13 dezembro 2009

Amor

Para quê deixar o tempo andar? Deixa que a razão o atropele e o transfigure na realidade, livre daquela deformação a que chamamos fé. Porque agora o nosso "daqui a vinte anos" é uma utopia. Porque, no "daqui a vinte anos", será uma utopia a paixão que sentimos agora. E eu não quero ver o dia em que não me abraças. E eu não quero ver o dia em que não passas a mão no meu cabelo. Deve ser apenas então que se trata o amor por tu. Quando é apenas o amor que sobra. E será o amor assim tão imenso e feliz quanto nos faz acreditar o delírio da emoção apaixonada? Que forma tomará, sem catalisador? Da serenidade azul ou do tédio sonolento? Anda! Deita-me ao chão agora, ocupa-me de uma só vez, enquanto sentes o corpo estremecer, expandir-se, contrair-se. Anda! Uma e outra vez, enquanto o utópico altar é real e carnal; mais tarde seremos profanos?


Perturbante



Deixas cair o copo,
entornando as últimas
gotas de vinho
que deixaste para trás…
marcas de uma boca sensual
que ficarão gravadas
até ao amanhã.
Essa boca
que procura qualquer
coisa para amar...
Na toalha de linho branco,
a cor púrpura e já amarga
desenha imagens
que podem ser de desejo…
mas que já não vês.
O teu corpo
está inebriado por
um desejo que te perfura
e que tão bem conheces…
Desejo que te faz desfalecer
conscientemente
no tapete da sala, deitares-te
e sentires por baixo da tua pele
o pêlo macio que te
lembra um corpo tantas
vezes amado…
e agora ausente.
Incontroladamente
controlados, os teus dedos
procuram a passagem para um
prazer que queres só para ti.
Os teus seios, acariciados pela
mão ávida de luxúria,
aumentam o gozo que te vem
das entranhas.
Contorces-te ao ritmo
das sombras que entretanto
tomaram conta do lugar.
Imaginas o teu corpo a dançar
no tecto dessa sala que
se transformou numa
gigantesca e desmesurada
cama de prazeres.
Estás sozinha, mas não estás,
imaginando os corpos
que por ti passam sucedendo-se
nas ondas de prazer que
te levam para lá da racionalidade.
E arranhas a seda suave das tuas
pernas à passagem das
tuas unhas eriçadas.
E tatuas na tua pele
os teus dentes brancos e perfeitos.
E rasgas a imaginação
com o prazer que não pára de crescer.
Sentes-te demente, ou nada
sentes de ti, porque tudo o
que sentes são os imaginados
corpos que te dão.
E não paras. Não paras de
te fazeres feliz na deambulação
das tuas mãos por um corpo
que tão bem conheces...o teu.
Arrancas de ti toda a solidão
agora transformada numa
orgia de corpos que por ti
vagueiam.
És actriz e espectadora
dessa peça encenada por ti.
E cai o pano sobre o teu corpo,
no preciso momento em que o
orgasmo te atinge e os aplausos
da plateia ecoam para lá
da irracionalidade.
Perturbante…

TC

«Oh, Edgar, viens faire le voyeur!» - filme erótico amador dos anos 30



Visto em Retro Sex Blog

... e não só!


crica para visitares a página John & John de d!o

12 dezembro 2009

Foder é coisa para fracos

No dia em que me surgiste pela frente com essas calças justas e me disseste, com sorriso malandro, que estavas pronta para tudo, era claro que na tua cabeça, como na minha, a ideia era apenas uma: foder. Não seria fazer amor, não seria nada procriativo, era foda. Da mais dura e da mais pura, quem sabe até daquele tipo mágico, foder e desaparecer. Com o Sol já muito oblíquo, os tons alaranjados banhavam-te o corpo e acentuavam as curvas contidas na roupa com uma espécie de halo, e eu, sentado cá fora na companhia da brisa do final da tarde, pensava em como seria interessante comer-te de cima abaixo, ou, como provavelmente corresponderia muito mais à verdade, permitir-me ser comido por ti, sem piedade.

Ilusões, tinha poucas. Se, porventura, daquele terraço para um canto escondido se fosse, o comido seria eu. Não só porque acredito que, a comer alguém, são as mulheres que comem – até porque a anatomia assim mo sugere -, mas também porque enquanto o meu entusiasmo era parte de um estado permanente, o teu era especialmente marcado por circunstâncias femininas que eu não dominava e que te deixavam particularmente desejosa dos prazeres que eu te poderia dar.

Avançaste por isso cheia de determinação. Um joelho ameaçador aterrou entre as minhas pernas, o que me fez encolher por escassos instantes, não fosses tu falhar a pontaria, e com ele apoiaste-te na cadeira para, inclinando-te sobre mim, trincares e lamberes a minha orelha enquanto com outra mão mexias no meu cabelo. Insinuaste depois os teus seios, expondo-os ao meu olhar, convidando-me a trincar os mamilos. Analisei a situação e decidi despachar com deferimento. Mordisquei. Depois fizeste as calças justas sair. Se tomo nota mental dessas calças, agora que penso nisso, julgo que era apenas por te fazerem um rabo muito perfeito, despertando em mim a vontade de te deitar no meu colo e dar umas palmadas valentes, como se fosses uma menina mal comportada. Na verdade, ali, eras uma menina mal comportada. Uma devassa. E nós sempre gostamos de dar umas palmadas valentes numas devassas.

Devassa, traquina, franzias levemente o sobrolho enquanto, nua e de braços cruzados sob as mamas, aguardavas na expectativa, como quem pergunta sem falar: Fodes-me?

