"Fosga-se". Não há expressão mais conas. Nem conas é tão conas como "fosga-se". É a desvirtuação do foda-se (assim, sem #), f#da-se. É pôr uns sapatos de vela e um polo no foda-se, f#da-se. O "fosga-se" tem como intenção suavizar um foda-se. Ora, um foda-se, tem de ser bem dado (como o verbo) e "fosga-se" é uma rapidinha mal dada de foda-se. "Fosga-se" é um foda-se de contrafacção. "Vai-te fosguer!". Que bonito, sim senhor.
Nem quando se deixa cair uma mola da roupa se diz "fosga-se!". "Puta das molas, mais o caralho!" é o mais correcto. O "fosga-se" é parente próximo do "filha da porta", porque uma merda nunca vem só. Mas que caralho de foda-se é uma "filha da porta", caralho? Se estão a falar da filha da Júlia Peixeira da porta número 28 do Intendente, eu até percebo. Nem se atrevam a concatenar esta merda em "filha da porta, fosga-se" ou podem abrir uma fenda no tecido do espaço-tempo e são sugados para um universo em que todas as pessoas falam assim.
É aceitável dizer "fosga-se" em que situação? Nenhuma. Mas se não resistirem a essa vontade imensa de foder a língua portuguesa de missionário, dedos entrelaçados e olhos nos olhos, façam-no nas seguintes situações:
"Não trouxe sacos de plástico. Vou ter de os pagar, fosga-se!"
"Acabou-se o leite de amêndoa, fosga-se."
"Pedi à filha da porta da Cláudia para trazer rúcula e ela esqueceu-se, fosga-se!"
Porque um gajo dizer "dei com os cornos no bico do exaustor, fosga-se" não é nada. É menos de nada, foda-se.
Foda-se.
Ruim
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