A notícia correu célere no bairro visitando cada barraca, esquina, viela e chegando mesmo ao conhecimento do Sr. Padre.
A Tina Peixeira tinha casado com o Zeca Boa Vida, rapagão bem apessoado e polidor de esquinas de profissão. Ao princípio foi o descrédito geral, pois ninguém quis acreditar que a Tina, profissional da arte de vender peixes variados, tinha contraído os sagrados laços do matrimónio com um desempregado profissional.
Como era possível que dois elementos tão diferentes, tipo azeite e vinagre, se conseguissem interligar e fundirem-se num só (lindo)? Uma rapariga tão boa (como o milho), trabalhadora incansável e com a particularidade marcante de ter o seio farto e opulento (era o seio da família).
Aqui havia gato escondido com o rabo de fora e não foi preciso muito tempo para as velhas alcoviteiras anunciarem Urbi et Orbi a razão para um enlace tão contra natura.
Tina Peixeira tinha chegado a uma altura da vida em que a canastra, os piropos da canalhada e as mamas já pesavam (não necessariamente por esta ordem). Assim, resolveu no mais curto espaço de tempo e com o que tinha à mão arranjar um Body Guard que funcionasse em todos os sentidos e perspectivas, até porque o constante repicar do seu relógio biológico (uma espécie de comichão) atazanava o seu quotidiano criando-lhe suores frios e palpitações, o que não era nada bom para o equilíbrio da canastra.
Zeca Boa Vida foi o escolhido, apesar de não ser flor que se cheirasse (era pouco dado às abluções diárias). Toda a gente sabia e ela também. No entanto, tinha outros predicados visíveis e nada negligenciáveis que pesaram no livro do deve e haver da Tina: o rapaz tinha sido muito bem dotado pela mãe natureza. Como mais vale um peixe na mão que dois na água, Tina Peixeira não hesitou e juntou o útil ao agradável. Casou-se e arranjou um macho!
Mano 69
Sem comentários:
Enviar um comentário
Uma por dia tira a azia