26 outubro 2008

Digital

Ó alucinada,
Foi o dedo na boca interrogativo que chamou por mim. Baralhou-se-me o raciocínio e continuei a dizer não importa o quê que também certamente não te lembrarás e para o caso não importa nada que eu tenho uma imagem a manter perante ti. A visão da tua linguita molhada quase arrastou a minha para malabarismos nos teus lábios suculentos. E não tenho dúvidas sobre o formigueiro que me assolou as bolas como quem quer levantar âncora.
Quando cheguei a casa procurei desanuviar as ideias pelas capas de uns cd's e tentei mesmo ouvir alguns mas não me descolava das vistas o dedo na tua boca e em abono da verdade quase o sentia parte do meu corpo embora deslocado uns 3 ou 4 palmos mais para baixo. Foi nesta altura que te liguei ainda à procura das palavras e atirei com o pedido de ajuda para a inadiável procura do antónimo de flanco em vez de uma assentada te dizer que estava mesmo era a pensar num verbo começado por efe contigo à ilharga. A maravilha tecnológica que são os telemóveis permitiu-me escutar-te estiraçado no sofá de três lugares e quanto mais a tua voz entrava pelos meus ouvidos adentro mais as calças de ganga se debatiam quase a esgaçar até eu abrir totalmente o fecho éclair.
Como sabes do meu repúdio por compras e ainda mais do veste e despe nas lojas de pronto a vestir venho pedir-te que te compadeças de mim e que juntemos os teus dedos aos meus, mais a estrutura que os sustenta, para fazer uma cadeirinha de baloiço. Pago-te com as minhas orelhas à disposição.

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