recolhi as palavras
que te tornavam real
sob o toque inacabado
das mãos que me deixaste:
caídas, desamparadas
e cegas. faltavas-me,
mas sugaste os sorrisos,
e os dedos das mãos.
faltavas-me e, todavia
eu sabia que não residias
nas ondas dos meus seios,
ou nas curvas negras dos cabelos
revoltos pelo temporal
da tua presença.
tu, habitante flávio
dos meus dedos, pequeno nada
onde perdi as sombras
das palavras e da boca rubra,
totémica, despojada
que depositei nos teus braços
faltavas-me,
mas recolhi as palavras,
tanto como o corpo por onde,
irados, desenhámos arabescos
que são da ordem das quimeras
e das transumâncias
a que me condenaste
depois.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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