15 novembro 2005

Erotismo, pornografia e peúgas brancas

O Garfanho perguntava na Carta se o que escrevia seria erótico. E, se continuasse, se seria pornográfico.
A LolaViola não consegue traçar a linha a régua e esquadro. "O erotismo acorda os sentidos, as emoções, a imaginação e a criatividade. A pornografia dá-me sono. Só um pequeno exemplo: acho pornográfico um homem fazer sexo de peúgas calçadas".
Respondi que "tudo é relativo: um homem pode estar de peúgas calçadas e fazer-te com elas algo que te faz estremecer e entrar em êxtase como nunca te aconteceu. A partir daí, às tantas ficas com o fetiche de preferir homens com peúgas calçadas..."
LolaViola cita Anaïs Nin: "O sexo perde todo o seu poder, toda a sua magia, quando se torna explícito, abusivo, quando se torna mecanicamente obcecante. Passa a ser enfadonho. É um erro é não lhe juntar a emoção, a fome, o desejo, a luxúria, os caprichos, as manias, os laços pessoais, relações mais profundas, que lhe mudam a cor, o perfume, os ritmos, a intensidade. A fonte da potência sexual é a curiosidade, é a paixão" (Delta de Vénus). E garante que "há-de estar para nascer o gajo que me dê tusa se me aparecer todo nu de peúgos calçados".
A Matahary é muito mais pragmática: "Eu só não entendo é como, com tanto erotismo, tanto prazer, gozo, um ir e vir-se constante até ao sétimo céu, ver estrelas às 3h de uma tarde de Agosto; contando com todo o percurso que já se fez até chegar ao cimo das escadas, vocês ainda conseguem dar atenção às meias... a não ser que estejam a pensar em o pé ser colocado nalgum sítio e aí sim, a meia torna-se impeditiva de sentir a pele... na pele". E sugere: "descalçam vocês mesmas as meias. Destapando cm a cm cada pedacinho da pele, à espera de ser beijada, do calcanhar à pontinha do dedo mais comprido, passando com a língua no espacinho entre eles. Enquanto sobem pela perna, beijando, lambendo, demoradamente no joelho, permanecem com a mão no pé sem meia, massajando-o. Quanto ao outro pé, experimentem fazer um exercício: quando estiverem por baixo, tentem tirar a meia com os vossos dois pés. Com a dita presa entre os dedos dos vossos pés, levem-na até à vossa mão e atirem-na para cima do candeeiro do tecto, de forma a que fique lá presa. No fim, e por fim, façam alongamentos (o vosso corpo agradecerá), enquanto tentam tirar a meia presa do alto do candeeiro".
A LolaViola não se fica. Vem-se com esta: "A primeira gaja que me disser que isto é erótico, eu dou-lhe um doce"
Se o Charlie fosse gaja ganhava o doce:
"Entrou em casa e tirou os sapatos.
Sabe tão bem sentir a liberdade nas pontas dos dedos. Deslizando pelo chão em peitos de ave, desejando levar consigo o fresco da superfície dos lagos voo acima.
Avançou e chegou ao pé dela. Deitada no sofá, a saia prolongando a perna pelo imaginário. Parou ao pé dela. Levantou um pé e enfiou-o debaixo da roupa.
Devagar.
Gostosamente.
Ela acordou e esticou-se um pouco. Sorriu, sabe tão bem o toque em simultâneo áspero e suave do tecido das meias. Juntou as pernas depois do pé ter chegado onde queria.
- Tira as peúgas, Amor... eu já estou sem cuecas..."
A Matahary é a primeira gaja, pelo que fica com um doce a crédito: "Se o XXL indicar que o que está mais acima é mesmo um XXL, ai não, conão é erótico! Até de meias valem a pena, quando a alma não é pequena".
Claro que tão importante como a alma não ser pequena é o estado de alma.
Uma coisa é certa: nada é certo. Então nisto do erotismo e das peúgas... ui, ui...
Mas o 1313 relembra o provérbio POPular:
Mais vale dar fodas com meias que dar meias fodas

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