Foder é coisa para fracos. Foder, perante um estímulo de tal modo intenso, é a solução mais simples. É o que qualquer um faz. Diz muito pouco de nós. Grande garanhão, macho-man, mas essencialmente fraco, porque atraído pelo magneto vulvar pouco faz senão ceder. Por isso levantei-me e, não obstante a teimosa erecção, disse-te que não. Apeteceu-me ser forte – nem que fosse apenas por uma vez – e deixar-te nua e a secar. Como estava já a arrefecer um pouco, baixei-me para te pegar na blusa e foi um erro crasso fazê-lo. Descontente com a rejeição não resististe a fazer-me conhecer de perto as tuas unhas dos pés, tão bem pintadas e tratadas. Não esperava tal coisa, mas só confirmei o que pensava, que foder naquelas circunstâncias era coisa de fracos. Porque forte forte, é resistir à tentação e ainda levar tareia por isso.

http://www.geografiadascurvas.net

Eu sei

Eu sei o que estás a fazer,
eu sei o que estás a fazer agora,
em cima de um corpo demasiado quente,
em cima de um corpo demasiado frio,
em cima de um corpo que o teu só consente,
no vazio de desejo que te demora o rio
que te trai esse tão viril erguer;
serei do teu corpo já tão senhora?
Eu sei bem o que estás a acontecer
num outro corpo onde a tua fome não mora,
moro na memória da tua pele que me sente
moro no teu peito que nunca me traiu
e que nem permite que outra carne te tente;
a minha alma ao ver-te nela sorriu
por se sentir dona do vazio que te faz ceder
por te ver flectir fora da nossa hora.

Lolita (1997) - os pés de Dominique Swain atiçam a cabeça de Jeremy Irons

11 dezembro 2009

De pernas para o ar


De repente foi como
se o mundo se tivesse virado
de pernas para o ar.

Meteras-te onde?
Porque não aparecias
À hora marcada?
Investigo.
Procuro-te.
Canso-me de não te encontrar…

Até que, num último rasgo
de uma brilhante ideia,
bato à porta daquela casa.

E tu apareces, nu,
quando eu oiço uma voz masculina
(que eu tão bem conhecia)
vinda do quarto
perguntar:

- Quem é, amor?

A vontade foi esganar-vos
a ambos
logo ali. Sem mais.

Fui embora.

Foto e poesia de Paula Raposo

Pelo sim, pelo não, falo de pila

Reparei, durante a minha vista de olhos pelas últimas postas publicadas, que voltei a entrar num daqueles períodos em que me disperso por temas de caca, coisas sem interesse algum para a maioria dos visitantes de blogues sem rumo temático como o Charquinho.
E por isso resolvi hoje retomar os temas verdadeiramente importantes para a esmagadora maioria de nós, as coisas que mexem com o dia a dia das pessoas. Sim, vou falar de pila e das questões que lhe estão associadas (sim, eu sei quais são as questões que lhe estão associadas mas não gosto da palavra testículos).
Começo por esclarecer que o meu interesse na matéria não incide na óptica do utilizador. Ou melhor, de usufrutuário de outras pilas que não a minha. Isto só para separar as águas para melhor entendimento do sentido das minhas palavras, para facilitar a leitura e assim.
Esse interesse a que faço alusão prende-se com o arquétipo da pila perfeita que conseguimos esboçar a partir de uma análise atenta dos desabafos, elogios, críticas e até louvores que proliferam por essa net e pelas mesas de café do lado por esse país fora.
É fascinante a diversidade de opiniões acerca desse tema, embora seja igualmente óbvia a relativa ausência de controvérsia no que concerne ao padrão da melhor pila para cumprir outra função que não a de fazer chichi.
Das conclusões fáceis de retirar mesmo a partir de uma observação (ou de uma audição indiscreta como quem não quer a coisa) inclui-se a de que o mito masculino do tamanho, esse incontornável critério de avaliação, não é documento. É consensual entre os/as apreciadores/as do membro em apreço que os extremos não atraem, sendo que demasiado pequeno sabe a pouco e demasiado grande é ter mais olhos que barriga (chamemos-lhe assim). Ainda assim, excepção feita a quem por esta ou aquela razão possui apetência pelo exagero, é clara a opção pelo nem bem nem mal passados e dentro deste segmento existe uma inclinação pela classe média/alta em detrimento das pilas remediadas ou assim-assim. Aquela do pequenino mas trabalhador não cola...
Quer isto dizer que o tamanho, não sendo documento, possui alguma relevância enquanto factor de distinção embora não constitua factor eliminatório.
A inclinação para o segmento mais abastado não possui referências frequentes à inclinação propriamente dita. Ou seja, tanto faz a tendência ideológica de esquerda ou de direita embora o ícone mais popular aponte de caras para o centro.
De resto, a política não parece interferir tanto nos critérios de definição da pila ideal como o respectivo estatuto sócio-económico como o defino no parágrafo anterior.
No entanto, é inevitável regressar à sensível questão das dimensões para abordar o diâmetro enquanto argumento. E nesse aspecto há que salientar uma preferência maioritária (com excepções à regra em função do destino a explorar) pela largueza. Curta ainda vá, mas diametralmente generosa para compensar.
Fui surpreendido, talvez pela combinação de cromossomas que me influencia o raciocínio, pela escassez de alusões às tais questões acessórias ou associadas.
De facto, a uma pila perfeita não parece estar necessariamente ligado um conjunto específico (ou especificado) de acessórios de origem. É a regra dotanto faz, tamanha a irrelevância do(s) pormenor(es). Desde que lá estejam e cumpram cabalmente a sua função até podem ser quadrados que ninguém parece reparar por aí além.
Finalmente, e para não tornar demasiado extensa esta desinteressada análise ao tema, resta-me citar os únicos aspectos onde a unanimidade é um dado adquirido: pila perfeita, qualquer que seja o segmento em que encaixe, tem que ser sólida (nas convicções, presumo eu), capaz de enfrentar desafios prolongados tanto na óptica da velocidade como da resistência sem vergar ao peso da responsabilidade ou outro.
E acima de tudo, de acordo com os elementos obtidos (que eu disso não percebo nada), a pila perfeita tem que reflectir no desempenho aquilo que se espera por parte do resto que traga agarrado.


