13 setembro 2017

«O bode» - António Pimpão



«Mulher fauno ou sátiro a masturbar-se»
Estatueta em resina
40x15x15 cm
Faunos (da mitologia romana) ou sátiros (da mitologia grega) são
criaturas que possuíam um corpo meio humano, meio bode
(neste caso, meio cabra).
Colecção de arte erótica «a funda São»
Desde os tempos mais primitivos, remontando pelo menos ao antigo Egito, que o bode tem vindo a ser usado como o símbolo da luxúria, da líbido, da sexualidade indomável e selvagem. O próprio deus Pã tinha corpo de homem e cabeça e pés de bode.
Com o cristianismo, e sobretudo a partir do papa Clemente V (início do século XIV), o bode passou a ser o símbolo do mafarrico.
Esta passagem do bode de símbolo da sexualidade desenfreada a símbolo do diabo teve o dedo do papa Clemente e com a sua luta contra os Templários, cujos membros, sobretudo os dos graus mais elevados, eram acusados de idolatrarem o bode (Bafhomet) nos seus rituais (a figura do Baphomet, em Dan Brown, bebeu nestas águas).
Com a referida inversão da simbologia do bode, o Papa matou dois coelhos com uma só cajadada: serviu para atacar os Templários, acusados do culto do bode, e para associar a sexualidade a algo de demoníaco.
Mas a associação do bode com a sexualidade desenfreada, vigente até ao século XIV, terá a tido pouco a ver – especulo -, com questões de quantidade e, muito, com qualidade (ou intensidade).
Com efeito, o bode nem é o animal com maior número de atos sexuais, sendo facilmente suplantado pelo coelho, pelo galo e, até, pelo homem.
No que ele suplanta a todos é na intensidade do ato sexual: quando termina, cai redondo para trás, como morto. Não sei se isso de deve a esgotamento, a uma demonstração de que ficou muito satisfeito, ou se é apenas fingimento para não ter que repetir a dose.


António Pimpão

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