Eu sei que a vida é feita de ilusões e desilusões, de altos e baixos, de quedas e continuação.
A vida é como um mar: tanto pode estar agitada como calma, com ondas fortes que parecem querer nos devorar ou como um lago de calmaria que se assemelha a um útero onde nos podemos refugiar...
A vida tanto nos puxa para a frente como nos empurra para trás.
Tanto bebe as nossas lágrimas como encoraja os nossos sorrisos.
Tanto nos dá esperança como nos entrega ao desespero...
O desespero... uma palavra que diz tanto e tão pouco ao mesmo tempo...
A vontade surda, a necessidade muda de alcançar algo, sentindo esse objectivo cada vez mais longe, mais inacessível...
Uma necessidade inalcançável mas premente, que nos desassossega a alma e nos tira o sono...
O desespero... quando um problema parece não ter solução, quando a esperança já morreu...
Desespero pelo que se perdeu, pelo que não se conseguiu ainda, pelo que se tem e receamos perder...
Desespero por não sermos quem queremos nem como queremos, desespero por tentarmos e mesmo assim falharmos...
Cada um de nós à sua maneira já se sentiu desesperado: por não conseguir pagar as contas; por vermos a casa pela qual tanto trabalhámos a ser-nos retirada pelo banco; por um desemprego inesperado e injusto; por uma relação que feriu e ainda fere, deixando feridas abertas na nossa alma doente; por uma doença súbita, má e inexplicável...
Há vários níveis de desespero e alguns estão num extremo tão elevado que felizmente não consigo imaginar... como aquela mãe que durante o tsunami no Japão agarrava os dois filhos nos braços e teve que escolher pois apenas podia salvar um deles... esse para mim é o pior dos desesperos.
Depois há o desespero que me assola com alguma frequência quando, após fechada 13h no meu apartamento, chego ao final do dia sem ter feito dinheiro nenhum. Começo a pensar nas contas... no miúdo... nas poupanças que queria fazer... nas dívidas por pagar... e começo a desesperar...
Percebo que este seja um nível quase que mesquinho de desespero frente ao exemplo anterior... mas é o meu...
Eu diria que o desepero é uma combinação de sentimento de fracasso e impotência, elevados numa escala de gravidade...
Mas existe, é real, sente-se e atinge-nos...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado