28 dezembro 2010

Endurance

Não passou de um momento.
Um segundo, no máximo, diria.
Em que sentiu no estômago o mesmo que sentia quando, era miúda, o pai passava com o carro a determinada velocidade nos túneis das avenidas novas e ela, com o irmão no banco de trás, ria e pedia "mais, mais!".
Em que achou que todo e qualquer milímetro cúbico de sangue lhe afluira ao cérebro.
Em que ouviu o coração descompassado, como se fora do peito.
Em que viu as mãos a tremer.

Foi só um segundo.
Respirou fundo e obrigou a fisiologia a voltar ao normal.
Como uma atleta de endurance.
Afinal, na vida, não passamos de candidatos a corridas de fundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia