31 agosto 2010
Calma
Uma calma invade
Os meus sentidos,
Amolece os meus gestos,
Torna-me lânguida
Na suavidade que encontro.
Na onda que se espraia
Docemente em espuma,
Que me beija,
Alimento no meu peito
As vagas que me alteram.
Som ritmado,
Imperceptível
Num azul verde
Profundo ao longo da praia.
Pés descalços
Balanceio
Em movimentos subtis,
Em água que desfaço
Sob o meu corpo entregue.
Olhar e sorriso ao vento
Permaneço nesta paz,
Com a calma que me invade
Numa manhã de Inverno.
Poesia de Paula Raposo
Os meus sentidos,
Amolece os meus gestos,
Torna-me lânguida
Na suavidade que encontro.
Na onda que se espraia
Docemente em espuma,
Que me beija,
Alimento no meu peito
As vagas que me alteram.
Som ritmado,
Imperceptível
Num azul verde
Profundo ao longo da praia.
Pés descalços
Balanceio
Em movimentos subtis,
Em água que desfaço
Sob o meu corpo entregue.
Olhar e sorriso ao vento
Permaneço nesta paz,
Com a calma que me invade
Numa manhã de Inverno.
Poesia de Paula Raposo
«Pedrinho, esse desconhecido...»
Revista que andou por aí em vários números nos anos 70 ("distribuição em Portugal: Agência Internacional"). Eram aventuras de um bebé que tinha a característica de não haver fralda que lhe servisse, para gáudio das amas e das amigas que tomavam conta dele.
Encontrei este "número especial de Ano Novo". Uma delícia.
Encontrei este "número especial de Ano Novo". Uma delícia.
30 agosto 2010
fantoches
Tu julgas que as palavras são as tuas marionetas; eu sei que sou apenas uma marioneta das palavras. Qual de nós é fantoche de si?
29 agosto 2010
Corre, Maria Madrugada, corre!
Adeus, o som é breve e o gesto fui eu que te dei. Os cavalos ainda correm, os cavalos gritam pelos cascos a pressa de correr por correr. Maria Madrugada, que mulher és tu? Os cabelos voam, giram, são de vento; não são cabelos, são o vento que te dá pelos ombros e a ventania faz-se amante do furacão; finge que tens cascos, anda correr com os cavalos, Maria Madrugada. A um desses cavalos chamarás Sol e ele há-de levar-te pendurada nas crinas se lhe afagares os raios que te escorrem pelas mãos. Maria Madrugada, tu vais montar o Sol, gritar pelos cascos de palácio em palácio, à procura de água e de coração. Corta mais que o raio, grita mais que o trovão, inunda-te de tempestade, passa pelas montanhas que não passam por ti: elas são a vida. Adeus, o som é breve e o gesto fui eu que te dei. Corre, Maria Madrugada, corre!
28 agosto 2010
Canção de amor
Gosto das canções de amor
Embaladas na tua voz
Como se a música
Chovesse prateada
Em torno do meu corpo
Emudecido
Gosto de te ouvir
Nas canções de amor
Que a tua vida não calou
E que cantas ainda
Sob um feixe de luz
Na madrugada aquecida
De um quarto de hotel
Adormeces-me em desvario
Quando assim me embalas
E a chuva é prateada
E o vento se torna poema
Na tua canção de amor.
Poesia de Paula Raposo
Embaladas na tua voz
Como se a música
Chovesse prateada
Em torno do meu corpo
Emudecido
Gosto de te ouvir
Nas canções de amor
Que a tua vida não calou
E que cantas ainda
Sob um feixe de luz
Na madrugada aquecida
De um quarto de hotel
Adormeces-me em desvario
Quando assim me embalas
E a chuva é prateada
E o vento se torna poema
Na tua canção de amor.
Poesia de Paula Raposo
"Ela tem um fraquinho por mim"
Emancipação
1 página + epílogo + continuação
(clicar em "epilogue" e em "continued...")
oglaf.com
27 agosto 2010
«O 3º Sexo» - livro de Raquel Lito
Este livro recente fala de histórias de vida de 12 homossexuais portugueses: "as revelações inéditas de actores, desportistas, escritores, militares, fetichistas e outras vítimas da homofobia no nosso país.
Depois de o ler, juntei-o aos outros 1.600 livros que fazem parte da minha colecção de arte erótica. Mas antes, destaquei estas duas frases:
Fernando Dacosta (jornalista)
"[Fernando Dacosta] descobriu que a primeira de todas as liberdades era a sexual, pois quem se liberta neste campo fá-lo em todos os outros. A teoria de Freud ainda se mantinha actual."
Raquel Lito
Saúde, higiene e segurança no trabalho
Há pessoas que estão expostas ao ruído;
outras que estão expostas a radiações...
Há pessoas que estão expostas a agentes químicos;
outras que estão expostas ao pó...
