Felizmente, ao contrário da maioria, ela não foi afectada pelas novas medidas das autoridades.
Mas nem por isso deixa de lamentar as mudanças operadas. Não tanto por sua causa, que não chegou a ser atingida, mas, principalmente, pelas suas amigas e amigos que se encontram, muitos deles, praticamente proibidos de aparecer, relegados para esconsos, fétidos e obscuros recantos, a pouco e pouco caídos no esquecimento, desprezados, inúteis, condenados a vegetarem até que lhes chegue a morte inglória.
Os poucos que ainda se lembram dessas amigas e amigos, acabam por gradualmente se irem afastando. Na verdade, os tempos actuais levam ao esfriamento dos sentimentos, pela absorção do frenesim da vida, em que impera o egoísmo e a preocupação com a própria vida, mais do que com a dos outros.
É bela, de corpo bem desenhado. É sempre bem vinda, adulada até, nas mais badaladas reuniões, festas, acontecimentos sociais e políticos.
Ao contrário das graves, injustamente menosprezadas, ela, a palavra esdrúxula, é das poucas que ainda se faz acompanhar do acento agudo, seu companheiro inseparável, que lhe acaricia, carinhoso, a sílaba tónica.
(excepção à regra do Acordo Ortográfico)
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
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Uma por dia tira a azia