A Ana, pelos Atalhos e Atilhos, perturba-se em seu leve vestido branco quando dois garbosos galifões, civis, cívicos e ciosos, trauteiam um para o outro a Garota de Ipanema à passagem da sugestiva visão... Estão a ver: "- Olha que coisa mais linda...", ao que o outro secunda "- ... mais cheia de graça...".
Foi lindo. Imagino a Ana, sorridente e feliz... E apeteceu-me fazer uma ode a essas mulheres que, na rua, tanto nos perturbam.
Pronto, São, não fiques infeliz. Também ta dedico a ti, com uma rosa vermelha, claro...
És a pior das amantes
Minha amada
Aquele que entrega corpo e alma
Sem dar nada
A que se dá
Sem pudor e sem ciúme
Que se abre e se rasga como o lume
Duma estrela em combate de alvoradas
És a pior das amantes
E consomes
Nesse fogo fulgurante que nem sabes
O meu corpo e quantos mais por ti passam
És a mulher inventada
Que no dia
Da cidade se intromete nos meus passos
E como eu te desejo porque és fogo
Neste jogo beijo e beijo
Neste abraço
Neste enleio tão fugaz
Em que me perco
Mal te perdes numa rua
Onde eu passo
És a pior das amantes
E no entanto
Eu não sei viver sem ti
Sem o encanto
De te saber a amante imaginada.
- OrCa
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Uma por dia tira a azia