(...)
Eu? Estou exposta a pessoas.
outras que estão expostas a radiações...
Há pessoas que estão expostas a agentes químicos;
outras que estão expostas ao pó...
(...)
Eu? Estou exposta a pessoas.
26 agosto 2010
Danças que o Car(v)alho sabe
O Carlos Car(v)alho ensina:
"Poderá ser um tango mais vistoso..."
"...mas, nesta versão, é muito mais natural!
«Tanguem» então, de acordo com a vossa op_SÃO!"
"Poderá ser um tango mais vistoso..."
"...mas, nesta versão, é muito mais natural!
«Tanguem» então, de acordo com a vossa op_SÃO!"
O Transsiberiano e os seus apeadeiros
Sim. Escuta. A serenidade é um lugar,
um silêncio sem vazios, como suaves passos
são um som esperado e familiar,
um eco dos teus calmos traços
nos meus dedos, enche-me o olhar
e depois transborda; o eco vai sossegar
no colo da nossa saudade.
Escuta, no silêncio encontrarás a verdade;
escuta, no silêncio também me poderás encontrar
em tempos já nossos, outros tempos, outros
olhos me darás, cheios de ti, para eu te esperar.
Sim, escuta, escuta-a, ela vem, está a chegar
agora, e agora também me serás tu um lugar.
um silêncio sem vazios, como suaves passos
são um som esperado e familiar,
um eco dos teus calmos traços
nos meus dedos, enche-me o olhar
e depois transborda; o eco vai sossegar
no colo da nossa saudade.
Escuta, no silêncio encontrarás a verdade;
escuta, no silêncio também me poderás encontrar
em tempos já nossos, outros tempos, outros
olhos me darás, cheios de ti, para eu te esperar.
Sim, escuta, escuta-a, ela vem, está a chegar
agora, e agora também me serás tu um lugar.
25 agosto 2010
Pelo sim, pelo não...
Pelo sim, pelo não, fica;
um dia, o dia dir-te-á porque ficaste.
Pelo sim, pelo não, acredita
como nunca antes acreditaste.
Pelo sim, pelo não, tenta;
uma noite, a noite dir-te-á porque tentaste.
Uma vida inteira espreitou, quieta,
à espera do momento em que espreitaste.
Pelo sim, pelo não, acorda;
uma vida, a vida dir-te-á que acordaste
porque acordar é ter em si vida
como nunca antes a viveste.
Pega na minha mão quente
sim, antes estava fria
sabes, cada dia é um dia
sempre que a alma o sente e consente.
um dia, o dia dir-te-á porque ficaste.
Pelo sim, pelo não, acredita
como nunca antes acreditaste.
Pelo sim, pelo não, tenta;
uma noite, a noite dir-te-á porque tentaste.
Uma vida inteira espreitou, quieta,
à espera do momento em que espreitaste.
Pelo sim, pelo não, acorda;
uma vida, a vida dir-te-á que acordaste
porque acordar é ter em si vida
como nunca antes a viveste.
Pega na minha mão quente
sim, antes estava fria
sabes, cada dia é um dia
sempre que a alma o sente e consente.
Unkle - «Follow Me Down»
O SirHaiva recomenda como "Terapia de Sons e Imagem para aliviar o stress diário..."
24 agosto 2010
Homens desesperados pedem ajuda...
Nos últimos tempos, com maior incidência desde que começou esta onda de calor que incendeia as florestas e os corpos femininos, tenho recebido múltiplas súplicas de homens desesperados, que me rogam e imploram, sobre a fórmula mágica de impedir que as mulheres nos façam sexo oral! Meus caros, é repleto de impotência que vos afirmo que não é fácil impedir que elas vão lá abaixo, mas investiguei este drama colectivo de forma a vos conseguir dar, não propriamente uma resposta, mas uma palavra amiga e solidária!
Não há uma formula mágica, mas meditando em conjunto podemos encontrar caminhos; por exemplo, parece-me pertinente evitar lavar o seu pequeno pénis, porquanto, há sempre a possibilidade de o desagradável odor afastar as bocas femininas mais tímidas: andar com ele limpo e lavadinho é meio caminho andado para ser obrigado a ir ao castigo!
Na actual e estranha conjuntura, parece-me relevante deixar crescer livremente a floresta, nunca em caso algum, ter a infeliz ideia de depilar o seu rés-do-chão: lendo Freud constata-se que a geração de fêmeas actuais é filha de homens de bigode, pelo que, desenvolveram uma psicose por cabeludos em cima rapados em baixo, não resistindo ao abocanhamento selvagem na condição sub judice!
Uma terceira condição será antecipar-se e ser o meu bom leitor a fazer o supremo sacrifício de ir passear a sua língua na vaginolância, sendo que, e isto é importante, deve esforçar-se ao máximo para realizar esta missão da pior forma possível (o que, no seu caso, requer pouco esforço e empenho): praticar o cunnilingus, também designado por mineteigus, de forma propositadamente imprópria é susceptível de o salvar da desagradável retribuição!
Ainda importante é, nos casos onde todas as tentativas forem infrutíferas e ela foi mesmo lá, manter uma atitude calma e serena, de profundo desinteresse: eu sei que na nossa imensa generosidade, somos demasiadas vezes tentados a dizer blasfémias como "ai tão bom" ou a famosa "nunca ninguém me fez tão bem como tu", mas, estas frases piedosas funcionam para elas como estranhos estímulos, pelo que, elogiar, é sempre um erro!
Por fim, deixando aos leitores aberta a possibilidade de debater o tema, deixo escrito que a melhor forma de impedir que elas nos façam o coiso oral é pedir! Porque, como sabemos, as mulheres são crianças com mamas e menstruação, pelo que é consabido que a melhor forma de impedir que façam algo é pedir para fazer...
Não há uma formula mágica, mas meditando em conjunto podemos encontrar caminhos; por exemplo, parece-me pertinente evitar lavar o seu pequeno pénis, porquanto, há sempre a possibilidade de o desagradável odor afastar as bocas femininas mais tímidas: andar com ele limpo e lavadinho é meio caminho andado para ser obrigado a ir ao castigo!
Na actual e estranha conjuntura, parece-me relevante deixar crescer livremente a floresta, nunca em caso algum, ter a infeliz ideia de depilar o seu rés-do-chão: lendo Freud constata-se que a geração de fêmeas actuais é filha de homens de bigode, pelo que, desenvolveram uma psicose por cabeludos em cima rapados em baixo, não resistindo ao abocanhamento selvagem na condição sub judice!
Uma terceira condição será antecipar-se e ser o meu bom leitor a fazer o supremo sacrifício de ir passear a sua língua na vaginolância, sendo que, e isto é importante, deve esforçar-se ao máximo para realizar esta missão da pior forma possível (o que, no seu caso, requer pouco esforço e empenho): praticar o cunnilingus, também designado por mineteigus, de forma propositadamente imprópria é susceptível de o salvar da desagradável retribuição!
Ainda importante é, nos casos onde todas as tentativas forem infrutíferas e ela foi mesmo lá, manter uma atitude calma e serena, de profundo desinteresse: eu sei que na nossa imensa generosidade, somos demasiadas vezes tentados a dizer blasfémias como "ai tão bom" ou a famosa "nunca ninguém me fez tão bem como tu", mas, estas frases piedosas funcionam para elas como estranhos estímulos, pelo que, elogiar, é sempre um erro!
Por fim, deixando aos leitores aberta a possibilidade de debater o tema, deixo escrito que a melhor forma de impedir que elas nos façam o coiso oral é pedir! Porque, como sabemos, as mulheres são crianças com mamas e menstruação, pelo que é consabido que a melhor forma de impedir que façam algo é pedir para fazer...
Fala-me de amor
Fala-me de amor ao som deste mar calmo, na música não apercebida, na carícia que desejamos.
Fala-me de amor mesmo que não façam sentido as palavras levadas pela maré (elas entranham-se mesmo assim) no tacto que os dedos libertam.
Fala-me de amor como se nada fosse, sem importância - que interessa isso - se o sol diz bom dia.
Fala-me de amor a qualquer hora.
Poesia de Paula Raposo
Fala-me de amor mesmo que não façam sentido as palavras levadas pela maré (elas entranham-se mesmo assim) no tacto que os dedos libertam.
Fala-me de amor como se nada fosse, sem importância - que interessa isso - se o sol diz bom dia.
Fala-me de amor a qualquer hora.
Poesia de Paula Raposo
23 agosto 2010
A_corda nós
Se os olhos podem nós fechar
cegos à nossa volta
cada ponta solta um olhar.
Lanço-te em desalinha recta;
vai, tudo em ti por encontrar
nós, eu solto-te por cada ponta.
cegos à nossa volta
cada ponta solta um olhar.
Lanço-te em desalinha recta;
vai, tudo em ti por encontrar
nós, eu solto-te por cada ponta.
Majela - «Tickle my vagina»
Uma pérola descoberta pelo Fin:
Cantem com ela:
"I love having sex with bearded men,
I love having sex with bearded men,
They tickle, tickle my vagina; they tickle me with their beard
I love having sex with bearded men,
I love having sex with bearded men,
They tickle, tickle my vagina; they tickle me with their beard
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Bad girl! Bad girl!"
Como alguém comentou no YouTube, "trust me, after this video NOBODY wont even get close to your vagina..."
Cantem com ela:
"I love having sex with bearded men,
I love having sex with bearded men,
They tickle, tickle my vagina; they tickle me with their beard
I love having sex with bearded men,
I love having sex with bearded men,
They tickle, tickle my vagina; they tickle me with their beard
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
Come have sex with my vagina,
Come tickle, tickle my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
I am the queen of vagina,
I am the queen of promiscuous
I am the queen of genita-,
Come tickle, tickle my vagina
Come have sex with my vagina,
Come have sex with my vagina
I got juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Juicy vagina, juicy vagina,
Wet, wet, wet, juicy vagina
Bad girl! Bad girl!"
Como alguém comentou no YouTube, "trust me, after this video NOBODY wont even get close to your vagina..."
22 agosto 2010
Tradução da marioneta
Elas arrastaram-me. Não consegui lutar ou sequer espernear, eram demasiado fortes, enormes. Teria gritado, mas o que me atravessava a garganta não permitia que os gritos passassem e devolvia-os ao estômago onde ficavam a flutuar, pesados. Empurraram-me. Bati no fundo do precipício. Conheci a morte, uma, duas, três vezes. Conheci o desejo de morrer que invade um ser humano no escuro infinito, no vazio interminável. Conheci o frio, a surdez, a cegueira, o abandono, o monólogo desesperado e interminável.
Arrastaram-me novamente. Não tentei resistir. Vi um palácio. Vi um rei que amou uma rainha como um homem deve amar uma mulher. Fui um rei. Fui um rei quando lutei pelo meu castelo, quando reinei, quando senti o amor, quando vi os meus filhos, quando chorei a morte de um deles, quando enterrei a minha rainha. Vi uma rainha. Fui uma rainha quando amei um rei como uma mulher deve amar um homem. Fui uma rainha quando senti as dores de parto e embalei as dores dos meus filhos. Fui uma rainha quando enfrentei a partida do rei para lutas tremendas, inimagináveis. Fui uma rainha fiel, fui uma rainha que tomou amantes, fui uma aia e fui um trovador que amou uma rainha.
Aqueles dedos que me arrastam. Vejo as mulheres atravessadas pela noite, pelas ruas, pelo desejo alheio sem nome nem afecto. A dignidade, a humilhação, o medo, a coragem; o escuro, a luz do candeeiro; a transpiração e os seus cheiros; os mendigos, os monstros, os homens; o frio e o calor; a decisão e a indecisão; homem bom, homem mau, homem nada; ser, não ser; agora também fui aqui e também soube chamar com a sensualidade, seduzir sem desejo o desejo de quem não queria ter em mim.
Vou. Desta vez vejo o mendigo sentado no banco do jardim. Come uma maçã, restos do jantar de uma qualquer família. Cheira mal. Eu cheiro mal. Cheiro ao lixo e cheiro à fome. Tenho fome. Tenho frio. Está escuro. Não quero voltar a casa, perdi-me da minha vida antes de me perder de mim. Será que ainda tenho casa? Espero que não me encontrem.
Vou. Desta vez sou tu. Qualquer tu que me seja dado a ser. Tenho fios nas pernas, nos braços, nos dedos, no rosto, na boca; sou uma marioneta. Não me arrastam, penduram-me. Algumas vezes, cortam-me. Chamam-se palavras.
Arrastaram-me novamente. Não tentei resistir. Vi um palácio. Vi um rei que amou uma rainha como um homem deve amar uma mulher. Fui um rei. Fui um rei quando lutei pelo meu castelo, quando reinei, quando senti o amor, quando vi os meus filhos, quando chorei a morte de um deles, quando enterrei a minha rainha. Vi uma rainha. Fui uma rainha quando amei um rei como uma mulher deve amar um homem. Fui uma rainha quando senti as dores de parto e embalei as dores dos meus filhos. Fui uma rainha quando enfrentei a partida do rei para lutas tremendas, inimagináveis. Fui uma rainha fiel, fui uma rainha que tomou amantes, fui uma aia e fui um trovador que amou uma rainha.
Aqueles dedos que me arrastam. Vejo as mulheres atravessadas pela noite, pelas ruas, pelo desejo alheio sem nome nem afecto. A dignidade, a humilhação, o medo, a coragem; o escuro, a luz do candeeiro; a transpiração e os seus cheiros; os mendigos, os monstros, os homens; o frio e o calor; a decisão e a indecisão; homem bom, homem mau, homem nada; ser, não ser; agora também fui aqui e também soube chamar com a sensualidade, seduzir sem desejo o desejo de quem não queria ter em mim.
Vou. Desta vez vejo o mendigo sentado no banco do jardim. Come uma maçã, restos do jantar de uma qualquer família. Cheira mal. Eu cheiro mal. Cheiro ao lixo e cheiro à fome. Tenho fome. Tenho frio. Está escuro. Não quero voltar a casa, perdi-me da minha vida antes de me perder de mim. Será que ainda tenho casa? Espero que não me encontrem.
Vou. Desta vez sou tu. Qualquer tu que me seja dado a ser. Tenho fios nas pernas, nos braços, nos dedos, no rosto, na boca; sou uma marioneta. Não me arrastam, penduram-me. Algumas vezes, cortam-me. Chamam-se palavras.
«Balões Infláveis»
Ficção de Alessandro Yamada - 2006 (14 minutos)
Marcovaldo é hipocondríaco e trabalha num sexshop. Numa de suas idas ao hospital, conhece o menino Michelino. A amizade entre eles fará com que Marcovaldo siga com sua vida.
Link directo para o filme aqui.
Marcovaldo é hipocondríaco e trabalha num sexshop. Numa de suas idas ao hospital, conhece o menino Michelino. A amizade entre eles fará com que Marcovaldo siga com sua vida.
Link directo para o filme aqui.
21 agosto 2010
Nó(s)
Não quero perder (nem desatar)
este elo que nos une
-diametralmente opostos-
e nos persegue os sonhos.
O laço manso da saudade;
a fruição desinibida de nós;
os beijos e o desejo
(im)potente de futuro.
Este é o nó difícil
que de nós se alimenta,
de nós se envolverá
e de nós se reatará, sempre:
nunca perderei de nós
o nó do laço manso da saudade.
Poesia de Paula Raposo
este elo que nos une
-diametralmente opostos-
e nos persegue os sonhos.
O laço manso da saudade;
a fruição desinibida de nós;
os beijos e o desejo
(im)potente de futuro.
Este é o nó difícil
que de nós se alimenta,
de nós se envolverá
e de nós se reatará, sempre:
nunca perderei de nós
o nó do laço manso da saudade.
Poesia de Paula Raposo
20 agosto 2010
Mariana Poema
A noite dói-me um lento entardecer...
A beleza arde-me, a tua, tão infinita;
finita, para mim, sei e sempre a soube ser,
tiraste-a de mim; Mariana, o ar grita
e grita e eu ainda vou enlouquecer;
o delírio já por todo o dia se agita
e desta vez não é sol o que vai romper.
Dói tanto, Mariana, continua a doer
esta cor que me dói como negro sem tinta;
uma janela opaca, este meu ser sem ser.
Mariana, pupila minha fugida da órbita,
meu enorme vazio que a continua a encher,
uma última vez a quem já não pode ver
vem e conta-me se ainda és tão bonita;
uma última, Mariana, a dor de seres perfeita.
E essa dor, piedosa, deixas que me faça morrer
esta vez última que o corpo só teu o meu aceita?
Mariana, eu sei que sou apenas um velho poeta
e sei que, um dia, o teu doce ventre há-de crescer
por mãos de um homem forte de pouca escrita;
por isso, o amor meu, a minha Mariana é bendita,
ela concede-me a terna morte da dor de a não ter.
A beleza arde-me, a tua, tão infinita;
finita, para mim, sei e sempre a soube ser,
tiraste-a de mim; Mariana, o ar grita
e grita e eu ainda vou enlouquecer;
o delírio já por todo o dia se agita
e desta vez não é sol o que vai romper.
Dói tanto, Mariana, continua a doer
esta cor que me dói como negro sem tinta;
uma janela opaca, este meu ser sem ser.
Mariana, pupila minha fugida da órbita,
meu enorme vazio que a continua a encher,
uma última vez a quem já não pode ver
vem e conta-me se ainda és tão bonita;
uma última, Mariana, a dor de seres perfeita.
E essa dor, piedosa, deixas que me faça morrer
esta vez última que o corpo só teu o meu aceita?
Mariana, eu sei que sou apenas um velho poeta
e sei que, um dia, o teu doce ventre há-de crescer
por mãos de um homem forte de pouca escrita;
por isso, o amor meu, a minha Mariana é bendita,
ela concede-me a terna morte da dor de a não ter.
Lady Gaga com calor
Lady Gaga em Chicago, no Festival Lollapalooza de 2010, surfa meio nua por cima da assistência.
Duas revistas pornográficas...
19 agosto 2010
Sexo Ocasional
Quando se abordam temas tão delicados como o sexo ocasional, há que ter em conta possíveis barreiras de comunicação e eventuais estados depressivos... Também é má ideia abordar o assunto com alguém que esteja a comprar pastelaria local.
Nota da redàSão - sim, já tínhamos publicado aqui este video. Mas é uma pérola... e esta é uma versão legendada.
Enviado pel'O Visconde
_______________________________Nota da redàSão - sim, já tínhamos publicado aqui este video. Mas é uma pérola... e esta é uma versão legendada.
Percepção das sombras
Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E vou sonhar que soubeste quem sou.
Tenho uma casa pequena chamada saudade, tenho um corpo pequeno sem perfume; nem sempre lá me encontras porque nem em mim eu sempre estou.