Pensa em adoptar um estilo de vida como dominadora: o teu homem vai ficar entusiasmado com o frémito sexual acrescido... e tu nunca mais vais precisar de esfregar o chão da casa de banho.

10 dezembro 2009

Gozo

Adoro o teu ódio. Adoro essa tua dedicação constante, permanente, total a que o teu ódio te condena. Adoro saber que me basta tão somente existir para que vivas arqueado, a rebentar em dolorosa frustração. Adoro ser o veneno em ti, o veneno do ódio que acidifica, que te corrói e se aloja no teu ventre, ampliando-te a erecção firme, incómoda, descontroladamente prenha de mim e pronta a sujar-te de uma ejaculação que te cobre de mais ódio e de vergonha, de desprezo por ti mesmo. E basta tão pouco...basta um cheiro vagamente semelhante ao meu.


Rendição

Sinto-me desarmado perante a força desse teu sorriso encantado, como eu fico, presente de fadas ou de deuses para o mundo que felizmente me inclui.
O risco de ser hipnotizado como eu fui, à solta pelas ruas, uma boca feiticeira que ilumina uma cidade inteira quando se abre numa expressão de alegria ou de satisfação, cada um que a sorte bafeja com a visão dessa boca que um dia vi e que, é mesmo assim, beija ainda melhor do que sorri.

Bactérias de Gajas atrás de mim...

Mais livrinhos de cordel para a minha colecção

A Fernanda Frazão, da Apenas Livros, enche-me de mimos: publica obras que de outra editora jamais sairíam, num formato de livros de cordel a lembrar os tempos bem antigos e ao preço da uva fodilh... mijona.
Já tinha na minha colecção:
Grande Gaita! - Gabriela Morais
A Peidologia - Domingos Monteiro d'Albuquerque e Amaral
Ninfa - João Lopes Barbosa
O Pintelho da Maltrapilha - Garízio D.B.
A Punheta do Canhoto - Garízio D.B.
Puerilidades - La Lica
O Caralho - Rodrigues Baptista
Coisadas… assim ao decorrer do poema - Jorge Castro
Odes no Brejo & Alguns pecados - Jorge Castro [com muitos poemas publicados em primeira mão no blog porcalhoto]
Havia trigo - Jorge Castro
Auto das Danações - Jorge Castro [peça de teatro feita por encomenda, dado o mote, e representada pela Tuna Meliches no 7º Encontra-a-Funda, em Caria]
Poemas de Mensagem - Jorge Castro
A Punheta do Canhoto - Garízio D.B.

Desta vez comprei mais estes:
'Da-se!!! - P. Esse Lopes
As Aventuras Maravilhosas de Jacin Totudo Fu Deer - Gilmar Kruchinski Junior
Gosto das Mulheres que Gostam Deles Grandes - Aníbal Silva St.
A Arte das Putas - Nuno Rebocho
Tríptico Fálico - Vítor Vicente

Estou consoladinha...

Coisas boas


Alexandre Affonso - nadaver.com

09 dezembro 2009

Uma gaja no céu aos olhos da São

Guardo


Guardo-te sobre os dedos
No parar do tempo
Na calma com que toco a pele hoje despida

Guardo-te no olhar
Como a luz das manhãs
E a força dos dias inventados por ti

Guardo-te no instante em que me calo
E não escuto o teu silêncio
Murmurado ao meu ouvido

Guardo-te nas rugas do nosso leito
Nas ondas sedentas
Das torrentes rubras de paixão

Guardo-te nos acordes sublimes
Das notas produzidas no corpo
E das suaves melodias geradas em mim

Guardo-te na saudade ressaltada
E no suspiro dos dias de repouso
Que acarinham o vazio deixado por ti

Guardo-te no travo da minha boca
Num sabor doce que me desperta
A vontade louca de te amar

Maria Escritos
Blog Escritos e poesia

Before You Can Read Me...



Eu não escrevo.
Às vezes digo uns... disparates.
E agora vou começar a dizê-los aqui também.

(...you got to learn how to see me.)

Penúltima Guerra!



Veja os capítulos anteriores:
Guerra dos Sexos #1
Guerra dos Sexos #2
Guerra dos Sexos #3
Guerra dos Sexos #4
Guerra dos Sexos #5
Guerra dos Sexos #6
Guerra dos Sexos #7
Guerra dos Sexos #8

Capinaremos.com

08 dezembro 2009

Mario Vargas Llosa escreve sobre o desaparecimento do erotismo no «El Pais»

Concordo quase completamente... e terei tudo isto em conta se um dia abrir ao público a minha colecção.


