Nunca te disse uma só coisa. Magoa,
sim, magoa, acredita. Eram todas
ao mesmo tempo; os meus rios
nunca tiveram margens. Lisboa
sorria-me; tu, parado, só acenavas
e eu corria para ti. Mas os teus lábios
eram margens estreitas de uma lagoa
triste de lágrimas, gotas encurraladas
e agitadas por muitos dedos frios.
E agora, diz-me, quem nos perdoa,
quem nos devolve as mãos penduradas,
casacos velhos em armários?
Nunca te disse uma só que me doa
assim, esta dói mais que todas as outras,
eu vejo-te rir e os teus olhos estão sérios.
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Uma por dia tira a azia