22 novembro 2006

Espera - por Pandora

"Decididas a fazerem uma surpresa ao amigo que chegava de outro continente pediram a chave do apartamento à porteira com uma desculpa que não convencia ninguém. Mas que convenceu a velha senhora. Nada foi deixado ao acaso. Não faltavam velas vermelhas, nem os incensos que espalhavam no ar um perfume doce de canela e jasmim.
Com o desejo a brilhar nos olhos, reviram os últimos detalhes. Num gesto cúmplice, passaram as mãos pela garrafa de champanhe no gelo. A temperatura era a correcta, as mãos tocaram-se e os olhos pousaram uma na outra. Inevitavelmente as bocas fundiram-se num longo e húmido beijo, línguas que se cruzavam em urgência incontida. As mãos recusaram a espera e procuraram os mamilos uma da outra, afagando, apertando.
O silêncio da noite foi cortado pela humidade que teimava em inundá-las. Abraçaram-se como se não houvesse amanhã. Apertaram-se uma contra a outra, e foram despindo o pudor peça a peça. Não pensaram em mais nada, nem sequer na surpresa que era o objectivo primeiro, nada a não ser nas línguas que exploravam todos os recantos de uma e outra, nada a não ser o calafrio, o estremecimento que as atravessava. E por fim, tomaram o gosto uma da outra, lambendo, avaliando, introduzindo os dedos nas vaginas encharcadas. Na explosão dos sentidos o grito simultâneo ecoou e puderam sentir como se contraíam e descontraíam os músculos ao ritmo das ondas de prazer que as invadiam. Abraçaram-se sem palavras, os corpos suados pediam descanso.

A chave rodou na fechadura. A porta abriu-se e o aroma doce entrou-lhe pelas narinas. A lareira acesa, as luzes difusas... e as duas abraçadas sobre as almofadas no chão. A nudez disse-lhe do que tinha acontecido ali. Abriu o champanhe tentando não fazer ruído e sentou-se ao lado delas, a olhar o fogo. Bebeu a velar-lhes o sono... a lua ia alta e a madrugada prometia!

Pandora"

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