Oh Manela, era maravilhoso estar com o Frederico. Víamos um filme do Almodovar e comentávamos cada plano, cada cena, cada bocadito do cenário. Líamos um livro do Saramago e analisávamos a importância de cada personagem no desenrolar da narrativa. Ouvíamos um CD do Caetano e falávamos horas a fio sobre os géneros musicais que ele abarcava e integrava no som próprio que produzia.
Em casa, comíamos cachorros quentes entremeados de beijos e pintalgávamos caras, orelhas, pescoços e cabelos de manteiga e mostarda. Como noutras partes do corpo, como calculas, Manela! Nem me ralava nadinha que ele não resistisse a uns glúteos expressivos numas calças justas ou a um par amplo de seios saltitantes num decote-travessa. Eu já sabia, Manela, que nessa altura os miolos lhe desciam ao sexo e o Frederico só recuperava quando eles saíam liquefeitos em leite condensado.
Verdade, verdadinha, Manela, eu até me sentia bem naquela posição de porto de abrigo, de casa da floresta onde podemos sempre voltar para repousar. O balde de água fria na minha paixão foi só quando descobri que uma outra lhe tinha espremido uma borbulha. Oh Manela e tenho a certeza porque a borbulha estava num local das costas onde ele não chegava com as mãos. E isso, Manela, isso sim é intimidade!
Maria Árvore
Por falar em intimidade, o João Mãos de Tesoura (Pobre Pila) pede para vocês (eu não) imaginarem esta cena sempre que tiverem um mau dia:
- és siamês
- o teu irmão é gay
- ele tem hoje um encontro
- vocês só têm um cu!
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Uma por dia tira a azia