(crica para acederes ao artigo original e completo)

Alguns excertos em tradução livre:
"Há muitas maneiras de definir o erotismo, mas talvez a melhor seja chamar-lhe a desanimalização do amor físico, a conversão, ao longo do tempo, graças ao progresso da liberdade e da influência da cultura e das artes na vida privada, da mera satisfação de um impulso instintivo numa tarefa criativa e compartilhada que prolonga e sublima o prazer físico, rodeando-o de rituais e refinamentos que o convertem numa obra de arte.
(...) o erotismo representa um momento elevado da civilização e é um dos seus ingredientes determinantes.
(...) O erotismo, no entanto, não só tem essa função positiva e enobrecedora de embelezar o prazer físico e abrir um amplo leque de sugestões e possibilidades que permitam aos seres humanos satisfazer os seus desejos particulares e fantasias. É também uma tarefa que traz à tona aqueles fantasmas escondidos na irracionalidade, destrutivos e mortais por natureza. Freud chamou-lhes a vocação de Thanatos, que disputa com os instintos vitais e criativos - Eros - a condição humana. Abandonados a si mesmos, sem qualquer travão, aqueles monstros do inconsciente que se assomam e reivindicam o seu direito à presença na vida sexual, se não forem contidos, de algum modo poderiam levar ao desaparecimento da espécie. Por isso o erotismo não só encontra na proibição um estímulo voluptuoso; quando os limites são violados, também se transforma em sofrimento e morte.
(...) O erotismo não é tanto um feito em si, uma entidade isolada e diferenciada de outras, mas sim um olhar, uma escolha subjectiva, uma paixão ou uma mania que se projectam sobre tudo o que existe, erotizando às vezes coisas que pareceriam ser-lhe totalmente alheias e até adversas, como a religião.
(...) O desaparecimento de travões e censuras, a permissividade total no campo amoroso, ao invés de enriquecerem o amor físico e elevá-lo a níveis superiores de elegância, sofisticação e criatividade, banalizam-no, vulgarizam-no e, de certa forma, levam-no de volta aos tempos remotos dos primeiros antepassados, quando consistia apenas na satisfação de um instinto animal.
(...) Esta banalização e degradação do erotismo nos nossos dias é, por paradoxal que pareça, consequência de uma das grandes conquistas da liberdade vivenciada pelo mundo ocidental: a permissividade sexual, a tolerância para práticas e fantasias que antes mereceram a rejeição pela moral vigente e eram objecto de condenação social e punição legal. Ao desaparecer a proibição, também desapareceu a transgressão, aquela aura temerária, a sensação de violar um tabu, de pecar, que condimentou a prática do erotismo no passado e que tanto atiçou a criação literária e artística.
(...) o erotismo já não existe, (...) passou a ser caricatura e reprodução grotesca do que foi.
É bom ou mau que isto tenha ocorrido? Em termos sociais é bom, sem dúvida. A vigência do preconceitos, proibições e censuras trouxe consigo violações, abusos, discriminação e sofrimento para muitas pessoas (neste caso, especialmente para as mulheres e para as minorias sexuais). Mas, do ponto de vista das belas artes e da literatura, fez com que o prazer físico se tornasse um tema anódino e convencional (...). Fazer amor já não é uma arte. É um desporto sem risco, como correr num tapete no ginásio ou pedalar numa bicicleta fixa."

Sabes

E quando te transfiguraste nas minhas mãos...
Disseste-me porquê?
Leviano? Não! Não te ouvi? Ouvi.
Ouvi-te bem no meio, no meio das tuas metamorfoses,
no meio de mim jorravas os átomos;
porquê agora só senãos?
Não ouves escorrer os teus nãos,
sem meses,
ardentes pelos meus seios,
liquidefeitos, porquê?
Sabes?
Já te senti? Senti. Senti?
Eram lagos de todas as vozes
como tentáculos, meigos tentáculos,
as nossas voltas, solenes
enrolados um no outro, enrolados
são abraços mas já sem braços:
contornos de anseios.
Sabes...


Uma questão de... sorte...


Sorte não sei mas brinde dará com certeza....

A Mãe é o Pai Natal!




O livro do amor


4 páginas - basta ires cricando em "next page" a partir da página inicial acima

oglaf.com

07 dezembro 2009

Pois...


Não te venhas
Calma…
Vá…

Vá,
Calma,
Devagar,

Agora!
Aí…
Vá….

Aí… aí… ai ai!

Mais abaixo,

Para cima… ai!

Mais força,
Não magoes! Ai…

Suave
Bolas! Aiiiiiii…

Porque é que nunca acertas, pá?!

Foto e poesia de Paula Raposo

Qual a Melhor Legenda?


_____________________
São Rosas: "Caralho, que a Gotinha nunca mais se vinha..."
Bartolomeu: "Caracol, caracol, põe o caralhinho ao sol"; Se se tratar de uma caracola: "Caracola, caracola, despe essa casca, chupa-me a carola!" tratando-se de uma caracoleta: "Caracoleta, caracoleta, nem precisas de lavar as mãos, para me bateres a punheta"; e, se se tratar de um caracoleto: "Caracoleto, caracoleto, saka para fora o martelo, e apresenta-te ao Nelo!"
São Rosas: Mas aquilo não é nada disso. É um caracalho!"
Santoninho: "Tomem boa nota do que vos digo: Isto é um caracol do caralho!"
Luis: "Ejaculação precoce?! O que é isso?"
Sudocu: "Quem te partiu os cornos?"

shark: "tomates na bagageira"; "ordem de despejo"; ou "encaraconado".
Charlie - "Caralhol"

Lá por fora as ruas são mais interessantes

Ruas esburacadas, mau planeamento e urbanização... as ruas portuguesas conseguem ser deprimentes. Lá fora, contudo, as coisas são bem mais interessantes, senão vejamos.

Exemplo 1

Eis uma foto de uma bela rua pedonal em Ljubljana, na Eslovénia. Admirem o belo trabalho realizado na execução das calçadas e a harmoniosa disposição dos edifícios e a preocupação em manter a presença de plantas na via pública.


Exemplo 2

Um exemplo de como isto de manter os sinais de trânsito em língua inglesa é sem dúvida um óbice à interpretação e compreensão das regras de trânsito.
Acredito que se por cá seguíssemos este exemplo, que nos chega do Quebeque, e os sinais de "STOP" passassem a conter simplesmente "PARE", pessoas como aquela senhora que foi apanhada 41 vezes a conduzir por falta de condução teriam a vida facilitada.
É que esta senhora é obrigada a conduzir sem carta porque chumbou repetidas vezes no exame de código. Aliás, até foi apanhada várias vezes pela polícia conduzindo a caminho das aulas de código.

Beijo de língua é isto!

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

06 dezembro 2009

Cabaz de Natal

Não preciso de muitas palavras para este texto. Nesta data, e numa pesquisa breve, encontrei algumas capas da Playboy relativas ao mês de Dezembro de 2009. Começamos com a original, a norte-americana, que este mês tem duas capas.

A seguir, saltando para a Europa, temos, a título de exemplo, duas capas. A da edição Grega, e a da edição Húngara.



Temos ainda a edição Venezuelana, que quanto a mim é fraquinha (a capa) mas também é de Dezembro de 2009.



E depois temos isto:

Fugas

Não circula o tempo
no ar pesado
que transpiras entre as montanhas
de dois montes empinados, rochosos
anseiosos
de mamilos apontados, nervosos
tocam os sinos e eu não atendo
fechei as comportas
em ti, senhor meu templo.
O tempo dentro de um quadro
era uma igreja sem adro
dois adeptos receosos
alheia a mim, contemplo
este rodear estranho por duas estranhas
do espaço inviolado
escorregam da boca para as entranhas
de temas desfeitos
nas tuas chamas.

Pobre Miau...


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05 dezembro 2009

Pouca-terra-pouca-terra

Entraste-me belíssima pela porta. Com tudo aquilo que tu sabias que eu gostaria de ver. Terias causado, na rua, sérios problemas, porque todos os pedreiros e serventes se empurrariam nos andaimes para melhor te ver passar. Carros terão parado em semáforos verdes, transeuntes terão deixado cair os seus maxilares. Cabelo penteado sem mínima imperfeição, a roupa certa para seduzir, os gestos e as palavras que tinhas de usar.

Passou-se o resto de dia e a noite seguinte em tudo quanto se queria fazer. O argumento era curto, tinha poucas palavras. Tentámos ensaiar, ainda, algumas deixas, mas interromperam-se depressa na primeira cena com um beijo. Era para ser ligeiro, mas durou horas. No palco de molas chegámos ao fim doridos. Dos lábios sentidos de tanto desafio, as pernas trémulas das fantasias de circo, as coisas que se escondem com indisfarçável rubor do que não parou num movimento ritmado como bielas de máquina a vapor que puxa, a pouca-terra-pouca-terra nesses lençóis que não chegavam para nós e que se faziam chão, banheira, mesas e ombreiras, paredes para encostar. E joelhos. Esfolados. Doridos das omoplatas, e eu dos braços, de te segurar.

No dia seguinte eramos um farrapo. Serias incapaz de fazer parar pedreiros e serventes, e eu, incapaz de pouca-terra-pouca-terra. E a peça tinha ficado por ensaiar. Seria preciso viver tudo de novo, e de novo, até que a primeira cena com um beijo não nos fizesse cair no palco.

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Rumos

Já ninguém aqui mora
se me ausenta da esperança;
não, não podes em mim ficar
que a vontade ainda implora
que eu sonhe, como uma criança,
com quem vem para ficar,
como uma mulher que chora,
por cravada na tua lança
ser impedida de sangrar.
Não! Mais que aqui e agora,
maior que qualquer aliança,
quero a hora de sossegar,
quero crescer no que demora.
Não! Já ninguém aqui mora
sem serena e eterna dança
sem música para embalar.

Mo(nu)mento alto do sorteio para o Mundial



HenriCartoon

«Body» anúncio da Victoria's Secret com Gisele Bundchen

04 dezembro 2009

Toca-me



Toca-me!
Toca meu corpo,
Instrumento que espera
Pelo suave toque dos teus acordes

Toca-me!
Toca meu corpo,
Violino teu no timbre exacto
Suspirando notas em perfeita harmonia

Toca-me!
Toca meu corpo,
Conduz teu corpo sobre o meu
Que vibra à espera do primeiro tom

Toca-me!
Toca meu corpo,
Arranca de mim as mais belas notas
Para entoar segregadas aos teus ouvidos

Toca-me!
Toca meu corpo,
E cala a minha boca com um beijo teu
Acolhe meu corpo que tua boca recebeu

Maria Escritos
Blog Escritos e poesia

Café da manhã


Quando eu era
A senhora dos olhos verdes
As tuas palavras e gestos
Tinham um significado
Ternurento de amor
Quando eu era
A senhora dos olhos lindos
Ria-me no teu sorriso
E beijava-te os lábios
Com o meu olhar
Era então a senhora
De lindos olhos verdes
Que saboreava
O café das manhãs na tua boca
Húmida quente e minha
Mais uma vez...
Era a senhora dos olhos lindos.