Já não há ladrões nem pesadelos, há estradas escuras e pessoas sem luz. E nós vamos quebrando em partes desiguais, em fronteiras assimétricas: a imprecisão e a inexplicabilidade do golpe alheio nem sequer permitem a perfeição dos pontos e a cicatriz ténue de uma episiotomia piedosa no parto de cada dor.
Cada fim meu será um início mas nunca sei o que deixo para trás e o que carrego no bolso da memória, nesse bolso que rasga mas que nunca se rasga.
Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E depois vou. E, um dia, ainda vou saber onde estou porque nem em mim eu sempre estou ou sequer entendo o que me vem buscar.
Tenho uma casa pequena chamada saudade, tenho um corpo pequeno sem perfume; nem sempre lá me encontras porque nem em mim eu sempre estou.
Já não há ladrões nem pesadelos, há estradas escuras e pessoas sem luz. E nós vamos quebrando em partes desiguais, em fronteiras assimétricas: a imprecisão e a inexplicabilidade do golpe alheio nem sequer permitem a perfeição dos pontos e a cicatriz ténue de uma episiotomia piedosa no parto de cada dor.
Cada fim meu será um início mas nunca sei o que deixo para trás e o que carrego no bolso da memória, nesse bolso que rasga mas que nunca se rasga.
Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E depois vou. E, um dia, ainda vou saber onde estou porque nem em mim eu sempre estou ou sequer entendo o que me vem buscar.
18 agosto 2010
Temporal
Foi naquela altura
quando ainda não existiam tempestades
e, na praça, as palavras vendiam flores
de sílaba madura
quando ainda se escreviam as saudades
e, na praça, versos passeavam dores
de macia cintura
as palavras nem sequer tinham letras
porque todos os poetas
as sabiam encher de si.
Foi tudo naquela altura
foi quando te conheci.
Foi naquela altura
mas tu chamaste o temporal
e nas folhas que se molharam
todas as flores secaram;
agora, já, nada, sou igual
foi com letras que escrevi.
quando ainda não existiam tempestades
e, na praça, as palavras vendiam flores
de sílaba madura
quando ainda se escreviam as saudades
e, na praça, versos passeavam dores
de macia cintura
as palavras nem sequer tinham letras
porque todos os poetas
as sabiam encher de si.
Foi tudo naquela altura
foi quando te conheci.
Foi naquela altura
mas tu chamaste o temporal
e nas folhas que se molharam
todas as flores secaram;
agora, já, nada, sou igual
foi com letras que escrevi.
Pure chess
- Ó Cavalo das Brancas, porque é que a vossa Rainha não está no tabuleiro
- Ela engravidou, segundo consta, Bispo das Pretas.
- Então e isso é motivo para a afastar do jogo? Isso é uma injustiça.
- Talvez não, se tivermos em conta que se calhar levou demasiado à letra o espírito do jogo há nove meses, quando foi comida pelo vosso Cavalo e agora deu à luz um filho cinzento...
- Ela engravidou, segundo consta, Bispo das Pretas.
- Então e isso é motivo para a afastar do jogo? Isso é uma injustiça.
- Talvez não, se tivermos em conta que se calhar levou demasiado à letra o espírito do jogo há nove meses, quando foi comida pelo vosso Cavalo e agora deu à luz um filho cinzento...
17 agosto 2010
Aos mais cépticos
Atenção: o “G” não é uma utopia! Existe mesmo! Agora… não vale a pena acreditar que o dito vai, um dia, florescer naturalmente diante dos olhos como um “G”irassol, ou revelar-se, por estranho acaso, com a evidência de uma “G”irafa! Embora, com alguma boa vontade, se possa estabelecer algum paralelismo entre o “G” e o “G”rilo. Senão vejamos: estão ambos metidos num buraquinho; tanto para fazer sair o grilo, como para “apanhar” o “G”, é necessário alguma persistência e muita sensibilidade para afinar a “palhinha”; por último, nunca ninguém conseguiu obter resultados senão usando de muita paciência e nenhuma brutalidade. A diferença essencial consiste no resultado final: num caso, espera-se ver aparecer à porta do buraquinho um bicho preto com duas antenas e dois rabinhos (isto com sorte, porque se tiver três rabinhos, é “grila” e não canta); no outro, espera-se ver surgir à porta do buraquinho um derramamento esbranquiçado acompanhado de manifestações variadas, entre as quais: “canto” garantido!
(… se há coisa de que gosto é de natureza, mas, para quê ir para o campo chatear os bichinhos, quando há tanta coisa gira para se fazer em casa?)
(… se há coisa de que gosto é de natureza, mas, para quê ir para o campo chatear os bichinhos, quando há tanta coisa gira para se fazer em casa?)
[blog Libélula Purpurina]
Nunca
O meu tempo não é o teu;
o teu tempo não será meu.
Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.
Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.
Poesia de Paula Raposo
o teu tempo não será meu.
Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.
Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.
Poesia de Paula Raposo
16 agosto 2010
Deixa correr
Agora que te tenho em mim...
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…
Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.
_____________________________________
A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:
"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…
Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.
[blog Libélula Purpurina]
_____________________________________
A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:
"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."
Finalmente já tenho uma pintura original da Lulu Amere
Em Maio, tinha comprado «voyage au jardin des ombres», um livro com ilustrações de uma artista de quem eu gosto muito: Lulu Amere. E escrevi nessa altura: "Eu bem gostava de ter um salário que não fosse português, para comprar um dos desenhos originais dela".
Na dedicatória dela, incluiu especialmente para mim um desenho de um olho como só ela sabe desenhar:
Pois vejam lá se esta moça, que a partir de agora está sempre comigo, não tem esse mesmo olhar:
«Nuit Blanche», Lulu Amere
Pintura sobre papel Arches
18 x 26 cm
Na dedicatória dela, incluiu especialmente para mim um desenho de um olho como só ela sabe desenhar:
Pois vejam lá se esta moça, que a partir de agora está sempre comigo, não tem esse mesmo olhar:
«Nuit Blanche», Lulu Amere
Pintura sobre papel Arches
18 x 26 cm
15 agosto 2010
Páginas soltas
Dizer adeus só demora palavras, meu amor,
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.
14 agosto 2010
Evidente
Não gosto de não respostas.
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
13 agosto 2010
A cona da mãe do Carlos Queirós
Não, não me refiro à mãe do seleccionador nacional. Só quero justificar o que o filho alegadamente terá dito. O estágio antes do mundial de futebol foi na Covilhã, certo? Pois sabem qual é a expressão de vernáculo mais típica dessa cidade? Exactamente! «Cona da mãe». O Carlos Queirós só demonstrou respeito e gosto pela divulgação da cultura local.
Ah, cona da mãe!
Ah, cona da mãe!
História da Maria que escreve aos amantes os gritos por extenso
A todos os meus amantes parece-me que tenho dito - e algumas vezes até com palavras - não me enches, não me chegas! Mas terei eu culpa de tão grande vazio dentro de mim? E terei eu culpa que escolham os dedos das mãos e que apenas os das mãos estiquem para aqui chegar? É sempre tão curta, a carne. E aqueles que eu puxei para dentro de mim? Sentiram-se pairar no meu vazio, desamparados. Terei eu culpa que não saibam que não existem só os vazios que estão vazios? Será minha culpa que não saibam que eu estou dentro de mim? É que eu só tenho esta escolha; não tenho escolha senão viver dentro de mim. Ouve-me, este é o meu grito!
Revista humorística «Can Can»
Um exemplar do nº 45, de Setembro de 1961 e outro exemplar, o nº 111, de Abril de 1968.
Desenhos e fotos de humor generalista mas com um toque erótico-malandreco. Isto, claro, com muita decência, que os tempos eram de respeito, respeitinho...
Dos 3 exemplos de conteúdos, os primeiros dois são do nº 45 e o terceiro é do nº 111.
Desenhos e fotos de humor generalista mas com um toque erótico-malandreco. Isto, claro, com muita decência, que os tempos eram de respeito, respeitinho...
Dos 3 exemplos de conteúdos, os primeiros dois são do nº 45 e o terceiro é do nº 111.
Animação de feira em Malta... bem animada
O Nuno de Sousa Gião sugeriu que partilhássemos este video no blog:
A slingshot ride at a fair in the Republic of Malta is delivering a lot more than your average amusement park attraction. This one delivers (allegedly) orgasms. Peter and his girlfriend hop aboard the slingshot, and while Peter is enjoying himself, his girl is having A LOT more fun. At the end, she says "Peter the orgasms I have with you are good but this was really crazy".
A slingshot ride at a fair in the Republic of Malta is delivering a lot more than your average amusement park attraction. This one delivers (allegedly) orgasms. Peter and his girlfriend hop aboard the slingshot, and while Peter is enjoying himself, his girl is having A LOT more fun. At the end, she says "Peter the orgasms I have with you are good but this was really crazy".
12 agosto 2010
O crime da vida boa (ou da boa vida)
Não compreendo as pessoas que passam a vida a queixar-se e não mexem um dedo (let alone their brain...) para mudar o status quo. Que são umas vítimas, que ninguém as compreende, que no início é que era bom, que são desaproveitadas, que não fazem por elas o que elas fariam pelos outros, que não são ouvidas nem respeitadas e patati-patatá, num chorrilho de lamúrias que me indigna e me revolve o mau feitio.
Ser infeliz, assumir-se como vítima, é fácil, indubitavelmente luso, grangeia atenções, festinhas na cabeça e amigos de circunstância, sedentos da companhia de alguém que, por momentos, os faz sentir um bocadinho menos miseráveis, por aparentar um estado de angústia ainda maior do que o seu.
