03 dezembro 2009

Hotel (by: Florlinda Espancada)

Chove no hotel de manteiga
quando levanta a redoma;
chove sempre de madrugada
antes de iniciar o desfile
dos que se escondem de casa,
chove sempre nas persianas;
uma a uma, vão entrando visitas
e vão chovendo os seus desejos:

os quartos como abraços
que torcem,
as paredes como seios
que mordem,
as cortinas como cabelos
que puxam,
as camas como colos
que esmagam,
os lençóis como pele
que rasgam;

vão pingando os seus anseios
como quem entra para ficar;
estranha exigência de habitar
de quem apenas fica para o baile,
de quem sabe que apenas passa
mas se apodera de confortos alheios,
usando nos olhos uma promessa
que apenas serve para enganar.



_______________________________
A Florlinda pode beber um pouco demais mas o Santoninho é que fica ébrio:
"Florlinda,

Eu dar-te-ia a beber um trago de vida
Servido num cálice feito de paixão !
E dar-me-ias a tua alma corrompida
Em troca de momentos de ilusão !

Perderias toda a sede num momento,
Arderias em amor e felicidade...
Beberias do meu ser, o alimento
Que te traria, de novo, a mocidade !

Florlinda, tu não sabes que teu peito
Inebria, de júbilo, os meus sentidos !
Percorro tua nudez com todo o jeito,
E deixo-os, nas minhas mãos, esquecidos...
...
...

...
Florlinda Espancada,meu amor !

Queres porrada, minha puta, meu coirão?
Que te foda os cornos, à chapada?
Porque sei que só podes ter tesão,
Se te der nas ventas, à chapada!

Queres mais, minha puta deslavada?
Que te enfie, pelo cu, o meu bastão?
Desgraço-te com uma carga de porrada
Até uivares como uiva um reles cão!

É porrada, é tareia, o que tu queres?
É foder, submissa, subjugada?
Desgraçada de ti, quando souberes,
Que não passas de uma puta desgraçada!"

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