Foto e poesia de Paula Raposo


A Sandra começou a aperceber-se que o seu desenhador esteve outra vez nos copos.

03 dezembro 2009

Hotel (by: Florlinda Espancada)

Chove no hotel de manteiga
quando levanta a redoma;
chove sempre de madrugada
antes de iniciar o desfile
dos que se escondem de casa,
chove sempre nas persianas;
uma a uma, vão entrando visitas
e vão chovendo os seus desejos:

os quartos como abraços
que torcem,
as paredes como seios
que mordem,
as cortinas como cabelos
que puxam,
as camas como colos
que esmagam,
os lençóis como pele
que rasgam;

vão pingando os seus anseios
como quem entra para ficar;
estranha exigência de habitar
de quem apenas fica para o baile,
de quem sabe que apenas passa
mas se apodera de confortos alheios,
usando nos olhos uma promessa
que apenas serve para enganar.



_______________________________
A Florlinda pode beber um pouco demais mas o Santoninho é que fica ébrio:
"Florlinda,

Eu dar-te-ia a beber um trago de vida
Servido num cálice feito de paixão !
E dar-me-ias a tua alma corrompida
Em troca de momentos de ilusão !

Perderias toda a sede num momento,
Arderias em amor e felicidade...
Beberias do meu ser, o alimento
Que te traria, de novo, a mocidade !

Florlinda, tu não sabes que teu peito
Inebria, de júbilo, os meus sentidos !
Percorro tua nudez com todo o jeito,
E deixo-os, nas minhas mãos, esquecidos...
...
...

...
Florlinda Espancada,meu amor !

Queres porrada, minha puta, meu coirão?
Que te foda os cornos, à chapada?
Porque sei que só podes ter tesão,
Se te der nas ventas, à chapada!

Queres mais, minha puta deslavada?
Que te enfie, pelo cu, o meu bastão?
Desgraço-te com uma carga de porrada
Até uivares como uiva um reles cão!

É porrada, é tareia, o que tu queres?
É foder, submissa, subjugada?
Desgraçada de ti, quando souberes,
Que não passas de uma puta desgraçada!"

