08 outubro 2008

Manjerico
















Exmº Senhor
Rui de Meneses Durão

Acusamos a recepção da sua missiva para se dar a conhecer com reciprocidade a qual nos mereceu a melhor atenção.

E para primeira impressão e sem querer dizer-lhe que me pareceu uma escrita enfadonha, considero que me desgostou a insistência nos adjectivos altamente e querida. E nem é por se valer de um registo monótono nem por usar 14 vezes a palavra amor mas antes porque no elogio inicial do romance se adivinha imediatamente a clássica estratégia tríplice de contacto-café-cama sem um rasgo que o individualize perante os outros que já se conhecem e já se leram.

Poderia adiantar que os exacerbados sentimentos expressos se amontoam como flores ao final do dia no caixote do lixo de uma florista e que o uso do meu nome em diminutivo para o fazer crescer a si em masculinidade se me afigura uma imagem de gosto duvidoso e reveladora de uma ternura de hipermercado já pronta para embotar qualquer intimidade. Caracterizaria até o protagonista como um chouriço empertigado a querer largar gordura na assadeira mesmo que travestido de bombom da fábrica do lugar comum.

Deste modo e apesar de se subscrever com o preciosismo da moda dos três nomes não me convence a editá-lo pela razão simples de eu querer um cúmplice e não um caralho.



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