03 janeiro 2011

Prostituição - 2011

Apetece-me lançar âncoras em 2010, não deixar este ano partir. 2011 já espreita, consigo ver-lhe o corpo à porta, a cauda agitada, as cores pouco brilhantes. De uma forma muito simples, esta é a correlação e a página onde se vão escrever os próximos meses: menos dinheiro nos bolsos diminui o número de clientes, menos dinheiro nos bolsos e há mais mulheres que decidem prostituir-se. De uma forma ainda mais simples: menos bolo e mais gente para dividir as fatias. As consequências são evidentes, deixo uma ou duas, apenas: cada vez mais mulheres que, ainda que se prostituam, não conseguem viver sem dificuldades, cada vez mais mulheres vão ceder a cada vez mais exigências torpes de torpes clientes (coito sem protecção, fantasias agressivas, etc.), mais assaltos, mais clientes que fogem sem pagar, mais mulheres a praticar preços degradantes que as forçarão a atender um número sobre humano de clientes – se esse número existir (!) – para ganhar um valor absurdo... E isto não vai acontecer num qualquer mundo à parte, é cada vez mais o habitual a prostituta ser a vizinha do lado, a prima, a irmã, a namorada, a esposa. Podem responder-me que a minha visão é pessimista, espero achar o mesmo quando a realidade me visitar; se alguém tiver algum cenário mais optimista como provável, faça o favor de me dizer. Que Deus olhe por nós, ou a Sorte, como preferirem; eu tenho por certo que esta realidade – mais uma vez – não vai olhar.


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Uma por dia tira a azia