13 julho 2007

ao alto amar


A maria-árvore é inspiradora. As suas aventuras narradas têm o condão de nos propor universos que, andando por aí, nem sempre pressentimos. Este último, mais abaixo publicado, leva-nos a algum arranha-céus, povoado de desejos (e, talvez, até de frustrações). Mas podemos sempre imaginar um enredo mais conseguido para as partes envolvidas...


o alto do edifício intuía
naquela lassidão de movimentos
um não-sei-quê talvez de nostalgia
que fluía no cabelo solto aos ventos

ele e ela no concerto da paisagem
num abraço azul de mar sobre a cidade
soçobrado ‘inda antes da viagem
como afago que se dessem sem idade

as mãos e os dedos tensos procurando
o que os corpos de horizonte se ofereciam
encontrando quase sempre o que vão dando
quase sempre ofertando o que escondiam

os olhos se mordendo mal se olhando
as bocas sufocadas se incendeiam
os corpos se descobrem sempre quando
se enlaçam no saber porque se enleiam

e vogam nesse mar sem dor nem mágoas
albatrozes que pairando lançam véu
na cidade transmutada num mar de águas
e o terraço ilha de amar aberta ao céu.

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