«Aproximas a mão
Os dedos desatam a arder
Inesperadamente...»
Eugénio de Andrade
Os dedos desatam a arder
Inesperadamente...»
Eugénio de Andrade
o que eu sei do teu corpo é quase nada
sei mais do fogo e da água
sei da terra
sei do ar e sei do mar
sei tanta coisa
e não sei do teu corpo quase nada
sei que me tiras, de seguida, o que me deste
de ti bebido o absinto do desejo
e nem retenho o fugaz gosto de um beijo
e só sei que aqui estás porque te sinto
por te amar tanto assim feito de urgência
rodeado que ainda estou desse teu fogo
logo de mim se apodera a tua ausência
é tão pouco o que me dás
e no entanto
eu sinto
e sei
e vejo que é tanto
porque és água e porque és mar em que me deito
e porque és a terra e o ar com que respiro
se és um fogo que me afoga por defeito
na urgência de um amor tão com sentido
eu sei bem que não és minha
minha amada
pois só sei desse teu corpo quase nada.
OrCa
Este poema faz parte integrante do livro do Jorge Castro «Contra a Corrente», que recomendo. Instruções para encomenda aqui.
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