31 dezembro 2010

Pecados imortais


Foto: Shark

- Sim, minha querida, sou mesmo todo duro como pedra...

Os que vão, assim, caminham

E os que vão, será que ficam? Empurrar para cima nas escadas e acabar por ficar num degrau diferente. Dar a ponta do balão e soltar e ficar na Terra. Largar o braço, puxar pela mão e soltar mais. Espreitar o Caminho. E o susto, o entendimento súbito e quase inesperado, estava ali sempre e agora só às vezes. E tirar-te o escuro lá à frente é ficar com um pouco dele para mim e não faz mal, não faz mal porque é um escuro pequenino, menor do que eu gostar de ti. E os que vão, assim, caminham. Boa viagem!

Contra o frio, o melhor é saltar para aquecer


Woman from redkedscom on Vimeo.

Resoluções de Ano Novo


Alexandre Affonso - nadaver.com

30 dezembro 2010

Corte e costura

A tesoura imaginária que corta ligações mantidas de forma precária, dez vezes mais depressa do que a mão sorrateira que tenta reparar à sua maneira os elos perdidos, muitos cortes definitivos, de forma atabalhoada, improvisando uns nós, atarefada a cortadora apressada que se acredita melhor caminho para a salvação no estranho conforto que a solidão parece prometer, talvez algum órgão vital a morrer por falta de irrigação das veias separadas pelas lâminas afiadas de uma tesoura imaginária que tenta alterar a história e prevenir a infecção recorrendo à amputação das ligações associadas a más emoções ou apenas teoricamente ameaçadoras, essas relações comprometedoras para o sossego das tesouras que reagem de forma automática a qualquer sensação menos simpática, o corte radical para separar o bem que somos do mal que os outros podem representar.

A tesoura imaginária a cortar, cem vezes mais depressa do que a mão piedosa que vê as coisas em tons de rosa e se esgota num esforço inglório para (re)atar alguns nós.

A ver se consegue evitar que acabemos completamente sós.


Sonhar com um mundo melhor não custa...

Teste de visão


Via

Pendurado...


Webcedário no Facebook

29 dezembro 2010

O João aprova #3


Esta imagem tem tudo para ser aprovada. É muito convidativa. Aquelas pernas, assaz interessantes, conduzem a um rabo sedento pelo tauísmo (vertente passifista, i.e., de todos aqueles que praticam e advogam a pás entre os povos) e quando olho esta imagem tudo nela transpira um alto e bem definido "possui-me!". Ou, como se diria em latim, "fode-me".

Há Outros Dias...

Há dias em que sem percebermos e sequer questionarmos, o céu é luminoso.
Há dias em que a tristeza não encontra os nossos dedos.
Há dias em que o silêncio é o melhor amigo da nossa alegria e seríamos menos felizes se palavras houvessem para a descrever.
Há dias em que os raios de Sol são raios de Luz que nos iluminam.
Há dias em que o astros, a Lua e o Sol estão de tal forma alinhados que as estrelas falam connosco.
Há dias em que agimos sem conseguirmos pensar.
Há dias em que a alegria esperada supera-se de tal maneira que – se medida – não teria espaço em corpo meu.
Há dias em que o interessante se transforma em bom, depois em óptimo e só o todo tem lugar sem detalhe que impressione.
Há dias em que não há próximo, existe apenas comunhão.
Há dias em que o coração em vez de bater, aperta e expande à velocidade da Luz.
Há dias em que todos os caminhos têm apenas uma direcção.

Há dias em que as pernas tremem, o coração acelera em êxtase, as pálpebras piscam de nervoso, os olhos fecham em prazer, a expressão facial ganha cor, as costas dobram num abraço, os braços envolvem, os movimentos suaves, o cérebro grita, a visão só reconhece o brilho, o pescoço roda, o peito enche, o cigarro é pontual e um pingo de suor atrevido escorrega suavemente nas costas até soltar-se.

Há outros dias...

Matemática

Uma noite, poderás dormir no meu lugar,
dar-te, no meu espaço, o espaço meu,
o lugar que me toca a pele na cama;
porque deve ser apenas assim que se ama,
de todo o espaço, a pequena coisa que cedeu,
é na fronteira do eu, é o espaço de na pele tocar.
Uma noite, quando sonhares, poderás deitar
o sonho teu, ali será o meu e o meu será o teu
como eu e a palavra nossa há-de ser a mesma,
essa palavra que junto à pele já nos soma;
não somos um, gosto que sejas tu, eu sou eu
mas, aqui, aprenderemos contas de somar.

Ibiza Fucking Island

28 dezembro 2010

Endurance

Não passou de um momento.
Um segundo, no máximo, diria.
Em que sentiu no estômago o mesmo que sentia quando, era miúda, o pai passava com o carro a determinada velocidade nos túneis das avenidas novas e ela, com o irmão no banco de trás, ria e pedia "mais, mais!".
Em que achou que todo e qualquer milímetro cúbico de sangue lhe afluira ao cérebro.
Em que ouviu o coração descompassado, como se fora do peito.
Em que viu as mãos a tremer.

Foi só um segundo.
Respirou fundo e obrigou a fisiologia a voltar ao normal.
Como uma atleta de endurance.
Afinal, na vida, não passamos de candidatos a corridas de fundo.

Si non è vero, è bene trovato

As iludências aparudem

Efeméride

Este não é o destino
que penso que mereço;
não é a fortuita paisagem
de um dia de Verão!
Este não é o sintoma
de uma falta de saúde:
será, talvez, a força
determinada do futuro.
Pela força de vontade
eu voltarei a olhar-te(!)
como uma estúpida
efeméride... nada mais.

Poesia de Paula Raposo

Barriga denunciadora...


Webcedário no Facebook

27 dezembro 2010

Grandes questões da humanidade

Como é possível que nenhum realizador de películas porno tenha conseguido reunir no mesmo elenco a Linda Lovelace e o John Holmes?

(E estando provado que a indústria porno aponta para um segmento predominantemente masculino, como se explica o imenso sucesso dos actores melhor equipados para os grandes planos?)

Acto Violento

Maria sentia as mãos fortes no pescoço, a apertar a traqueia, a impedir o normal fluxo de ar que deve viajar para garantir a vida. A cara, empurrada violentamente contra a parede do prédio, atrás dos elevadores velhos fica marcada pela parede rugosa e estragada; um torpor generalizado assalta-a e endurece-lhe os músculos dificultando os movimentos.
A blusa, branca e fina, a permitir observar a silhueta de um peito nu é puxada por trás, arrancada pelos botões que cedem à força do indivíduo que a deseja e manieta. Depois da garganta, são os seios de Maria que sentem o apertar descuidado do homem que a empurra e parece aumentar o seu desejo proporcionalmente à violência do acto.
De mão esquerda nas suas costas a aprisionar todo o corpo contra a parede, o homem levanta a sua saia e acaba o que começou minutos antes.
Maria contorce-se e gira sobre ela balbuciando palavras, de olhos cerrados, de corpo tenso na média luz que a envolvia; o despertador toca; Maria levanta-se com um sorriso de ter vivido uma experiência rara...

Renault twingo Sport - «drag queen»

Como diz a lady.bug, "this is so Gay Pride :D (muitíssimo bem esgalhado!)".
Eu? "Digo... linda! Digo... papá lindo! Digo... papá linda!"

Renault Twingo

A lady.bug, que descobriu esta pérola, ouviu dizer que a RAI baniu este anúncio:

26 dezembro 2010

Lídia Poema

Quem é ele que adormece o sono,
Lídia, ele, sim, lago que afoga o mar,
ele, o mago do relógio que parte o ar
e me dá só do tempo sem dono;
onde estará o senhor do abandono
que parece nunca me encontrar.
Diz-me, Lídia, do que nunca foge
e amanhã e sempre em cada hora
diz agora, imediatamente, hoje;
diz-me, Senhora, porquê tanta demora?
Quem é ele que se lembra do Outono?

«Terror na madrugada» - por Rui Felício


Há vários anos que a Elisa vivia sozinha num pequeno apartamento da Av. de Roma.
Habituara-se a essa vida solitária e, apesar de as notícias de assaltos serem cada vez mais frequentes nos últimos tempos, não tinha medo.
Contudo, naquela madrugada, acordou sobressaltada, com a respiração ofegante.
Sentia uma mão a pressionar o seu seio esquerdo. Na escuridão do seu quarto, pensou que alguém tinha invadido o apartamento.
A prova disso era aquela mão que cada vez mais lhe pesava no peito, enclavinhada no seio. Aterrorizada, manteve-se imóvel, tentando raciocinar e perceber quem seria o intruso que estava ali ao seu lado, apalpando-a!
Pensou em gritar, pedir por socorro, mas teve receio que isso pudesse levar o assaltante a cometer alguma violência.
Apesar do pavor que a inundava, a verdade é que aquela mão no seu seio nu não denotava violência. Bem pelo contrário! Estranhamente, ao terror mental juntava-se também o prazer físico do toque firme mas delicado daquela mão.
Há tanto tempo que o seu corpo não era tocado, acariciado por uma mão...
O que sentia agora, era já uma mistura de medo e de desejo. O arrepio estendia-se desde o peito até à barriga. O calor invadia-a e instintivamente afastou ligeiramente as pernas...
Encheu-se de coragem, decidiu arriscar, queria ver o rosto do intruso, queria que ele lhe apagasse o doce fogo que a queimava.
Conteve a respiração e, procurando não mover nenhum músculo que denotasse o movimento e o assustasse, foi aproximando lentamente a mão direita, da mesinha de cabeceira, carregou no interruptor do candeeiro e a luz jorrou.
Piscando os olhos à súbita luminosidade, sem se mexer, percorreu a cama e o quarto com o olhar. Não estava ali ninguém! Estava sozinha, não tinha dúvidas...
Mas a verdade é que aquela mão ainda estava pousada no seu seio!
Olhou. Viu então que era a sua mão esquerda, dormente, insensível, onde começava a sentir um formigueiro na ponta dos dedos...

Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»

Perfeito

Quando as coisas não são bem explicadinhas...

crica para visitares a página John & John de d!o

24 dezembro 2010

Votos não, que soa a política! Desejos!

As meninas da Triumph e o Natal

O Natal é assim. Tem, entre muitas outras coisas, meninas quase nuas espalhadas pelas ruas. Não em carninha palpável, temos pena, mas em mupis nas paragens de autocarro e em outdoors de grandes dimensões que representam para a segurança rodoviária um perigo muito superior ao de conduzir de olhos vendados a 200km/h e, mais ainda, com pneus carecas.
Já no ano passado (e em anos anteriores) abordei o assunto. É difícil não o fazer. Vejamos então o que nos propõe a Triumph para este Natal (melhor dizendo, vejamos de que modo a Triumph tenta fazer-nos accionar o seguro automóvel):

Temos uma Helena Coelho em esforço. Provavelmente com uma forte dôr de pescoço. Se começo por esta é porque a acho a melhor do lote (a mulher, e a foto). Dolorosa, sim, mas a melhor.


De novo. Helena Coelho. Não sei o que pensar disto. É que se na primeira foto estamos num contexto assaz doloroso para o pescoço mas possivelmente indicador de êxtase, já nesta segunda foto a cara é do mais absoluto frete, ou até desconfiança, e isso, lamento, não é bom. Mau. Mau mau mau.


Não sou especial apreciador da Andreia Rodrigues. Desculpa Andreia, até podes ser uma porreira, e dentro daquilo que eu aprecio, o conjunto que te deram a vestir até é jeitosinho, é sóbrio (embora dispense o raio do laçarote no soutien, mas enfim, fazer o quê) e razoavelmente eficaz, mas não me convences. Ao menos, não tens a cara de frete da fotografia anterior com a Helena Coelho.

Dizem que é a Isabel Figueira. Desculpem. Mas só com muito esforço a reconheço. Concluo com a sensação de que a campanha de Natal da Triumph aterrou ao lado. Não foi bem conseguida. A linguagem corporal não é nada natural, as expressões faciais estão no mínimo esquisitas, e, se calhar, já nem vale a pena insistir em tanto vermelho só porque é Natal.

Não estou satisfeito.

na tal festividade

aqui vos deixo um Natal
quiçá rico em rabanadas
aletria e afinal
coisas boas e bem dadas

e não se entenda de fora
destas coisas outras várias
aquelas que o pudor cora
mas que são extraordinárias

façamos do mundo todo
o tudo que ao prazer cabe
limpando do mundo o lodo
mas que o amor nunca se acabe

amor por ti e por mim
e por quanto lá vier
e quem não quiser - enfim
bem se pode ir… recolher

e depois com Lennon digo:
imaginem toda a gente
num grande abraço de amigo
fazendo um mundo diferente!


E, como nos dizia o Solnado, façam todos o favor de ser felizes!

Lides domésticas






Finalmente um electrodoméstico que nenhuma mulher se importa de receber como prenda.
Instructions: After turning the dial to the required setting, press the 'on' button and climb into the saddle with your legs at the front of the machine.

Vencer os frios grandes [no Natal]

Os poetas meninos desenharam
tantas pontes nos rios
tantos ramos nas árvores
tanto azul em sal nos mares
que cercaram de fogo os frios
grandes, depois escreveram
paz na folha, assim encheram
cada peito inundado de vazios;
e no meu peito eles cresceram,
não são grandes, são maiores!
Os poetas meninos desenharam
os nossos beijos nas suas dores.

Prenda de Natal

Para colocar no sapatinho da menina e do menino.
Compra-se aqui



23 dezembro 2010

Outra sugestão de prenda.

Sugestão de prenda de Natal para o avozinho

Nunca jamais


Nunca te deixes influenciar por aquilo que te possa demonstrar num momento de desnorte, acredita que foi pouca sorte teres a desdita de te confrontares com o outro lado de amores que se querem secretos, que nem sempre se revelam discretos e podem explodir numa simples exibição de uma mera irritação com o rumo que a vida por vezes toma, a que se pode juntar a soma de pequenos focos de incêndio, aqui e além, na mente de quem possa não estar assim tão bem quanto seja seu desejo provar.
Nunca te permitas ignorar tudo o resto que se esboça quando não meto a pata na poça, leviano, e te induzo naquilo que é um engano, a descrença, quando não te privo de argumentos para a esperança, sempre que exibo outra face livre de tudo o que nas horas más me entorpece a consciência do quanto vales para mim.
Nunca aceites chegado o fim da resistência, o esgotar da paciência que talvez não faça por merecer a todo o tempo, enfatiza o encanto de que sou capaz no todo que se faz de partes tão distintas, o monstro que me pintas quando te desiludo mas também o que mostro quando tudo não me basta para ti e tento ir mais além, as coisas que faço bem e te rendem à evidência de que a tua tolerância não é investida em vão.
Nunca rejeites a voz do coração quando te verga a uma verdade talvez para ti incómoda, quando a realidade te faz sentir estúpida por cultivares tamanha paixão por um homem que por vezes se revela tão distante da forma como o consegues sentir e por vezes não consegues entender o porquê.
Nunca esqueças que para lá do que se vê existem razões inexplicáveis para as coisas aparentemente impossíveis de aceitar.
Nunca inferiorizes o amor ou a paixão perante uma simples reacção impulsiva, deixa que o instinto sobreviva ao duelo com o vilão em que se transforma a razão quando ameaça a felicidade com base numa lógica sem capacidade de entender as emoções, que se baseia em equações sem que nada se prove porque afinal a prova dos nove bate certa no teu peito acelerado que se prefere enganado nas conclusões do que privado das sensações que lhe ofereço quando aceitas as desculpas que te peço, por vezes sem emitir um som, e fechas os olhos, enfeitiçada, ao meu lado menos bom.

Há manifestações bem mais interessantes que outras...

3 de Novembro de 2010 - "Imágenes de una mujer que se paseó esta tarde por el centro de la capital catalana, desnuda y con la cara tapada por un burka, para mostrar su repulsa por la posible ejecución de la mujer iraní acusada de la muerte de su esposo."

Casalinho entretido

Estes malandrecos vieram nestes preparos do Bali até Portugal.
Agora estão na minha colecção... e não "deslargam".

Estatueta em madeira Kayu Suar (sim, sim, tive que ir ver o que era) com 30 X 10 X 19cm

Paizinho...



Webcedário no Facebook

22 dezembro 2010

A caminho do nu artístico?



Quem me lê, sabe que eu gosto muito de fotografia. Há cerca de um ano atrás já andava a escrever sobre como gostava de comprar uma máquina nova, uma dSLR, para substituir a minha bridge Fuji. A Fuji que tinha – e ainda tenho, porque ainda não a vendi – não era/é uma má máquina. Apenas não é uma máquina que satisfaça quem, em algum momento da sua vida, já fotografou com uma reflex de 35mm, uma Asahi Pentax que, em contraponto às máquinas actuais, era mesmo de metal e coisinha para partir cabeças.

Eu gosto muito de fotografia, e talvez nunca tenha feito disso mais do que apenas um hobby porque não seguimos na vida todos os caminhos dos quais gostamos. Fazemos opções, por um lado, e somos conduzidos, por outro. As coisas de que eu gosto são muito vastas e não creio que fosse inteiramente feliz a fazer da fotografia a minha vida, em exclusivo. Mas, entre o resto que já faço, a fotografia é algo que precisa existir.

De entre as muitas coisas que se podem fotografar, o corpo feminino é uma das que mais me cativa. Isso não deve constituir grande surpresa, mas as razões para o dizer não se relacionam com o simples facto de ser homem e gostar de mulheres. O corpo feminino é uma das mais belas criações de Deus, e o que de fantástico com isso se pode fazer em fotografia tem pouca coisa equiparável. De fotografar paisagens e arquitectura, estou eu vagamente cansado. Mas, no meu entender, para se avançar para o nu artístico, há que ter algum material. Não basta querer e ter uma ideia do que se pretende. É certo que até com câmaras fotográficas em telefones móveis se conseguem fazer fotografias decentes. Mas, decentes para quem? E decentes para quê? Eu só sinto que estou a fazer fotografia quando tenho nas mãos uma reflex onde posso regular tudo em manual se quiser, onde sinto o controlo da focagem, da exposição, da sensibilidade, de tudo. Mesmo que decida fotografar em automático, a possibilidade de escolher o que quero, é o que me faz sentir que estou a fazer fotografia. Sem isso, com máquinas compactas pequenas, não me sinto mais do que simples turista a fazer umas imagens para mostrar em casa e dizer, pomposamente, “eu estive lá”. A fotografia tem de passar qualquer coisa a alguém. Tem de transmitir algum tipo de emoção. E o que nunca pára de me surpreender é como a fotografia (muito mais do que, por exemplo, o vídeo) tem o dom de transformar coisas totalmente banais em objectos de admiração pela simples forma como se decidiu focar ou enquadrar a imagem. A fotografia é uma arte. E eu gosto.

Comprei recentemente uma Canon 550D. Claro, não é uma 1D, não é uma 5D, é uma máquina que os verdadeiros profissionais poderão dizer que é mediana, mas para mim é um investimento sensato. Não podendo dar 5000 euros por uma máquina, uma fracção disso pela 550D pareceu-me uma boa opção, considerando que o verdadeiro investimento vem depois, em acessórios e, fundamentalmente, em vidro. O meu objectivo é muito claro: quero recuperar alguma da forma perdida para um dia fazer nu artístico. Isso, em si mesmo, é um desafio grande. Não estou confiante para pagar serviços profissionais, e por outro lado não conheço ninguém que aceite despir-se para a minha lente. É uma espécie de nó cego, este, que só se ultrapassa se eu ganhar confiança técnica para efectivamente pagar uma modelo, ou se vier a conhecer quem queira experimentar isto de borla. Enquanto isso não acontece, vou-me apetrechando. Ainda existem alguns acessórios que preciso comprar. Um flash externo e uma lente melhor que a que tenho. A lente que veio com a máquina, apesar de vilipendiada por muitos por ser uma lente banal de kit, acabou por me surpreender pela positiva na medida em que para lente de kit é, até, uma lente muito interessante. Mas não me chega. Nos meus planos está uma 18-200, para poder cobrir um maior número de situações, e uma lente fixa de 35 ou de 50mm que permita aberturas f/2.8 ou superiores (i.e., f/1.8 ou 1.4).

Quando observo o trabalho de fotógrafos que, com máquinas iguais à minha, fazem nus artísticos espectaculares, sinto que é possível, sinto que também consigo lá chegar. Não tenho um estúdio (mas isso não é essencial), não tenho toda a parafernália de reflectores, de luzes, de medidores, de gente para maquilhagem e penteados, mas tenho a minha noção de estética, o meu gosto, e, finalmente, uma máquina com a qual creio que vou conseguir fazer qualquer coisa, assim que à frente dela surja uma modelo. Com pouco para vestir ou mesmo nada.

Marcha de avançar

O soldadinho de chumbo vai perder
a perna, ele sabe. Quebra. Triste.
Ele ainda eu sou, meu amor, e nunca viste
sequer uma Lua, um Sol aqui, o erguer
do impossível, o desesperado combate
que ganhei para ti e perdi por defender
o reino quando o reino, afinal, nem existe.
Nunca estranhes se eu não escrever
sequer mais uma palavra. Porque desiste
de mim cada sonho que não pode aprender
e na escola deste soldadinho triste só insiste
o toque dobrado, partido, do recolher.
A boneca de trapos em farrapos vai perder
a pena, ela sabe. E rasga. Triste.

_____________________________
O OrCa não pode ouvir falar de boneca de trapos que ode logo:


"quebra e rasga
e brando engasga
um amor de chumbo feito
embrulhado no papel
sentinela do teu peito
e bate como corcel
que o lume funde e ajeita
num brilho de vagalume
papel ao chumbo se deita
enfeita coração e assume
ser de chumbo e de papel
sua história de cordel
de vida mais que imperfeita"

Sonho

No momento em que sonhas, vives; mais que numa vida de sonho.
A profunda tarefa do ecletismo é passares a sonhar sem dormir, tocares os mais próximos objectivos da grandeza das imagens que produzes em corpo repousado.
Contudo, sem saíres do equilíbrio, não perdendo o ímpeto da concretização originada pelo planeamento, premonição ou clareza que te é transmitida hiperbolizada pelo sonho;
Sonha; Sonha em sono e acordada; Aproveita as mensagens como catalisadores de acção equânime na tua vida.

ASI TE QUIERO YO

21 dezembro 2010

Shakira escreve livro para crianças



HenriCartoon

Oh Anna

Não faço ideia do que queres.
Se queres que te diga, não posso fazer.
Ou (já) não quero, vai dar no mesmo.
Insistes nem sabes bem em quê.
Muito de vez em quando, como quem pretende matar uma pulga que lhe reside por detrás da orelha.
E não me chegas a maçar, ainda que também não me massages o ego.

Vivo à margem de ti, entendes?
Não fazes parte de coisa alguma que me diga respeito.
E é isso, deixa-me adivinhar(-te), que te move, não é?

Desisti antes de me dares licença.
Disse "não" antes de ti.
E agora, em jeito de vingança sem plano, queres manter-me até que sejas tu a poder pontuar algo que me atrevi a decidir sem o teu aval. Mea culpa.

Não há nada a fazer, darling.
Mas uma coisa admito: sempre tiveste excelente gosto musical.
O que não é nada mau.

Lembram-se do filme Tron?

Câmara

O quadro em tons vermelhos
na parede em frente.
Do outro lado um espelho enorme
que reflectia os movimentos
de quem os podia ver.
A câmara filmava
o nosso ritual.
Na invisibilidade anónima,
só actuámos mais uma vez:
o resto ficou por dizer.

Poesia de Paula Raposo

meninos & meninas



Webcedário no Facebook