que já foram todos afiambrados por uma digna representante desta manada caprina toda libidinosa da pachacha. Mas nesse dia o fenómeno ocorreu a uma escala inimaginável. Mal tinha espaço para caminhar. Tudo em volta eram probabilidades infalíveis de espetanço. Tanta e tanta cabra brocheira em potência que aquilo mais parecia um filme à medida da minha longa metragem fálica. Até faziam fila para entrelaçar o olhar de engate com o meu. Acabei por levar duas para casa, pois não podia levar todas. Mamaram a bom mamar, as safardanas. Pareciam as ninfas gémeas do chupalhanço da corneta. Já eu, enquanto elas se entretinham a sugar-me o besugo em simultâneo, ensaiei uma pose triunfal para o orgasmo enquanto gritava de janela aberta: “Tenho uma pila bilingue!”.
Patife
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