Diária Reduzida

– E quando me quiseres mandar passear, manda – afirmou o homem, teatralmente sério, pousando a chávena de café. – Não me sugiras passeios.
– Desculpa?
– Porque é que percebes tão bem umas coisas e outras não? – questionou ele após uma curta pausa, franzindo as sobrancelhas e cerrando os lábios, no fim.
Ela constatou em silêncio mas com ar trocista o cerrar dos lábios e o obtuso movimento dos apêndices pilosos, esperou que estes aquietassem e perguntou com ar desafiador:
– Estás a falar de quê?
– Se queres saber – começou ele, hesitante, com a expressão mudada, comprometida. Ela percebeu a mudança e acenou positivamente com a cabeça. Ele completou de um fôlego: – Se queres saber, não sei o que temos e não sei se quero ter o que temos.
A mulher contraiu os seus lábios finos, exageradamente vermelhos, passou a mão pelo cabelo, demasiadamente liso, e, num tom especialmente meloso, declarou:
– Não estou a perceber, Luís. – Ela mantinha os cantos da boca descaídos mas os olhos sorriam maliciosamente, distraindo-o. – Não sabes o que temos?
Ele anuiu com um movimento subtil da cabeça. Ela continuou:
– Não sabes se queres ter o que não sabes que temos?
Ele repetiu a ratificadora cabeçada. Ela continuou:
– Ou não sabes se queres ter o que não sabes se temos?
O homem ponderou a pergunta, sem cabeçadas nem movimentos de apêndices pilosos ainda que não se sentisse nada confortável, e esclareceu, sem certezas:
– Não sei se quero ter o que não sei que temos – rodou a chávena do café e concluiu: – porque temos alguma coisa, isso é certo… O se… O se temos… – gaguejou, calou-se e, após mais uma volta da chávena sobre o pires, acabou por reformular a frase dizendo-a como se encontrasse a fórmula correcta: – Não sei se quero ter o que temos, que eu, de qualquer forma, não sei o que é.
Ela olhou-o com o mesmo brilho trocista nos olhos e agora um trejeito quase sorridente nos lábios e, aveludando a voz, perguntou:
– E o que tem isso que ver com eu te mandar passear em vez de te sugerir passeios?
Ele tossiu, repetiu os estafados movimentos das sobrancelhas, que acompanhou com um hesitante encolher de ombros e, antes que a chávena enjoasse com mais uma volta sobre si própria, a mulher, sem levantar o volume ou alterar o tom, avançou:
– Não me queres comer, é?
Surpreendido com o modo e o tom da pergunta, o homem a quem ela chamava Luís engasgou-se na sua própria tosse.
Ela insistiu:
– Já não me queres comer?
Disse-o a sorrir mas ele não via, nem queria. De cabeça baixa, imaginava-lhe os olhos verdes, brilhantes, troçando ternamente de si, picando-o, convidando-o…
– Quero – disse o homem, levantando a cabeça.
Ela olhava-o, agora sem expressão definida, de olhos postos nos dele.
– Eu pensava que era isso mesmo que tínhamos… Que temos – corrigiu. – Julgava que era isso que nos ligava…
– Eu querer-te comer? – Interrompeu ele, pouco à vontade com a crueza da expressão.
Ela riu, gozando com o seu atabalhoamento, e atacou:
– Tu quereres comer-me?! Não! Nós querermos comer-nos.
– Ah!
– Mas porque julgam os homens que a antropofagia sexual é um exclusivo masculino?
– Desculpa?
– Sim, vocês continuam a julgar que são os machos dominantes, que são caçadores e que nós somos as presas… Ah!... Haviam de ter sido bons tempos… Pelo menos, para vocês. Era tudo muito mais simples, admito…
– O que raio é a antropofagia sexual?
– Ainda estás aí?
– Desculpa?
– Ainda estás a pensar no que é a antropofagia sexual?
– Sim, estou… É a vontade de nos comermos uns aos outros?
– Uns aos outros?!... – Ela olhou-o com uma careta. – Hum… Não sei porquê mas isso não me soou muito bem. Tu queres comer outros?
– Outras! Eu não quero comer outros, eu quero comer outras!
– Outras?! Porquê eu não te chego?
– Não é isso! – reclamou ele, com ar pomposamente ofendido.
– Não, então é o quê?
Ele arrastou um “Ah!...” como se tivesse sido apanhado de surpresa, abriu um sorriso e esperou que ela dissesse alguma coisa. Ela, que sabia que os silêncios o aborreciam, levantou as sobrancelhas, olhou-o com cara de caso e esperou pela resposta dele.
Ele engoliu em seco, sem saber o que dizer.
Ela insistiu:
– Afinal, eu chego-te ou não?
– Chegas – anuiu ele. – Não só me chegas como me ultrapassas.
– Queres dizer, então, que não queres comer outras?
– Não.
– Não queres dizer ou não queres comer?
– Não quero comer.
– E a mim?
– Quero.
– Eu chego-te?
– Bates-me?
– Se quiseres…
– Estava a brincar.
– É pena…
– O quê?
– Nada… Dizes tu que eu te chego? – Ele concordou. – E que, afinal, apesar de não saberes o que temos e de não saberes se queres ter o que nem sabes que temos me queres comer… – Ela chegou ao fim da frase quase cansada e resumiu: – No meio dessa tua complicação, o que sabes é que me queres comer.
– Sim, quero.
– A mim e à tua mulher.
– À minha mulher?
– Sim, não a andas a comer… Não a andas, legitimamente, a comer?
– Raramente.
Ela olhou-o, franziu o nariz, abanou a cabeça e disse:
– Não vamos por aí.
Ele anuiu em silêncio, com uma careta.
– E afinal – recomeçou ela –, não percebi, no meio disto tudo e ao mesmo tempo, queres que te mande passear?
– Sim.
– Queres?!
– Não.
– Não?! Ainda agora disseste que sim… Queres ou não?
– Acho que devia querer. Queria querer que sim…
– Querias querer querer que eu te quisesse mandar passear?
– Não, queria só querer que me mandasses passear.
– Mas não queres?
– Quero querer mas não consigo querer… Não, não quero.
– Porquê?
Ele encolheu os ombros, deixou que lhe surgisse um sorriso interesseiro e um brilho no olhar e declarou, baixando os olhos:
– Gosto dos teus seios.
– Mamas – retorquiu ela depois de franzir o sobrolho, com um sorriso. – Mamas.
Ele levantou os olhos e gostou do sorriso.
– Mamo.
Ela riu. Ele coçou a bochecha direita. Ela riu mais.
– Não é isso – esclareceu. – Mamas – repetiu entre gargalhadas.
– É isso – respondeu ele. – Gosto das tuas mamas.
– Das duas?
– Nunca tinha pensado nisso – disse ele, depois de uma pausa que repetiu, como se pensasse nos assuntos. – Acho que sim… Sim, gosto das duas por igual – respondeu cheio de certeza.
– E de mim?
– De ti?
– Sim, de mim, a portadora das mamas. Gostas?
– Muito.
– Parece que cresceste – comentou ela, sarcástica.
– Que cresci?
– Sim – disse ela enquanto dizia que não com a cabeça. – Ainda agora parecias um miúdo, um miúdo complicado, cheio de incertezas, sem saberes o que querias ou o que deixavas de querer… Um adolescente cheio de dúvidas e remorsos, que queria querer que eu o quisesse mandar passear e, de repente, olhas-me para as mamas e, como por magia, estás um homem feito.
Ele encaixou as palavras dela sem pestanejar, aceitou-as com um sorriso e declarou a sua concordância muda com movimentos ascendentes das sobrancelhas. Pousou duas moedas em cima da mesa para pagar os cafés. Levantou-se, estendeu-lhe a mão, que ela agarrou, e, de mãos dadas, seguiram em passo decidido e determinado.

Só pensa naquilo


Alexandre Affonso - nadaver.com

02 dezembro 2009

O Castigo

Quando ele entrou no quarto, de toalha pelos ombros, ainda ela estava nua, junto aos pés da cama, de pele húmida, limpando as últimas gotas com uma toalha amarela, turca, que combinava bem com o seu tom de pele e com o cabelo. De costas para ele, sentiu-o entrar no quarto pelo ranger da madeira. Mas não se inquietou. Houve, sim, hesitação nos passos dele, um momento breve em que os passos passaram a centímetros. Mas então, resoluto, avançou para ela e deixando cair a toalha, com engenhosa manobra de mão no ombro e outra na nuca, virou-a para si e puxou-a para um beijo. Tocaram-se os lábios, invadiram-se as bocas com línguas sedentas, os corpos juntos e frescos, os mamilos dela erectos e a pele vagamente arrepiada.

