Não precisei de ter um filho; eu fui mãe no recreio da escola, mãe do menino que jogava à bola e caiu, fui beijar onde doeu, embalei quando perdeu; mãe e mulher ainda menina e só o colo me cresceu. Quando parou de doer, o menino continuou a correr, já cansado sentou-se no muro, ao meu lado estava sempre seguro, veio comer o pão com queijo, nada de mais, dividiu como quem dá o beijo, menina e mulher, amante antes do desejo sequer nascer. Fui amiga, fui rapaz e fui rapariga, irmã, fui namorada, fui a filha endiabrada, a cúmplice de mão dada, fui tudo antes de o ser. E agora, que perdi o rapaz do recreio da escola - esse tempo faz o peito crescer - ainda o encontro no peito do menino-homem que me chama para ser mulher.
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Uma por dia tira a azia