Ser feliz, gostar-se da vida que se escolheu ter, dá um trabalho filho-de-uma-meretriz e não é bem aceite pelos demais, que encontram sempre mil e um motivos mirabolantes para justificar o bem estar alheio: com um emprego desses também eu!, se eu tivesse o teu corpo...!, com um guarda-roupa desses é fácil!, com uma cor/boa-vida/disponibilidade/colecção de livros (whatever) assim, também andaria sempre bem disposto/a!
Neste país de gente de alma grande (mas mal direccionada) e vidas cinzentas, a felicidade ainda é pecado. Quem não se queixa, ou prevaricou ou tem uma sorte do caraças. A responsabilidade nunca é sua (como não é responsável o desgraçadinho). Ninguém quer ouvir um "estou bestial" quando pergunta a alguém como está. Toda a gente procura o "vai-se andando" ou o "cá estamos...", o "sabes lá o que passo com o meu chefe/namorado/filho/sogra/canário/administrador de condomínio". Querem a felicidade moderada, não ostentada. As gargalhadas baixas, os olhos baços. Querem a partilha da vida medíocre e sempre inferior às expectativas (mesmo que estas nunca tenham existido, porque fazer planos e persegui-los é uma canseira). Querem permuta de queixumes, numa disputa infinita e sem vencedor.
Ser feliz dá trabalho.
Ser infeliz é inato e tão fácil como respirar.
Ser infeliz, assumir-se como vítima, é fácil, indubitavelmente luso, grangeia atenções, festinhas na cabeça e amigos de circunstância, sedentos da companhia de alguém que, por momentos, os faz sentir um bocadinho menos miseráveis, por aparentar um estado de angústia ainda maior do que o seu.
Ser feliz, gostar-se da vida que se escolheu ter, dá um trabalho filho-de-uma-meretriz e não é bem aceite pelos demais, que encontram sempre mil e um motivos mirabolantes para justificar o bem estar alheio: com um emprego desses também eu!, se eu tivesse o teu corpo...!, com um guarda-roupa desses é fácil!, com uma cor/boa-vida/disponibilidade/colecção de livros (whatever) assim, também andaria sempre bem disposto/a!
Neste país de gente de alma grande (mas mal direccionada) e vidas cinzentas, a felicidade ainda é pecado. Quem não se queixa, ou prevaricou ou tem uma sorte do caraças. A responsabilidade nunca é sua (como não é responsável o desgraçadinho). Ninguém quer ouvir um "estou bestial" quando pergunta a alguém como está. Toda a gente procura o "vai-se andando" ou o "cá estamos...", o "sabes lá o que passo com o meu chefe/namorado/filho/sogra/canário/administrador de condomínio". Querem a felicidade moderada, não ostentada. As gargalhadas baixas, os olhos baços. Querem a partilha da vida medíocre e sempre inferior às expectativas (mesmo que estas nunca tenham existido, porque fazer planos e persegui-los é uma canseira). Querem permuta de queixumes, numa disputa infinita e sem vencedor.
Ser feliz dá trabalho.
Ser infeliz é inato e tão fácil como respirar.
Vida cega
Ainda te vejo dentro dos teus olhos,
ainda não te arrancaram do fundo de ti;
eu fico, eu ainda estou aqui,
boneca de madeira, saia de folhos;
sim, eu faço tudo o que nem sequer prometi.
Eu vejo-me também dentro dos teus olhos;
ainda não te arrancaram e eu não parti,
boneca de trapos, marioneta de sonhos;
eu ainda te vejo dentro dos teus olhos.
Os botões por olhos ainda me juram que te vi;
e esta boneca de papel, este brinquedo de estranhos
ainda te guarda dentro dos seus olhos.
ainda não te arrancaram do fundo de ti;
eu fico, eu ainda estou aqui,
boneca de madeira, saia de folhos;
sim, eu faço tudo o que nem sequer prometi.
Eu vejo-me também dentro dos teus olhos;
ainda não te arrancaram e eu não parti,
boneca de trapos, marioneta de sonhos;
eu ainda te vejo dentro dos teus olhos.
Os botões por olhos ainda me juram que te vi;
e esta boneca de papel, este brinquedo de estranhos
ainda te guarda dentro dos seus olhos.
11 agosto 2010
O Livro Audacioso para Raparigas (mas que tesourinho!)
uhhh! audacioso! como isto promete! vamos espreitar?
basquetebol? ah tá bem :O
ahhh dormir ao relento já é mais... assim, como dizer... ?
agora compreendo! forrar um livro a tecido! isso sim, cabe na minha definição de audácia! oh uh oh
mas audácia a sério é fazer a roda para trás. não concordam?
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