No final do beijo, medido com precisão, entre a ânsia do ter e do não atrasar demasiado o depois, empurrou-a com aparente violência para cima da cama. A expressão dela transformou-se por um instante, uma face de surpresa que num instantâneo fotográfico pareceria reacção a violência gratuita. Mas logo se alterou, e do espanto motivado pelo abrupto do empurrão passou a um sorriso matreiro, e depois, mordendo ligeiramente o lábio, provocante. Estava caída na cama, de tronco ligeiramente erguido, apoiada sobre os cotovelos. Uma perna totalmente estendida, a outra dobrada num ângulo quase recto, como recto estava ele com a visão daquela nudez disponível. Perna essa que ela deixou tombar, e caíndo de lado revelava a sua vulva, bonita, tratada, com sinais discretos de uma humidade apetitosa.

Debruçando-se sobre a cama, mas sem lhe tocar demasiado, aproximou-se dos seus ouvidos e disse-lhe “és tão doce”. Ela sorriu enquanto a cabeça acompanhava o movimento e se aproximava dele, e com os lábios juntos à orelha perguntou-lhe «é por ti que o dizes? provaste-me ou ouviste dizer?». E ele repetiu “és tão doce”. Para não se esquecer. Porque as coisas que se dizem duas vezes gravam mais fundo. E então ela cruza uma perna por trás dele, e aperta-o. E como o pé vai subindo e descendo sobre a perna dele, e os braços agarram-no. E de novo lhe diz, baixinho e ao ouvido «prova-me agora. Possui-me!». Nada disto era discurso contemporâneo. As pessoas já não se possuem. Comem-se, fodem-se, amam-se. Mas não se possuem. Mas ela sabia que ele queria ouvir isso. E ela queria muito ser possuída, entregar-se, abrir-se, perder o controlo de si mesma e deixar-se comer e foder, talvez amar, à sua maneira, à maneira dele.

Deslizando, beijando-lhe o pescoço, os ombros, os mamilos, a barriga, provou-a. Naquele calor e sumo venerandos, o sabor que nunca cansa, de um fruto delicado. Tinha para ele, e nada ali o fazia duvidar, que as vulvas eram presente divino, banquete real, para degustar sem fim. Sem o poder ver, porque se deleitava de olhos cerrados, para intensificar o sabor, imaginava que ela se transfigurasse, que a sua boca assumisse muitas formas, que a sua face sofresse muitas transformações enquanto os seus músculos se confundiam na discussão sobre a melhor forma de demonstrar o prazer, ou como se controlar perante estímulos tão intensos. Pelo movimento das pernas dela, tudo o fazia crer. Começaram tensas, mas depois quebraram-se num estilhaço, abrindo para lá do que era de abrir, arqueando-se as costas, ondulando a barriga, comandando ela o rigor com que a sua vulva se castigava contra ele. E as mãos, uma repuxando pêlos púbicos, outra repuxando os cabelos dele – mais um pouco e ficariam carecas, os dois, cada um ao seu jeito -.

Quando o orgasmo se abateu sobre ela, saiu-lhe das cordas vocais um gemido longo e quase agudo. Apertou-lhe a cabeça entre as pernas, e depois deixou-se cair sem cair. Sem mudar de plano, estendida sobre a cama, deu de si, relaxou todos os músculos e sentiu-se rendida, rindo nervosamente. E a sua vulva, mais bela que nunca, viva, pulsante, e a face, ruborizada, perdida do mundo, perdida de tudo. Ele recompôs-se e disse-lhe, pela terceira vez “és tão doce. Muito doce”. «Então beija-me». E depois. «E fode-me». E acrescentando «toda!».

http://www.geografiadascurvas.net

manifestação Suiça após... referendo.

Jorros de prazer (onde é que eu já li isto?)

Receita


Prepara-te para a mudança.
Traz as malas e o essencial
De sobrevivência,
Pasta de dentes,
Escova do cabelo,
Apetrechos para fazeres a barba,
Roupa, sapatos
E os óculos.

Traz amor e vontade de foder
Mistura-os e dispõe-nos
Em camada intercaladas.
Não leves ao forno,
Deixa-o ao ar
Até que atinja o ponto.

O ponto de não retorno…

Foto e poesia de Paula Raposo

Papel Higiénico

É o tema da oitava Guerra dos Sexos:



Veja os capítulos anteriores:
Guerra dos Sexos #1
Guerra dos Sexos #2
Guerra dos Sexos #3
Guerra dos Sexos #4
Guerra dos Sexos #5
Guerra dos Sexos #6
Guerra dos Sexos #7

Capinaremos.com

01 dezembro 2009

Ainda há quem se lembre que o Pai Natal nu existe!


O Herculanito escreveu uma carta ao Pai Natal e "decorou-a" com esta t-shirt da funda São da autoria do mestre Raim.
Que seja bom na tal também para vocês... mas não andem com "ela" de fora, que pode congelar. Oh oh oh...

Dias de Inverno...



Dias de chuva...
Dias para ficar em casa...
Mais aqui...

Retalhos

Bebe-me
que eu sirvo-te estremeções,
que eu sirvo-te a dor,
que eu sirvo-te rasgões,
por uma gota de amor;

as termas doces e os olhos toscos
que me sondaram;
as temperaturas que arranharam
testemunharam
o milagre dos líquidos nossos.


Hoje não me apetece escrever
porque não me apetece saber
mais do que o sabor do teu cheiro;
lembro-me de te morder para não gemer,
sinto a memória para não prever
que nem chegaríamos a Janeiro.

E se eu te der razão? A que nos condeno?
À falta de sentido que sei que existe
na ausência de pertencer a lugar em nós.
E se eu disser que sim, que entendo?
Eu entendo. Mas não entendes que eu tente
dizer que não e até perder a minha voz?